Ainda sobre os encantos regionais

A turma de Encantado não está brincando em serviço. Anunciaram a adesão, no Projeto Turístico ROTA DO PÃO E VINHO, da cidade de Guaporé que tem seu autódromo. E de onde parte o passeio de trem, que mereceu elogios na viagem experimental, por pontes elevadas e tuneis. E, de quebra, patrocinaram a ida de um ciclista que partiu do Cristo de Encantado e foi parar no Cristo de Redentor do Rio de Janeiro, merecendo, o feito, repercussão, na mídia nacional e internacional. Tem mais: Encantado quer trazer o Papa para a inauguração do Cristo deles. Se esta presença acontecer os “Caminhos de Santiago de Compostela” vão se transformar nos CAMINHOS DE ENCANTADO. Na beira das estradas, neste dia, milhares de seminaristas, padres, devotos, beatos, de repente até eu. Temo que se Encantado descobrir que meu avô, vez por outra dizia: “CRISTO”!!! Vai querer vir até Barracão City para ver “que Cristo é esse”!

Meu tour por Monte Belo

No sábado que passou sai com a família para almoçar “por aí”. Meu pensamento era ir a CASA DE MADEIRA, no Vale, muito bem avaliada, ou para Monte Belo City, nos restaurantes que tem por lá, também muito bem avaliados. Chegamos na Casa de Madeira havia um cartaz “fechado temporariamente”, nada disso constava na rede social. Rumamos então para Monte Belo. Esperava encontrar uma típica cidade do interior italiano, casas pintadas, floridas, Igreja aberta, sinos tocando, cantoria. Nada disso, mas, meu foco não era fazer uma avaliação das atrações turísticas mas, sim, comer bem. Na base do “urubuservando”, vi umas motos Harley, Kawasaki, essas motonas, e disse: é por aqui. Fomos espiar e, como diria o poeta, ADENTRAMOS! Um ambiente agradável, local minimamente decorado com tema italiano. “Um copo de vinho antes que eu desmaie”, é sempre minha pedida inicial. Almoço colonial em seguida. “Tomaticamente” veio massa com molho, tortéi, galeto, uma saladinha, pien e linguiça. Uma olhada, mais uma olhada e, vamos à luta! Espírito crítico construtivo de quem conhece: o galeto tinha aspecto e consistência de alguém que tinha disputado a São Silvestre, era musculoso, imaginei que tinha sido feito no dia anterior e requentado no sábado. Intocável. A linguiça, a rigor seria preciso uma serra elétrica, coloquei na boca, ela circulou, circulou, recomendei que não a tocassem. Delicadamente, a envolvi num guardanapo. Próximo! Os tortéis vieram, mergulhados em um molho ralo, ninguém tocou! Os radichi eram do terceiro corte, mas gostosos! A fortaia, bem nem te conto! Então me sobrou a polentinha. Raciocinei: um bicherotto de vin Marselan da Battistello (era o que tinha), polentinha na chapa e um formaggio eu estaria no céu. Chamei a garota que servia a mesa e disse “tu me traz por favor um queijo para saborear com a polenta”. A resposta veio rápida: “não costumamos servir queijo”. Raciocinei “será o pé do Beneditto”? Daí a pouco ela veio e disse “já vem o queijo”. E trouxe um nhaco frito, pensem num tablete de manteiga, a cor, a altura, o gosto, bem este não sei, não provei. Enquanto eu “almoçava” observava os motoqueiros, eram oito, dois deles com mais de 75 anos, “papo pra que te quero”. Foram eles, fomos nós. Eu, com meu espírito aberto, sempre olhando as coisas pelo lado bom, depois de anos e anos, eu estava em Monte Belo de gratas recordações. Tomamos o rumo de Bento City. Entrei na Avenida Principal no retorno, era contramão mas fui! Vi o Edifício Salvador, já falecido, era vice prefeito quando eu era Secretário Municipal, único vice Prefeito que tinha rádio na tombeira que utilizava. Na saída de Monte Belo, parei o carro no mesmo local em que, eu e o meu Prefeito Sady Fialho, paramos, a uma hora da manhã vindos da Linha Caravaggio, meu Prefeito dirigindo a tombeira do Salvador emprestada para podermos voltar a Bento. Ouvíamos, no Rádio e observando a lua, a descida do homem pela primeira vez na lua. Um momento indescritível e imorredouro. O pensamento a seguir era parar no Vale reforçar o item “ alimentação”. Em frente ao restaurante escolhido não havia motoqueiros mas sim, Land Rover, BMWs, coisas desse tipo. Lá dentro a qualidade sobressaiu. Voltamos para casa satisfeitos cheios de calorias do Vale, não de Monte Belo onde damos uma de “faquir”. Na segunda-feira me disseram que eu havia errado de restaurante, “maledetas redes sociais”, me iludiram.

O que pode ser feito

Prefeito Dallé deve, em meu entender, raciocinar assim: se 10% da população de Bento vier a Monte Belo por mês serão 4 mil pessoas por semana. Então eu devo aproveitar o corredor Bento-Monte Belo (Vale dos Vinhedos), um shopping a céu aberto que, com os novos investimentos que estão por vir será um “centro comercial” a céu aberto. O turista passa por esse corredor e vai desembocar onde? Em Monte Belo que deve ser um município de características italianas, com suas casas floridas, pintadas, com sua igreja disposta a visitações, com feiras livres e artesanato, com banda de música, com restaurantes sob controle de qualidade, bares com mesas ao ar livre, lancheria. Depois de passar pelo “corredor da gula”e, estacionar em Monte Belo, o turista decide se vai visitar o Cristo em Encantado, mas não vai porque não tem asfalto de Santa Tereza em diante e turista não anda em estrada de terra. Volta então pelo outro lado do Vale, em estrada que está calçada mas em estado precário. Outra coisa Prefeito Dalle: ao chegar em Monte Belo os turistas devem ser recepcionados por meninas num posto de informações vestidas de vindimeiras. E outra coisa, de outra coisa, Prefeito: um pórtico de entrada, tendo ao lado um tachão de ferro, com a inscrição “MONTE BELO, CAPITAL DA POLENTA”. Todo o Brasil falaria que em Bento tem uva e vinho, a Toscana e, fazendo parte da Toscana, Monte Belo, a “Capital da Polenta”. Pegue o Álvaro Manzoni (Ragazzi Dei Monti) e vá para o Espírito Santo, na zona italiana e veja o que eles fazem com o Festival da Polenta deles, faça melhor, porque We Can! Yes, nós podemos! Pronto, falei o que tinha no coração após minha visita a Monte Belo.

O tombo do Esportivo

O Esportivo voltou para a Divisão de Acesso ou, como dizem alguns, para a segunda divisão do futebol gaúcho. Não tenho o que criticar, a diretoria é competente, tem o clube numa invejável posição financeira, tem projetos. Mas tenho muito a lamentar porque, como o nome diz é CLUBE ESPORTIVO Bento Gonçalves, de competições esportivas, e também porque não doeu na maioria da população de Bento que pouco está envolvida emocionalmente com o Clube. Há uma estrada a percorrer neste sentido, a beira da qual vale mais a instituição Clube do que o resultado de onze jogadores dentro de campo. Os erros ou omissões, mais omissões do que erros, serão assimilados e o Clube deverá voltar para a Série A, não sem passar por um caminho extremamente difícil. Onde o Esportivo errou: ao contratar jogadores em sua maioria sem qualidade técnica e sem preparo atlético. Ao contratar o técnico Luis Carlos Vinck, um técnico competente, mas como é sabido, trabalha a médio e longo prazo, numa competição tão curta, não daria certo e, não deu. Depois errou de novo ao contratar Rogério Zimermann de temperamento difícil cuja personalidade não tem nada a ver com os dirigentes do alvi-azul. Dois jogos e lá se foi ele, certamente falando mal da “gringada de Bento”. Aí o PAPA, mas fazer o que? Fez o que pôde, aprimorou um pouco a parte física, harmonizou o vestiário, distribuiu melhor a parte tática e, fazer o que mais? Se viu em campo, um time sem qualidade técnica, – aliás o pior time do campeonato. Como pôde o Esportivo errar tanto na avaliação e na contratação? Nos dois primeiros jogos e transmitidos pela TV fechada, no microfone aberto, piadas, “porquis”, arquibancada do estádio suja, socos de protestos, tudo isso gerou um astral negativo. No jogo contra o Inter, a ausência da poderosa camisa tradicional listrada do Clube, que sempre impôs respeito. Jogou com uma camisa que parece de treino, como que prenunciando a derrocada. E o Conselho? Contemplativo, sem ser alimentado por informações sobre o andamento do futebol, limitando-se, alguns Conselheiros, a elogiar o time nas vitórias, lamentar os empates e, deplorar as derrotas com silêncio.

Ao participar de programa esportivo de grande repercussão estadual, e entrevista retratada na imprensa escrita, o Presidente falou coisas que não deveria ter falado. O Clube já está em clima de sucessão de diretoria. Minha opinião é de que Laudir deve ficar por mais um ano recolocando o Clube na primeira divisão ou, encontrar quem, na presidência e, em nome dos atuais dirigentes, faça isso. Não há, no seio do Conselho, ou fora dele, quem não esteja disposto a ajudar. Se houver, são poucos.