O dinheiro será disponibilizado, primeiramente, para utilização via poupança digital. O saque em agência vai ser liberado de acordo com a data de nascimento do trabalhador
Na próxima segunda-feira, 20, começa a ser efetuado o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para os nascidos em abril. A liberação do saque é uma medida do Governo Federal para amenizar os impactos financeiros do coronavírus e impulsionar a economia do Brasil. O valor para retirada por trabalhador é limitado a R$1.045,00. O Fundo estará disponível para o usuário por meio da poupança social digital, uma conta simplificada e criada para todos os beneficiários, sem tarifas de manutenção.
A quantia será disponibilizada, primeiramente, por meio do aplicativo Caixa Tem para pagamento de boletos e contas, além da utilização do cartão de débito virtual e QR Code, que permite fazer compras em mercados, padarias e farmácias. Posteriormente, será possível realizar os saques nas agências, de acordo com o calendário organizado por meses de nascimento.
Organizar finanças é prioridade
Nesse momento de crise, é importante organizar a vida financeira para reduzir os prejuízos causados pela pandemia. O primeiro passo após receber os R$1.045,00, de acordo com o contador da Fluxo Contabilidade e advogado Roberto Camargo Meggiolaro Júnior, deve ser buscar a negociação das despesas. “Se o trabalhador tiver dívidas, principalmente com taxas de juros elevadas, como por exemplo, cheque especial ou cartão de crédito, o melhor negócio é saldar esses compromissos”, aponta.
Ter dinheiro guardado para a resolução de possíveis problemas futuros também é uma solução. A reserva pode ter sido o recurso para quem sofreu corte na renda. “Diante das incertezas do momento, ter um fundo de emergência para utilização imediata é sempre recomendável, contudo, isso não quer dizer que o trabalhador deve sacar o valor do FGTS e deixar parado em uma conta corrente. Com a instabilidade do mercado, sem garantias de emprego, é recomendável avaliar o investimento com o melhor rendimento possível e menor prazo para resgate”, orienta o advogado.
Reserva de emergência é essencial
A coordenadora do curso de Ciências Econômicas da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Jacqueline Maria Corá, explica a melhor forma de poupar nesse momento. “Se o objetivo é uma reserva para situações emergenciais, é preciso que o valor tenha certa liquidez. Ou seja, que esteja disponível e que se possa utilizá-lo quando precisar – neste caso, quanto mais liquidez, menor a remuneração. Pode-se aplicar em renda fixa, mas a remuneração é atrelada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e a Taxa Selic, que hoje está baixa para os padrões que estávamos acostumados no passado”, orienta.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne a cada 45 dias para definir se a Selic diminui, aumenta ou se mantém estável. Essa taxa é considerada a básica de juros da economia do Brasil. Isso significa que ela causa influência sobre outras taxas de juros, como as de empréstimos, financiamentos e inclusive, do retorno em aplicações financeiras. Na última reunião do Copom, o juro básico passou de 3% para 2,25% ao ano.
No caso de não precisar utilizar o FGTS para situações emergenciais, Meggiolaro Júnior indica investir o valor. As aplicações se alternam de acordo com os perfis dos investidores, que variam entre conservadores, moderados e arrojados. O primeiro perfil busca não colocar em risco os seus recursos. “Existem inúmeras oportunidades no mercado financeiro a depender da necessidade de utilização do capital. Para os mais conservadores, as aplicações em Renda Fixa de médio e longo prazo têm rentabilidades interessantes se comparada ao rendimento do FGTS e da poupança”, explica o contador.
Quem não tem medo de arriscar, busca outros meios de fazer com que o valor obtido aumente. “Se o investidor for moderado, uma ótima opção seriam os Fundos Imobiliários, Fundos de Ações e Fundos Multimercado. Para o perfil mais arrojado, as ações são ótimas opções, pois com o mercado ainda em crise, existem excelentes oportunidades para montar uma carteira de ações”, afirma Meggiolaro Júnior.
A economista reitera que existem investimentos que não são adequados para aqueles que almejam um rendimento elevado. “A poupança hoje é o pior meio que temos a disposição. Embora tenha uma liquidez imediata e não cobre imposto, sua rentabilidade, nos últimos meses está muito baixa porque é calculada por 70% da Taxa Selic”, esclarece Jacqueline.
Outra opção para o rendimento dos R$1.045,00 é deixar na própria conta do FGTS, que está, atualmente, com o rendimento de 3% ao ano. “Não resgatar o fundo de garantia poderá ser uma opção. Segundo as orientações da Caixa, o valor ficará disponível até final de novembro e se não for sacado voltará a compor o fundo de garantia com os juros e correção. Caso opte por não sacar, deverá ter em mente que a quantia ficará “presa” no fundo e só poderá ser resgatado em caso de demissão ou aposentadoria. Então, cada um precisa saber qual a melhor opção para a sua condição em especial”, finaliza a professora da UCS.