Atualmente, segundo a pesquisa divulgada no último dia 27, uma cesta básica para quatro pessoas custa, em média, R$ 930,04

Os bento-gonçalvenses estão sentindo, em seu orçamento, o impacto da alta no preço dos alimentos básicos. De acordo com dados fornecidos pelo Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor de Bento Gonçalves (Procon-BG), em 2019 a cesta básica com quantidade de alimento suficiente para uma família com quatro pessoas custava R$668,72.

Há um ano, em maio de 2020, a média de preços dos mesmos produtos estava em R$728,05, uma alta de 8,8% em relação ao período anterior. Atualmente, segundo a pesquisa divulgada no última quinta-feira, 27 de maio, uma cesta básica para quatro pessoas custa, em média, R$ 930,04, o que corresponde a um aumento de 27,7%.

Segundo a pesquisa realizada pela redação do Semanário, o item essencial com maior alta foi o óleo de soja de 900ml, que ano passado custava R$4,08 e atualmente, custa 95,5% a mais do que anteriormente, com o valor de R$7,98.
O arroz tipo 1 de 5kg é um alimento cujo preço também aumentou significativamente, custando R$7,35 a mais, equivalente a 56%. Além disso, o feijão preto tipo 1 de 1kg passou de R$5,35 para R$7,84.

Para o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo, há uma justificativa para tais aumentos. “O Brasil é o maior celeiro de alimentos do mundo e os altos índices de exportações, somados a um cenário cambial desfavorável, acabam mantendo em alta alguns preços de produtos da cesta básica”, explica.
Apesar disso, ele afirma que o cenário no momento é de estabilidade. “O consumidor precisa estar atento às oportunidades e promoções, sempre reduzindo, por meio de substituições de itens similares e de marcas, parte da inflação nas suas compras”, aconselha.

Economia x saúde: o que fazer?

A nutricionista Franciele Valduga afirma que é importante garantir a alimentação saudável para toda a família, mesmo com altos custos no mercado. “Manter o consumo de frutas, verduras e hortaliças diariamente é essencial para o aporte de vitaminas e minerais em qualquer fase da vida. Por isso, opte sempre pelas que estão na época conforme o mês ou estação, pois possuem melhor valor quando comparadas as que estão fora de safra”, salienta. As frutas da época são laranja, bergamota, kiwi, abacate, batata doce, mandioca, beterraba, cenoura, alface, agrião, moranga, brócolis, berinjela, chuchu e outros.

O aproveitamento integral do alimento também é importante, tanto para a saúde, quanto para a sustentabilidade e menor produção de lixo. “É possível usar cascas de frutas em bolos, refogar talos para dar maior sabor ou para fazer o caldo para uma deliciosa sopa para dias frios. Folhas de beterraba e folhas de cenoura são ricas em ferro, e ficam uma delícia quando refogadas ou usadas por exemplo, em uma omelete ou torta salgada”, observa.

A carne é um dos alimentos mais caros na hora de concluir as compras. Franciele, entretanto, lembra que as leguminosas (feijão, lentilha, soja, ervilha, grão de bico) também são ótimas fontes de proteínas, “além de ferro, fibras e carboidratos, sendo uma ótima opção para agregar o prato”, sublinha.

O arroz é uma das maiores fontes de carboidrato consumidas no país, segundo a nutricionista. Mas pode-se variar com o consumo de batata doce e mandioca, que são saudáveis e estão na safra. “A dica principal para manter uma alimentação equilibrada e que contemplem todos os nutrientes essenciais, sem dúvidas, é optar por comida de verdade, ou seja, diminuir ao máximo alimentos industrializados, ter o hábito de cozinhar, usar temperos naturais e alimentos em sua integralidade”, conclui.

O que dizem os consumidores

Com a alta do preço dos alimentos e itens de higiene, alguns dos munícipes de Bento Gonçalves estão optando por opções mais baratas na hora de ir ao mercado. A trabalhadora autônoma, Cleonilde Menezes, precisou fazer mudanças. “A carne eu substituí pelo frango, e agora estou substituindo outras coisas também”, conta.

A aposentada Lidia da Silva acredita que com o valor do salário mínimo, cotado em R$ 1.100, não se faz mais nada. “Estamos comendo a massa no lugar do arroz e o frango no lugar da carne. Quase dobrou o tanto que eu gasto no mercado, antes era R$400 e hoje gasto R$700, mesmo economizando”, explica.

Para a funcionária do departamento pessoal de uma empresa local, Ketlin de Oliveira, não houve muitas mudanças em sua cesta básica. Isto porque ganha os itens essenciais da empresa onde trabalha. Essa, porém, sofreu alteração. “Para manter o orçamento eles precisaram tirar alguns itens. Antes custava cerca de R$40 e hoje custa R$80″ finaliza.

Foto: Thamires Bispo