O vírus político?

As eleições vão ser adiadas, ninguém tá nem aí para as eleições, assim como Bolsonaro deixou de ser notícia a partir do momento em que ele aproximou-se e, “ficou de boa”, com o Ministro Presidente do Supremo e com os Presidentes do Senado e Câmara “para o bem do país”, disse o Presidente. Então, o vírus, agora também os gafanhotos, estão polarizando as atenções. Os bichinhos, que são aterrorizantes – vivi essa experiência e a sombra dessas nuvens, ameaçam entrar no Brasil. Se isso acontecer, mais a estiagem, apavorante para os produtores. Os desleixos do passado, a má condução de políticas públicas no setor de saúde, estão fazendo com que nossos problemas sociais se acentuem diante do Corona, que nos impõe também dificuldades na manutenção das empresas, dos empregos e deixa confuso nosso cenário de futuro pelas incertezas. Como Prefeituras e Estados superarão as dificuldades que serão impostas pela brutal redução de arrecadação, como conciliar os interesses de Capital e Trabalho, enfrentar as desigualdades sociais e, principalmente, motivar o povo brasileiro a voltar a acreditar no Brasil? Essa dualidade, essa divisão de atribuições entre Governadores e Prefeitos, na ação do combate ao vírus, está mergulhada em interesses políticos que estão dividindo o povo brasileiro em duas interpretações: tem razão o Governador ou o Prefeito? Acionar plenamente a economia é mais importante do que freá-la em favor do combate ao vírus? Os investidores que geram empregos querem conduzir o processo com segurança, equilíbrio e paz de espírito. Os trabalhadores querem emprego, reconhecimento e remuneração que lhes permita assistir a família, prover a alimentação básica e estudo dos filhos, além de ter o mínimo de lazer e bem-estar.

Antes do vírus

O cenário de 2020 era promissor. Todos faziam planos, “a economia vai crescer, as reformas vão acontecer, a roubalheira acabar, será um novo país, teremos um novo futuro, não mais sombrio”, se dizia. Por aqui o surgimento de três facções e o crescimento da marginalidade, um cadáver jogado ali, outro ali, não representava muito era ação considerada “queima de arquivo”, “estão se matando uns aos outros”, diziam as autoridades policiais. O movimento “te arma Bento” conduzido através do Consepro em auxílio a Brigada e Polícia, quebrava o galho. Um assalto aqui, um roubo ali, um estupro acolá, deixava a população insegura, ouvia-se lamentos em todas as partes, de todas as formas. Na área da saúde, inúmeras ambulâncias de outros municípios aportavam no Tacchini, consultórios médicos lotados, tudo fazia parte de uma rotina existencial, “quem tinha dinheiro para pagar, ou plano de saúde e dinheiro para pagar uma taxa pelos exames”, agilizava mais o tratamento, o restante, fila do SUS, exames agendados para um futuro distante, quem sabe para o além. A Dengue era o foco. No Semanário, a cada 15 dias, no máximo 30, a campainha tocava, era a presença do que eu chamava de “fiscal das bromélias”, gosto das bromélias e orquídeas, mas as bromélias são a casa preferida dos mosquitos da dengue. Na última visita a recepcionista anunciou: “Seu Henrique, está aqui o Fiscal da Dengue”. E eu: “de novo? O que foi agora, caiu um pingo de água na cabeça do mosquito”? Uma reação natural mesmo diante do zelo e mérito da ação fiscalizadora. Mas tudo bem, os mosquitos por aqui estavam todos “vacinados” contra a dengue. O Prefeito “surfava” em torno de seus planos de obras, de seu projeto político, maravilha. Os Vereadores, bem os Vereadores de Bento ganham o que os Vereadores de Caxias ganham e um pouco menos do que os Vereadores de Porto Alegre ganham, o que quer dizer, não ganham mal. Mas, poder-se-ia dizer, estão, como diria Fernandão, “na zona de conforto”. Embora estejam lá para legislar, arriscam solicitar “uma escadaria aqui, um asfalto lá, uma limpeza ambiental ali” postura tolerada pela população.

Depois do vírus

O fiscal da dengue não apareceu mais. Ir até o Tacchini? Nem pensar, “só em estado de necessidade”. O Prefeito? Da-lhe “lives”, comunicados, ponte virtual com o Governador, posse como Secretário da Saúde, diria que o Prefeito só pensa naquilo, “o vírus”. Quando a cor vermelha apareceu por aqui, o Prefeito desceu do pedestal de generalato e bradou o “help-me” às lideranças empresariais. Brotou o planejamento corporativo e voltamos à cor laranja. Agora é preciso que as entidades da indústria cuidem das indústrias, as do comércio cuidem do comércio, e o Prefeito cuide da população que anda “abusadinha” cabendo aí uma ação da Guarda Municipal que deveria se transvestir de “Guarda da Saúde”. E os carros da Brigada, que estão meio que desaparecidos, deveriam voltar com o coldre dos soldados ocupados por álcool gel e não por armas, tô querendo dizer que precisamos de uma ação explicita e radical porque “a coisa aqui tá feia”, éramos campeões de morte por assassinatos, agora somos campeões de mortes pelo vírus. E a cor vermelha pode voltar.

Depois do vírus, o medo de perder o emprego está assolando o trabalhador, muitas pessoas perderam o emprego, outras tantas estão em estado de necessidade recebendo cestas básicas e até gente abastada está na lista de auxílio dos seiscentos reais. Não gosto muito de ver o povo mergulhado nesta precariedade e abatimento. Mas, vamos combinar, é pesaroso também ver que as pessoas não se puxam, não fazem um curso profissionalizante, não tem interesse em trabalhar com afinco na defesa da empresa, a quem consideram apenas organismos geradores de sua sustentabilidade. E se dizem “desmotivados”. Desmotivados não estariam os empresários?

E o futuro?

Pensem “Percivales”, como será o futuro? Como posso falar sobre ele se acabou o espaço?

Os gafanhotos

Uma nuvem de gafanhotos destruiu lavouras na Argentina. Os insetos podem entrar no país, eles comem o equivalente a 350.000 pessoas por dia ou 20.000 vacas. Na Bíblia diz: Quando Eu fechar o céu e não deixar que chova, ou ordenar aos GAFANHOTOS que destruam as colheitas, ou mandar uma PESTE atacar o povo, então, se o meu povo, que pertence somente a mim, se arrepender, abandonar os seus pecados e orar a mim, Eu os OUVIREI do céu, perdoarei os seus pecados e FAREI O PAÍS PROGREDIR DE NOVO. 2 crônicas cap.7 vers.13,14.