Já devo ter abordado esse assunto em dezenas de colunas e artigos. Mas, pelo jeito, ele é recorrente. Será que todos estão surdos? Mudos? Não sabem ler? Acho que é por aí, já que nada, absolutamente nada é feito para resolver (?) o problema. Não, não dá para pensar em resolver. Talvez amenizar, quem sabe. Neste final de semana aconteceu novamente. Um cidadão tentou, de todas as formas que conhecia, denunciar uma mortandade de peixes (foi fotografado isso) no Rio Buratti, próximo da Barragem de São Miguel. Como ainda há quem não saiba disso, grande parte – a maior parte – da água que abastece o nosso diminuto (em área territorial) município de Bento Gonçalves vem da Barragem de São Miguel. Há muito tempo – acho que por volta de 1996 – foi criado o Conselho de Consumidores da CORSAN. Esse Conselho se reunia frequentemente para falar e discutir a água de Bento Gonçalves. Eu participei dele e já na primeira reunião chamei a atenção de todos os conselheiros para um sério problema: boa parte da água que abastecia Bento Gonçalves vinha dos municípios de Garibaldi e Farroupilha e que, por isso, havia a necessidade de se criar uma legislação conjunta visando preservar os mananciais. Foi uma luta em vão. Depois, num evento sobre ecologia realizado em Garibaldi, participei juntamente com o então vereador Mário Gabardo. Do Seminário realizado lá, foi escrita a “Carta de Garibaldi”. Participaram da confecção da carta os vereadores Mário Gabardo, de Bento, e o vereador Trois, de Farroupilha. A “Carta de Garibaldi” – da qual fui relator – dizia da necessidade dos poderes Executivo e Legislativo de Garibaldi, Bento e Farroupilha criarem uma legislação conjunta de proteção aos mananciais. Como? Ah, sim, já leram isso muito antes e agora logo acima, neste mesmo artigo. O que foi feito? Como sempre, nada, absolutamente nada. E não estamos falando de gastos astronômicos com estádios e centros esportivos para Copa 2014. Falamos de LEGISLAÇÃO de proteção aos mananciais tão somente. Muito caro elaborá-la? É difícil reunir poderes políticos de Bento, Garibaldi e Farroupilha? Talvez sim, se for para fazer coligações políticas. Mas, para legislar sobre proteção da ÁGUA, da vida? Ora, ora, é ridículo isso. Pois bem, a mortandade de peixes foi denunciada para a ABEPAN, para a PATRAM e para a CORSAN. O que foi feito? O denunciante ligou para a CORSAN e, segundo ele, ouviu que “não era responsabilidade da CORSAN”; a ABEPAN oficiou a PATRAM sobre a denúncia; a PATRAM disse que “a água não apresentava coloração”. E a população desconhece tudo. Afinal, prezadas e estimadíssimas autoridades competentes: vamos esperar para que um desastre aconteça para tomar providências? É preciso morrer gente além de peixes? Meu Deus! A que ponto de alienação chegamos! Sequer à VIDA damos importância! A Coluna, como sempre, está aberta, livre, para quem quiser responder e/ou contestar isso.