Às vezes me pego fantasiando sobre o nosso mundo, este bolinha de pingue-pongue solta no espaço sideral, que pode despencar num abismo sem fim ou ser sugada por um buraco negro a qualquer momento. Me dá até uma tonteira. Mas em seguida lembro que a gravidade que está colada na bolinha não a deixa cair. Além disso, tem a Lua, que é uma espécie de sentinela, sempre presente para estabilizar o eixo de rotação da Terra. Deus nos livre que a Lua nos falte! Nosso mundo rodaria feito um pião. E tem também o Sol, que é um sujeito tórrido que fritaria eventual invasor querendo nos dar uma raquetada e nos jogar para escanteio. E nossos conterrâneos, os Planetas, também compõem o equilíbrio, inclusive contribuem na composição do mapa astral de cada signo. Enfim, é mais provável que oscilações possam ser provocados pelo bicho-homem do que pela conspiração do Universo.

Mas, voltemos à minha fantasia… Eu imagino o Planeta Terra sustentado por fios. Na base, uma urdidura, de onde saem os cordões que são manipulados por cima. Cada um de nós está amarrado e nossos movimentos são meio que operados pelas mãos “dos agentes do destino”. Mas, em função do livre arbítrio, há sempre uma pequena folga para nos movermos através de nossa força de vontade. Ou seja: podemos dançar conforme a música ou apelarmos ao Tik Tok, por exemplo.

De onde me veio essa ideia? Das muitas histórias que ouvi. A mais recente, me foi contada por uma senhora que limpava as pegadas dos fregueses no chão de um mercado. Ela veio de longe e longe ficou de sua família. Dava para se notar um cansaço existencial no rosto, o que motivou nossa conversa inspiradora… Então:

Quando ela ainda morava pelas bandas da fronteira, houve um episódio em que seu filho ligou porque precisava de um táxi e havia esquecido o número de um conhecido da família. A mãe então lhe passou, mas com alguns dígitos trocados.

A memória de ambos havia falhado miseravelmente ou algum sopro do Universo fizera um “strike”, derrubando todos os pinos?  O certo é que a ligação foi dar na casa de uma moça (o celular ainda não era tão popular na época), onde se estabeleceu uma conexão imediata que resultou num encontro e mais outro e outros mais… Depois, um bebê a bordo e uma vida em comum. 

Claro! São as coincidências da vida… Talvez puxadas por um fio invisível lá de cima… Ou não. Vai saber! Ai, que puxão foi esse?