A vida do profissional de Medicina bem que poderia ser mais facilitada. O problema é que a saúde no Brasil está bem longe de ser um direito de todos os cidadãos, conforme professa a Constituição Federal. A proliferação irresponsável de escolas médicas, sem critérios que satisfaçam as necessidades sociais, mostra que muita gente enxerga as questões da saúde apenas como negócio. Todos perdem com isso… Perde o médico que investe uma fortuna nos estudos e não recebe a capacitação desejada e necessária; por outro lado, o sistema fica saturado, o que reduz a remuneração; não há residência médica para todos os formandos; e o paciente corre o risco de encontrar pela frente alguém sem a qualificação esperada e que, muito ao contrário de assistí-lo em suas precisões, pode representar um risco à saúde. Enfim, só ganha aquele que criou o curso com o objetivo único de lucrar.

Dizemos sempre que médicos e pacientes são heróis. Eles enfrentam toda a sorte de problemas juntos e a força do bom relacionamento faz com que superem muitos desses obstáculos. A falta de uma política consistente de saúde pública, a destinação escassa de verbas para o sistema, o desrespeito à lei que estabelece cota de investimentos para o SUS, só para citar alguns desvios, dão origem às mazelas sociais. São hospitais lotados e sem condições para um atendimento digno, postos de saúde sem a necessária equipe multidisciplinar e, às vezes, até sem médicos, sem equipamentos, remédios e assim por diante. Mas médicos e pacientes resistem. Resistem e normalmente vencem.

Os cidadãos brasileiros e nossos profissionais de Medicina são realmente bravos. E não apenas por enfrentar esse caos quase cotidianamente. Têm um mérito comum: em momento algum perdem a capacidade de luta. Afinal, ambos labutam em prol da vida. Aliás, a relação médico-paciente torna-se mais estreita e robusta a cada novo entrave, e isso certamente é fruto da afinidade que os une.