AAECO afirma que para a realização da obra, área verde do bairro Universitário está sendo destruída. Prefeitura, responsável pelo serviço, garante que projeto viário já estava previsto no Plano Diretor, sendo um pedido antigo dos moradores da região

Em janeiro, a prefeitura de Bento Gonçalves iniciou uma obra que deve ligar a rua Amâncio Dalcin com a Paulo Pasquetti, no bairro Universitário. Entretanto, na última semana, a Associação Ativista Ecológica (AAECO) recebeu denúncias sobre a destruição de área verde para a realização do serviço.

Obra vai ligar a rua Amâncio Dalcin com a Paulo Pasquetti

O secretário-geral da AAECO, Gilnei Rigotto, esteve no local, verificando a situação e afirma que cerca de vinte árvores nativas foram derrubadas para a construção da via. “Além da destruição pelas máquinas, tem a destruição de um ecossistema preservado, com diversos locais de nidificação de pássaros e a falta de um estudo de impacto ambiental”, aponta.

A entidade enviou um ofício ao poder público, solicitando informações a respeito da obra. Além disso, Rigotto salienta que a AAECO não é contraria ao serviço. “Fomos favoráveis a abertura da rua de Norte a Sul, mas a Leste para Oeste não era necessária”, pontua.

A Diretora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPURB), Melissa Bertoletti, afirma que a obra é um projeto viário previsto no Plano Diretor. “A permuta dos terrenos para realização da ligação foi iniciada ainda em 2008 e aprovada em lei no ano de 2017. Um pedido antigo dos moradores, para passagem”, assegura.

Questionada se foi realizado algum estudo prévio de impacto ambiental, a profissional responde que para a realização da obra foi necessária à supressão de vegetação. “O manejo, da área do Município, averbada em matrícula nº 85.717, foi realizado conforme licenciamento ambiental”, esclarece.

Melissa acrescenta que “como forma de compensação ambiental pelo corte dos dois exemplares de araucária, serão plantadas trinta mudas do mesmo exemplar, conforme legislação vigente”, pontua.

A obra, que vai custar em torno de R$700 mil, não tem previsão para ser concluída, pois ainda vai passar por processo licitatório. “Após a conclusão desta etapa vai ser realizada uma licitação para a pavimentação basáltica”, finaliza.

Opinião dos moradores

Reni de Borba e a família residem no bairro Universitário há cerca de 45 anos. Para o aposentado, a obra vai facilitar a passagem de quem circula pela região. “Para nós já estava bom, mas a prefeitura resolveu fazer, então vai ficar ainda melhor”, analisa.

Entretanto, o morador se mostrou sentido pelas árvores que foram derrubadas do local. “A natureza que derrubaram, disso não gostei, vai ficar tudo seco. Agora têm de plantar árvores na rua, não dá para desmatar e deixar assim”, opina.

Outro antigo morador é o motorista Idair Antônio Pessim, 67 anos. Para ele, a obra já deveria ter saído há muito tempo. “Meu pai, que faleceu há 12 anos, já tinha feito abaixo assinado para abrirem essa rua. Para mim essa obra é importante, fiquei feliz que está sendo feita”, afirma.