Em uma época na qual as novas tecnologias dominam quase que todas as profissões e impõem cada vez mais pressão em busca da agilidade na produção, algumas funções que exigem um trabalho detalhista e que dispensam essas inovações ainda sobrevivem a era marcada pela modernidade. Entre eles estão os relojoeiros, sapateiros e chaveiros. São pessoas que desempenham trabalhos essenciais no nosso dia a dia e que, muitas vezes, passam despercebidas devido à correria do cotidiano.
Atuar nestas atividades representa muito mais do que a necessidade de simplesmente trabalhar, mostra a paixão de um profissional por aquilo que faz. Se formos analisar friamente, a maioria destas pessoas já está aposentada mas, mesmo assim, segue trabalhando. E o que os move a continuar labutando, se não o amor por prestar um serviço e auxiliar as pessoas.

Alguns profissionais realizam verdadeiras obras de arte com as mãos. Afinal, alfaiates, por exemplo, são mestres em deixar as pessoas elegantes e bem vestidas. Apesar da modernidade e do avanço tecnológico, muitos clientes não abrem mão da roupa sob medida, feita com o olhar clínico de quem passou a vida inteira vestindo os outros. O mesmo pode-se dizer do sapateiro, capaz de garantir uma sobrevida para sapatos masculinos e femininos, além das bolsas e acessórios em geral.

Temos um sentimento e um carinho imenso por estes profissionais e por que falamos, então, que estas profissões estão em extinção? Simples assim, não há reposição entre sapateiros, alfaiates, consertadores de guarda-chuva, etc… Em sua maioria, quem trabalha com estas atividades são senhores que possuem uma idade avançada. Graças à dedicação do seu trabalho, constituíram família, criaram e formaram seus filhos e, mesmo depois de todos estes anos, contniuam firmes fazendo aquilo que mais gostam.

O problema é que a juventude não sonha em ser sapateiro ou alfaiate. A chamada Geração Y está conectada nas redes sociais e vive num mundo tecnológico avançado, muito longe, até mesmo, de sua vida real. Nas décadas de 70 e 80, ainda tínhamos crianças que iam até o local de trabalho destes profissionais para ficar assistindo eles trabalharem. Para os garotos daquela época era gratificante alcançar uma tesoura para o corte do tecido, ajudar a colar um sapato, entre outras coisas. Era ali, naquele momento, que surgiram os últimos sucessores daquela geração. Depois disso, mais ninguém quis aprender este trabalho tão nobre.

Talvez, destas profissões que estão prestes a se extinguir, a de chaveiro seja uma que ainda vai se sustentar por um bom tempo. Além de rentável, ela consegue fazer com que a tradição seja mantida em família, em que o pai passa seus conhecimentos aos filhos. Provavelmente, uma dose de nostalgia para quem sabe que o tempo está se esgotando para a maioria destes profissionais de idade avançada. Eles vão passar, com certeza, mas seu trabalho competente e a dedicação como o faziam sempre será lembrada.