A correia desdentada

Há cerca de 30 dias, talvez um pouco mais, o RÉGIS, aqui da casa, estava atrás de uma oficina que consertasse a “correia dentada” do carro dele, que estava “desdentado”. Colheu orçamentos nas oficinas mais confiáveis, que beiraram os R$ 1.600,00. Incrédulo, e afetado psicologicamente, ele chegou a ir a Carlos Barbosa, vibrou com impacto inicial de preço baixo, e lá foi ele. Não era nada daquilo, era mais caro. O meu amigo André Damasceno, o MAGRO DO BONFA, humorista, interpretaria o fato da seguinte forma: “Bah, mano, te flagra! Melhor seria tu ficar com a correia, mesmo desdentada, e entregar o carro pra oficina, custaria mais barato”! Bem, nesta quinta de manhã veio a notícia, trazida pelo Régis: “Encontrei uma oficina que vai consertar a correia DENTADA” que, na verdade, está DESDENTADA. Olhei pra ele e perguntei “é uma oficina odontológica”? Com sorriso angelical ele contou: “encontrei uma oficina aqui no bairro”. A novela estava longa, tipo o DIREITO DE NASCER, que eu ouvia com minha avó, grudado no rádio, que urou dois anos. Nunca esqueci o mocinho, ALBERTINHO (RÉGIS) LIMONTA.

Os carros do meu pai

Como todo guri que se preza meu primeiro carro “foi o CARRO DO MEU PAI”. Uma pick-up Ford, bonita, mas não muito eficiente. Meu prazer era lavá-la, passar pretinho, e, discreta e secretamente, arriscar uma volta na quadra ali no Humaitá, onde morávamos. Dirigir? “APRENDI POR MIM MESMO”, diria o MAGRO DO BONFA. Depois de alimentar meu “ÍNDICE DE SATISFAÇÃO” eu a entregava ao meu pai que a devolvia, no sábado seguinte, “suja e imunda”. Na “distinta”, só cabiam duas pessoas e, na caçamba, nunca se carregava nada. Assim, meu pai, em associação com meu tio, comprou uma Kombi, bonita, cor “doce de leite argentino”, com frisos brancos. Mesmo procedimento aos sábados. Mesmo que houvesse escala, fim de semana com meu pai, fim de semana com meu tio, eu a entregava sempre limpa. Eu gostava daquela Kombi, como gostava! Foi vendida a KOMBI também. De certa forma o pretinho endureceu, e os panos e o balde minha mãe, Dona Zulma, confiscou. Passou a fase e eu tinha me tornado um motorista por conta própria, nunca ninguém me ensinou a dirigir. Mais adiante meu pai comprou um DKW, 2 TEMPOS, um carrinho importado, leve, ágil, movido a gasolina com óleo diesel. Com ele eu fiz duas viagens, com “cara e coragem”: uma a Punta del Este. A mala era uma “frasqueira” porque o porta-malas foi cheio de litros de óleo. A outra viagem foi a Porto Alegre, rumo a avenida Beira Rio. No porta malas, dois sacos de cimento e, no bolso, um cheque para a compra de 100 tijolos, contribuição do meu pai para o INTER fazer seu estádio. O guarda saiu de dentro de sua casinha e veio me ajudar a descarregar o cimento. Aí perguntei: “onde vai ser construído o novo estádio”? Ele apontou para uma boia vermelha que ficava mais de 500 metros dentro do rio, e disse: “lá”! Voltei e disse para o Seu Almir: “pai, nunca vamos construir o estádio novo”. Expliquei o porquê: como construir em estádio dentro do rio”? Ele chorou três dias seguidos, me arrependi de ter contado. Eu não descia daquele DKW. Com ele disputei uma prova, na avenida Osvaldo Aranha, KM de ARRANCADA, organizada pelo VALDIR MELATTI. Saiam de dois em dois carros, e quando engatei a primeira no DKW, meu adversário já tinha chegado. Aí eu “fiz do limão uma limonada”, desfilei pela avenida que comportava uma multidão, abanava e ela gritava “CAPRARA, CAPRARA, CAPRARA”. Pô eu era popular e não sabia. Cheguei desclassificado (fiz um quilômetro em 10 minutos, recorde negativo!) mas com ares de campeão e com o amado DKW intacto. Nem o pretinho saiu dos pneus. Mais adiante, ao visitar uma feira em BRUXELAS, na BÉLGICA, no estande não lembro de quem, encontrei o EMERSON FITTIPALDI e a MARIA HELENA, cumprimentei o casal e, abraçado ao Emerson, disse com a maior cara de pau: “também já fui piloto de provas”. Quando ele foi abrir a boca para perguntar alguma coisa, vazei. “Até hoje ele pensa que fui”. Tenho foto desse encontro, não consigo encontrar, eu guardo minhas coisas com a organização de um sagitariano. Quando preciso delas não sei onde guardei, quer dizer, onde escondi.

Meus carros

Como cantaria Martinho da Vila “JÁ TIVE CARROS, DE TODOS OS MODELOS, DE TODAS AS MARCAS, DE TODOS OS ANOS”. Aqui vai a lista: DAUPHINE, KARMAN GHIA, SIMCA CHAMBORD, FUSCA USADO COR VERDE, FUSCSA NOVO COR AMARELA (FUSCÃO), MONZA, OPALA, OMEGA, AZERA e, AGORA, UMA SUV TUCSON. Muitos dos carros que tive poderiam estar figurando hoje como preciosidade na GALERIA DOS CARROS ANTIGOS e participando do ENCONTRO SUL BRASILEIRO DE VEÍCULOS ANTIGOS, que está ocorrendo até amanhã na FUNDAPARQUE, tendo como destaque máximo um FORD MODELO 18 GABRIOLET ANO 1936. Meu avô tinha um carro parecido que chamava de “MINHA BARATA”. O meu DAUPHINE tinha uma relação peso-potência desastrosa. Era pesado, tinha pneu de bicicleta e rodava mais devagar que bicicleta. Para andar na cidade até dava, desde que não tivesse subida. Não durou muito, até durou, porque como eu trabalhava numa oficina autorizada, o estacionamento dele era sempre dentro da oficina, entenderam? Depois dele veio um fusca usado, de cor verde, com o o qual fui até o Rio. Ida e volta fiz cerca de 4 mil quilômetros. Andei por todo Rio de Janeiro, feliz da vida. Na viagem, não sei se era porque o carro era verde, cor da natureza, os caminhoneiros vinham pra cima de mim e eu fazia “parada técnica” nas valetas. Foi uma viagem com emoção, não me consta que eu tenha feito barbeiragem. Com o Karman Ghia, equivalente a uma “FERRARI” de hoje, fiz uma viagem a Porto Alegre para sentir as emoções. Na volta, vim por NOVA MILANO, Farroupilha… Tinha asfalto, era madrugada, duas horas, o carro pifou, desci, empurrei para o acostamento, e fiquei recolhido dentro, congelando, porque era muito frio e ninguém parava. Amanheceu, era umas 6h, um caminhoneiro parou, olhou o motor e disse: “É a correia, tu não tem uma reserva”? Tinha nada, nem macaco, o carro era tão velho que devia ter sido usado até por LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO. O carro ficou, ele me deu uma carona, partimos de NOVA MILANO às 6h e chegamos em BENTO às 8h. Não era só o meu carro que era velho. Lá pelas 10h lá estava eu, de volta, com um mecânico tendo em mãos uma correia que NÃO ERA DENTADA. E o “coitado” do carro ainda estava lá, tinha que estar, não funcionava! Passei adiante. Daquele minúsculo carro passei a ter um SIMCA CHAMBORD, luxuoso, espaçoso, bonito, impactante, mas UMA PORCARIA! Fiz com ele algumas viagens a Porto Alegre,. O dono da mecânica ao lado do pedágio em Portão, ficava sempre me esperando para trocar “as juntas do motor”. Entreguei o SIMCA em permuta e mandei rezar “uma missa de ação de graças”. Foi aí que eu comprei o fusca, usado, mas que nunca me deu problema. Fusca era fusca, Volkswagen era Volkswagen. Com ele eu fazia “militância simbólica” na oficina em razão de meu relacionamento cordial e profícuo com Armindo Pozza, o dono do pedaço. Foi desse relacionamento que realizei meu sonho, ter um carro zero quilômetro, mas errei na escolha. Comprei um poderoso FUSCÃO 1.8, cor laranja, e com ele tive dois desencantos, na verdade três. O primeiro, o carro era gastão. Segundo, 30 dias depois que eu comprei, o prefeito de Porto Alegre determinou que todos os táxis tivessem aquela cor. Como eu ia seguido à capital, as senhoras me atacavam e eu não parava. “Não é a mamãe”, eu dizia, e olhando pelo retrovisor eu via elas me xingando porque “o carro estava vazio e não parava”. Deixa relatar que, um dia, fui a São Gabriel visitar o meu amigo Edgar Lisboa, jornalista que trabalhava no jornal local. Ao chegar, parei na sinaleira, sinal vermelho. Na minha frente, um carro parado. De repente, um impacto brutal, filho de fazendeiro com uma pick-up poderosa me abalroou, a parte da frente e a parte de trás, com minhas duas filhas lá. Ficaram no chão, e a parte do meio do fusca foi lá no terceiro andar. Susto indescritível, era num sábado, meio dia. Perda total. Me livrei do “FUSCÃO QUE NÃO ERA PRETO, ERA LARANJA”. Com o dinheiro do seguro comprei, lá em Canoas, um MONZA ZERO. Caro fantástico da GM, vão voltar com ele ao mercado brevemente. A partir do Monza meu índice de satisfação com carros que tive sempre foi elevado.

Visita sabor cultura

Quem esteve visitando a casa, acompanhada do jornalista e colunista Itacyr Giacomello, foi a poetisa e escritora Eliana Sebben, anunciando que, em parceria com Itacyr, está surgindo livro sobre a imigração italiana. Ganhei mimos, uma linda estátua de Nossa Senhora da Salete e potes de pêssego em calda de produção própria, gesto encantador. Eliana é agraciada e carrega, com muito orgulho, várias medalhas de reconhecimento e homenagens recebidas, se inclui aí, também, a de Membro da Academia Riograndense de Letras. Em nosso papo enfocamos a arte, a cultura, a poesia. Vou ter o prazer de receber os dois livros editados por ela. NOSSA SENHORA DA SALETE é a padroeira do BARRACÃOCITY. Nas festas em sua homenagem eu era um dos encarregados da venda de rifa cujo prêmio era uma estátua da santa. Com as moedinhas que tinha no bolso, derivadas do FELIZ NATAL, eu comprava números de rifa e também apostava nos cavalinhos, com o número 22. Nunca ganhei uma estátua da santa. Agora ganhei uma, linda! Gratidão.

Curtas e poderosas

  • Você vai, neste final de semana, “VIVERE LA VITA”, em Monte Belo, e ver a exposição de carros antigos na FUNDAPARQUE? Deve ir, vai gostar.
  • Dia 20, segunda, às 13h30min, no Dall’Onder, o lançamento oficial do Comitê de Mulheres: COOPERATIVA AURORA, com apoio do SICREDI.
    Também nesta segunda, 19h30min, inauguração da PISADA CERTA PALMILHAS, Unidade 2, sob liderança, inclusive, do fisioterapeuta Fabiano Francio.
  • Curitiba foi eleita a cidade mais INTELIGENTE do Brasil. Era FLORIANÓPOLIS.
  • Assinante Maria Salete Dambros, chorando, disse que “não saberia viver sem o SEMANÁRIO”. “Amor com amor se paga”. Beijo, MARIA SALETE.
  • Na FENAMASSA, de Antônio Prado, Diogo Baldin ganhou o concurso de “maior comedor de tortéi”. Comeu 158 unidades. Quando começou a sair tortéi pelos orifícios, a contagem parou. A observação é minha.