Uma série de problemas, naquela época, envolvia a economia do município. Dentre eles a rígida atuação tributária sobre o vinho, uma das principais fontes de riqueza do nosso Município naquela época, e os obstáculos e as dificuldades para circulação, face ao deficiente sistema dos meios de transporte. A produção estragava nos armazéns e depósitos, sujeitas a deterioração e as oscilações de preços nos mercados de consumo. O exportador, no caso o comerciante de gêneros alimentícios de origem agrícola ou animal, não podia contar com um escoamento regular da mercadoria. Esta, antes do advento da estrada de ferro e do caminhão, era transportada por carretas, ou por longas filas de cargueiros, isto é, em lombo de muares. A carga era, no início da colonização transportada até a capital do estado. Com a chegada da linha férrea, em 1910, até Carlos Barbosa, o progresso de escoamento tornou-se mais fácil, embora a árdua e angustiante condição de ser vencida por aqueles primitivos meios de transporte, o trafego de 20 Km que separava Bento Gonçalves daquela estação.
Compreenderam, então, os nossos homens de negócio, a necessidade de se unirem em busca de soluções. Inspirados, pelo exemplo de outras cidades de maior expressão, constituíram-se em entidade representativa fundaram em 11 de agosto de 1914, ASSOCIAÇÃO COMERCIAL. O pioneirismo da iniciativa coube a Fiorello Bertuol, Enoss Balista, Domingos Baldi, Carlos Dreher, Ferrucio Fasolo, Arthur Ribeiro, Giacomo Ferrari e José Torriani. Todavia há de se registrar a atuação marcante de elementos alheios a classe, como Jordão Spader, Dr. José Cannavá, Dr. Gino Battochio e, sobretudo, a influência decisiva do benemérito Juiz da Comarca, Dr. Antônio Casagrande. A ele deve-se creditar a maior parcela de méritos, pelo seu empenho junto aos governos Federal e Estadual na alteração e consolidação das leis finais que ameaçaram sufocar a indústria Vitivinícola, e pela construção do Ramal férreo Carlos Barbosa – Bento Gonçalves.
Trabalhos exaustivos demandaram o culto magistrado, maciças e rematadas pesquisas sócio-econômicas e estatísticas, a fim de, justificando a reivindicação dos municípios que seriam beneficiados pela estrada de ferro, apresentados as autoridades Federais e Estaduais. E o que era esperado com ansiedade surgiu com a primeira locomotiva chegando a estação de Bento Gonçalves, no dia 10 de Agosto de 1919.
A geração atual, com mentalidade mergulhada na expansão do sistema rodoviário e aeroviário, não pode dimensionar o que significavam, num passado, as vias férreas. A realidade evidente, porém, era de que aonde chegasse o trem, com ele chegava à riqueza, a civilização e o progresso. Merece reconhecimento da comunidade, a Associação Comercial, que através da coragem de seus dirigentes e dirigidos, fez Bento Gonçalves arrancar com plenitude suas forças para o crescimento e o progresso.
APLAUSOS PARA QUEM MERECE!