De acordo com alguns moradores, o bairro segue muito calmo e ótimo para viver. Ele é muito importante para Bento Gonçalves, pois, além de ser uma passagem obrigatória para os milhares de visitantes que se deslocam até os Caminhos de Pedra, é uma das portas de entrada e saída para cidades como Farroupilha e Pinto Bandeira

Um serviço a favor da comunidade

A moradora da Comunidade São Miguel, Liete Durli Zatt, trabalha há quase 15 anos em uma empresa terceirizada dos Correios, localizada no bairro Barracão. Sua pequena sala, quase em frente à Capela de Nossa Senhora Imaculada Conceição, serve como uma alternativa para as pessoas que não têm como retirar cartas e mercadorias no centro da cidade, caso não estejam em casa. “Sou aposentada e trabalho para a prefeitura, recebo malotes do centro, carimbo e organizo. Isso facilita muito para os moradores, pois vários têm idade avançada, assim eles retiram diretamente suas encomendas comigo”, reconhece.

Estando todos os dias no bairro, Liete observa que o local está crescendo e evoluindo. “Gosto muito daqui, estão colocando calçamento e investindo em melhorias, além de ser calmo e com moradores tranquilos”, comenta.

A educação e a música como incentivo

A diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora Da Salette, Flávia Cavalet Caldato, mora no bairro desde que casou, há 17 anos. Antes disso, morava no interior de São Pedro e observa como o Barracão lembra um pouco de onde viveu desde a infância. “Aqui ainda é um lugar calmo e com bastante natureza”, considera.

Além disso, é relativamente próximo ao centro e tem uma condução fácil até outros locais da cidade. “Para mim, estar aqui se tornou algo muito melhor por conta da mobilidade. E também não perco toda aquela beleza, pois mesmo sendo um bairro, ainda tem a calmaria e os costumes do interior”, valoriza.

Segundo Flávia, a construção de uma creche é algo que há muito tempo se discute entre os moradores. Apesar da falta deste espaço para os pequenos, ela destaca algumas ótimas atividades para crianças e adolescentes. “Todas as terças e sextas tem Bento Vôlei no ginásio de esportes. Além de termos o coro da nossa escola, que inaugurou recentemente”, conta.

A diretora frisa a importância dos Canarinhos da Escola Nossa Senhora da Salette, regido pelo maestro Celso Fortes, desde março deste ano. “Em 2021 ele esteve aqui algumas vezes com a proposta de fundarmos um coro na escola e resolvi aceitar, após uma reunião de pais, conseguimos formar um grupo de alunos. Atualmente são 19 crianças, que, com essa atividade, desenvolvem mais concentração, disciplina, memorização, amizade e responsabilidade”, sustenta.

No último fim de semana, tiveram sua primeira apresentação no Festival de Coros de Pinto Bandeira e hoje, dia 27 de agosto, se apresentarão no primeiro encontro realizado na escola. “Estou muito feliz e orgulhosa das crianças que fazem parte, elas se preparam muito e estão bem empolgadas para essa apresentação”, conclui.

Uma vida voltada à destilaria

O aposentado, Lídeo Oltramari, 90 anos, mora no Barracão desde que nasceu. Há aproximadamente 60, é casado com Anelide Bau Oltramari, com quem divide amor, união e ainda, trabalho com a casa, horta e o pequeno parreiral que possuem no local.

Desde muito jovem, Oltramari trabalhou na Destilaria Busnello e orgulha-se dos tempos vividos lá. “Fui funcionário por 52 anos, comecei como pedreiro e fiz um pouco de tudo. Nos últimos 30 anos , destilei. Eram 18 alambiques todos os dias, cuidando as bombas e medindo a temperatura. Não bebia, mas era obrigado a cheirar de vez em quando para ver como estava a bebida”, recorda.

Há apenas três anos, o aposentado se desligou da empresa e decidiu ter uma vida mais tranquila ao lado da esposa. “Trabalhei por 29 anos após estar aposentado, como é perto, se tornava fácil para mim. Fazem poucos anos que parei de ir mesmo, cansei”, revela.

Oltramari ressalta o bom atendimento no ESF Barracão, onde sempre é bem recebido. “Às vezes, eu e minha esposa fazemos bolo e levamos para os funcionários do posto quando vamos consultar. Sempre nos atendem rápido, receitam os medicamentos e alguns deles tem no próprio posto”, considera.

Apesar da idade, o aposentado não precisa de medicação intensa e apresenta muita jovialidade. “Tomo só um comprimido por dia, à noite, pois dói meus tornozelos e pés”, encerra.