Com uma população estimada em 120.454 pessoas, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, Bento Gonçalves é um município composto por 46 bairros. Alguns, mais desassistidos, mais precários e com maiores dificuldades. Outros, em melhores condições de moradia.

Pelos registros do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB), o bairro Barracão foi um dos primeiros lugares pelos quais os imigrantes italianos passaram durante a colonização do município. Com ares e características de interior pela calma e tranquilidade do local, os moradores afirmam que é disso que mais gostam.

Moradores são bem assistidos pela ESF

Para que os moradores não precisem se deslocar até o centro ou até outros bairros para receber atendimento médico, o Barracão conta com uma Estratégia Saúde da Família (ESF) específica para atender as demandas da comunidade. Lá, uma equipe de multiprofissionais atendem a população diariamente.

Moradores tem uma ESF no bairro para atender demanda de saúde da comunidade local

Residente no Barracão desde que nasceu, há 36 anos, Giovani Romildo Luchese afirma que o atendimento do posto é bom e que sempre foi bem atendido. Entretanto, relata que às vezes falta médico. “De vez em quando falta, mas as enfermeiras atendem ou encaminham a gente para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou para o Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro São Roque, então não podemos reclamar”, conta.

Transporte e estrutura dos pontos de ônibus geram queixas

Quando o assunto é o transporte público, as reclamações são inúmeras. Vão desde a falta de estrutura das paradas de ônibus, que não tem bancos para sentar, até a falta de uma estrutura coberta para que os moradores se abriguem nos dias de chuva. Além disso, a ausência de mais horários de transporte para o centro da cidade também deixa os moradores insatisfeitos com o serviço.

No Barracão, maioria das paradas de ônibus não tem abrigo para proteção nos dias de chuva

O morador Luchese conta que o ônibus passa no bairro há cada duas horas e reafirma as dificuldades que envolvem o serviço de transporte coletivo. “Tudo isso é complicado. Parada coberta na minha rua (Angelo Luchese), não tem nenhuma. Em dias de chuva me escondo embaixo do telhado da minha casa, as outras pessoas também fazem isso”, relata.

Giovani Romildo Luchese afirma que em dias de chuva se abriga embaixo do telhado de casa

A diretora da Escola General Rondon, Graciele Frose Moroni, mora no bairro há 12 anos. Ela conta que, embora não use mais o transporte público, já dependeu dele para se locomover pela cidade, por isso, sabe das dificuldades. “Como não tem muita gente circulando, eles reduzem os horários e as pessoas ficam dependentes dos que tem para ir ao centro e retornar. Mas também não dá para ter ônibus de hora em hora porque não vai ter ninguém circulando, as pessoas também têm que ser compreensivas”, analisa.

O secretário de Mobilidade Urbana, Vanderlei Mesquita, afirma que a pasta está fazendo um levantamento e reformando abrigos de ônibus da cidade. Entretanto, não existe um cronograma pré-estabelecido. “O trabalho vai sendo realizado conforme a necessidade das comunidades. A equipe vai fazer o levantamento dos pontos que tem necessidade de manutenção no bairro para que seja realizada a troca e atendida a demanda dos moradores”, conclui.

Ponto de ônibus da RS 444 é o único do bairro com cobertura, porém, não tem banco para que os usuários esperem sentados

Iluminação

A iluminação de ruas, vias e demais espaços públicos é essencial para assegurar a segurança dos moradores e demais pedestres. Entretanto, esse é outro motivo de constantes reclamações de quem mora no Barracão. “Tem quatro ou cinco lâmpadas que funcionam quando querem. O serviço não é 100%”, assegura o morador Luchese.

A atendente de padaria no mercado Luchese, Sônia Mara Pretto,também não está satisfeita com o serviço de iluminação. Ela decidiu morar no Barracão porque já trabalha no bairro. “Precisamos de mais iluminação. Seguido tem luzes queimadas e demoram muito para trocar”, queixa-se.

Outras reclamações

Embora de maneira geral os moradores sentam-se satisfeitos com o bairro, embora sintam falta de algumas melhorias. A aposentada Rejane Salton Bianchi, afirma que uma creche faz falta no Barracão. “Não tem aqui. Quando minha filha era pequena era um transtorno. Foi bem complicado. Vejo que as mães que trabalham e não tem onde deixar passam pela mesma dificuldade”, relata.

Rejane Salton Bianchi afirma que o bairro necessita de uma creche para atender demanda de quem tem filhos pequenos