Coleta é realizada semanalmente com objetivo de alimentar bebês internados e de mães que têm dificuldade para amamentar os filhos

O Hospital Tacchini atingiu o que classificou como “marca histórica”, nos 12 meses do ano passado: o atendimento de 500 bebês, todos recém-nascidos, pelo Banco de Leite Humano Ama Tacchini. O número de atendimentos é pouco maior que o ano anterior. Em 2022, segundo a assessoria de comunicação da instituição, foram alimentadas 493 crianças que estavam internadas na UTI Neonatal. No período, conforme os registros divulgados, foram 944 mães que realizaram doações. Juntas, somaram 9.646 contribuições durante o ano, que geraram 491 litros de leite pasteurizado.

A responsável técnica do Ama Tacchini, Fernanda Dalle Laste, explica que o aleitamento materno é importante na fase inicial da vida dos bebês, e comemorou a marca alcançada. “Estamos muito felizes com os impactos positivos que o banco de leite tem gerado para os bebês das UTIs Neonatal e Pediátrica. O leite materno é o melhor alimento para os recém-nascidos e poder proporcionar isso a quem mais precisa é um motivo de muito orgulho para todos. Nós, os bebês e suas famílias somos muito gratos às doadoras”, disse ela.

No Corpo de Bombeiros Militar (CBM) de Bento Gonçalves, quem realiza a coleta do leite materno é o primeiro-tenente Ozeas Cardoso de Aguiar, coordenador da comunicação social da corporação. Ele conta que, pelo menos uma vez por semana, vai ao endereço das doadoras para buscar as doações, e confirma que a atividade é uma parceria com o Banco de Leite Humano Ama, do Tacchini.

Ele comenta que as doações são importantes para os primeiros dias de vida das crianças nascidas de forma prematura, internadas ou não na UTI Neonatal ou UTI Pediátrica. “Não é somente buscar e entregar. As doações que entrego para o banco leite são fonte de vida, alimentos, pois o leite materno possui anticorpos que protegem a saúde dos bebês. É também uma fonte de nutrientes para que os bebês cresçam saudáveis”, afirma o oficial.

O tenente Ozeas dedica, com autorização do comando do CBM, um dia da semana para ir à casa das doadoras. A coleta domiciliar de leite materno é realizada desde julho de 2021, mas o oficial-bombeiro é o responsável pela atividade desde o ano passado. “Realizo essa atividade com muita alegria pois essa é a contribuição do Corpo de Bombeiros Militar para a sociedade de Bento Gonçalves”, afirma o oficial.

Privacidade da família


A doadora Rosa Maria Eckerleben, de 39 anos, moradora do bairro São Roque, é mãe “de primeira viagem” há menos de dois meses. Ela conta que é doadora desde 5 de dezembro passado, quando nasceu seu bebê. A auxiliar de produção, que mudou para Bento Gonçalves em 2011, incentiva que outras mães também sejam doadoras de leite materno. “É uma forma de demonstrar amor aos nossos filhos e para os bebês que estão no hospital e precisam deste alimento”, diz ela.

Rosa, que optou por não ser fotografada e nem divulgar o nome do seu bebê, mantendo a privacidade da família, conta que decidiu ser doadora por saber da necessidade que certas crianças têm e pelo fato de produzir leite suficiente para alimentar seu filho e, ainda, uma vez por semana, doar uma quantia para o Banco de Leite Ama. “É uma forma de ajudar os bebês que precisam de leite materno e estão internados. Nada melhor que o leite materno para alimentá-los”, reforça.

Quem pode doar

Toda mulher em período de amamentação é potencial doadora de leite. As mamães podem fazer sua doação comparecendo ao Banco de Leite, que funciona todos os dias, das 8h às 18h, ou viabilizando a coleta à domicílio.

A coleta domiciliar é realizada a partir da parceria com o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) de Bento Gonçalves, que se responsabiliza pelo recolhimento e transporte do leite até o hospital.

O Ama Tacchini é o único banco de leite de toda Serra Gaúcha. O Hospital Tacchini viabiliza, por conta própria, a coleta de leite materno à domicílio em cinco outros municípios da região: Flores da Cunha, Caxias do Sul, Garibaldi, Carlos Barbosa e Farroupilha.

Para contribuir – ou obter mais informações a respeito do Banco de Leite Humano Ama Tacchini, basta entrar em contato pelos seguintes canais:
(54) 3055 0303 – [email protected] – whatsapp (54) 9.9237.1842

Importante

Nos primeiros seis meses de vida o bebê deve ser alimentado exclusivamente com leite materno. Água, chás e outros leites são desnecessários, mesmo em locais secos e quentes.

O colostro, nos primeiros dois a três dias de vida, é suficiente para nutrir e hidratar recém-nascidos saudáveis e eles não necessitam de qualquer outro líquido além do leite materno, pois nascem com níveis de hidratação tecidual relativamente altos.

A mãe do Vicente

Sílvia Vaes Colombo, 32 anos, é esteticista e mora na cidade de Farroupilha. Casada desde 2022, é mãe do Vicente Colombo, de apenas três meses.

  • “Faz um mês que comecei a doar. Tomei essa decisão porque pensei no bem que poderia fazer para muitas crianças que nascem e as mãe não conseguem ter leite suficiente para alimentar seus filhos”.
  • “Acho muito importante ser uma doadora, me sinto super bem porque sei da importância e os benefícios que o leite materno tem. E saber que estou ajudando, de alguma maneira, outras crianças, é muito bom”.
  • “Claro que aconselho outras mães, as que puderem a serem doadoras, porque é maravilhoso ajudar o próximo. É uma atitude que faz a diferença na vida de outras pessoas e que não nos custa nada”.

Um sonho realizado

A empresária Vanessa Herpich Radin, 31 anos, de Carlos Barbosa, é casada há 10 anos e tem dois filhos, um com sete anos e outro de 14 meses. Ela é doadora desde maio de 2023 e conta que este era um sonho que acalentava.

“Na primeira gestação não consegui porque tive que destinar meu leite exclusivamente para o meu filho. Agora, na segunda gestação, busquei conhecimento sobre amamentação e consegui alimentar o meu bebê. Com ajuda e incentivo de profissionais da saúde, também pude ser doadora, já faz quase um ano”, comemora.

Sobre o que representa ser uma doadora, Vanessa não pensa duas vezes: “É poder oferecer o alimento que um ser indefeso busca e precisa, doar o alimento que o corpo gera, sem custo algum”. Ainda, segundo ela, o leite materno é de extrema importância, enquanto alimento, para os recém-nascidos e as crianças que estão internadas. “Se nós, mães, temos de sobra, porque não doar?”, raciocina ela.

A frase:

Fazer essa coleta é importante pois, além de alimentar os bebês que estão na UTI Neonatal, o leite materno possui anticorpos que os protegem contra diversas doenças

Ozeas Cardoso de Aguiar
Primeiro-tenente do Corpo de Bombeiros Militar de Bento Gonçalves

Benefícios da amamentação

Para a sociedade – O leite materno é fonte sustentável de alimento, pois não gera poluição e não demanda energia, água ou combustível para sua produção, armazenamento e transporte, diferentemente dos substitutos do leite materno. Ele também ajuda a reduzir os custos do sistema de saúde, minimizando o tratamento de doenças na infância e em outras fases da vida. Adicionalmente, contribui para a melhoria da nutrição, educação e saúde da sociedade.


Para os bebês – O leite materno protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias. Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes, além de reduzir a chance de desenvolver obesidade. Crianças amamentadas no peito são mais inteligentes, há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo.

Para as mamães – A amamentação oferece diversos benefícios à mulher. Amamentar reduz os riscos de hemorragia no pós-parto e diminui as chances de desenvolver câncer de mama, ovários e colo do útero. Além disso, fortalece o vínculo entre mãe e filho.

Imagens:
Tiago Flaiban – Banco de imagens Hospital Tacchini
Divulgação – Corpo de Bombeiros Militar – Bento Gonçalves
Arquivo pessoal