Lar do Ancião começa o ano com dificuldades financeiras

Entidade oferece aos idosos uma ótima infraestrutura, mas demanda grande gastos

Há 29 anos foi inaugurado o Lar do Ancião de Bento Gonçalves, uma entidade sem fins lucrativos que, hoje, abriga 58 idosos. A capacidade máxima é de 63 residentes no local, mas, para prestar um atendimento mais qualificado, o Lar aceita no máximo 60 moradores por vez.

Para manter toda infraestrutura que o Lar do Ancião oferece aos avós, o custo financeiro se torna muito alto. “Estamos preocupados, nossa situação atual é péssima, não temos dinheiro para pagar a folha do mês de fevereiro. Doações de alimentos e materiais de higiene nós recebemos quase todos os dias, em grande quantidade, a comunidade de Bento é muito generosa, não podemos reclamar. Mas valor em dinheiro é muito difícil, nem sempre conseguimos ter uma reserva financeira, o gasto é muito grande”, ressalta a Presidente Lourdes de Souza. Para os próximos meses do ano, a expectativa é de uma contribuição maior. “Vou fazer um apelo para que as pessoas físicas e empresas contribuam com valores que para eles podem ser inexpressivos, mas para nós é muito importante”, pede Lourdes.

O processo para a possibilidade de conseguir uma vaga no local funciona pela ordem de solicitação, ou seja, de quem está na fila há mais tempo. “Quando abre uma vaga, infelizmente é devido ao falecimento de algum deles. A gente faz uma verificação dos pedidos de ingresso, em seguida entramos em contato com a família para ver se aquele idoso (a) ainda está disponível para vir aqui, caso esteja, marcamos uma entrevista, pedimos os exames que são exigidos e se o idoso (a) quiser, pode passar o dia no Lar para ver se vai se adaptar ao local”, explica Lourdes. Caso o idoso cumpra com as exigências da casa e aceite morar no local, existe um prazo de 30 dias de experiência. Ao fim do prazo, se ele não se adaptou ao local, pode voltar para casa. “Até hoje nunca aconteceu de alguém não se adaptar. No Lar eles têm companhia, eles conversam, tem jogos, bingo, eles caminham no pátio, o espaço é grande, então eles não ficam naquela solidão de casa”, conta Lourdes.

Aos 93 anos de idade, a senhora Gemma Ângela Marini, reside no Lar do Ancião há cerca de doze anos, entre uma conversa e outra, gosta de relembrar histórias do passado. “Eu gosto de todos os profissionais do Lar, eles tratam a gente muito bem, aqui ninguém falha. Quero muito bem a todos”, conta Gemma.

Na entidade, os avós têm uma rotina pré-estabelecida. Existe horário para todas as refeições. Há cada quinze dias eles recebem a visita de uma contadora de histórias. Tem uma profissional encarregada de cuidar das unhas e cabelos dos idosos. Duas vezes por mês, nas quartas-feiras, é celebrada uma missa na capela da entidade, realizadas pelas paróquias Santo Antônio, Cristo Rei e São Roque. Quando não tem missa, ocorre celebração espiritual. Nas terças e quintas-feiras, eles contam com a presença de professores de educação física para fazer atividades. E, ao menos uma vez ao mês, o músico voluntário da casa solta o som e faz a alegria dos avós.

Edemar Trentin, um dos professores de educação física do local, percebe a diferença que os exercícios fazem na mobilidade dos idosos. “O trabalho é de uma hora por aula e fica dentro da capacidade deles, são atividades simples, como mexer o braço, pentear o cabelo, ou o simples movimento de levantar de uma cadeira. O mínimo de atividade que a gente realiza com exercícios simples, ajuda no dia a dia deles. É difícil fazer eles se movimentarem, mas depois que eles iniciam a atividade, percebemos a participação deles. O idoso necessita dessa parte social, às vezes não é o exercício em si, mas sim a socialização que é de extrema importância”, ressalta Trentin.

Voluntário do Lar há cerca de dois anos, o músico Paulo Belusso acredita no poder das ações sociais por meio da arte. “Eles estão em uma etapa da vida que devem desfrutar apenas de alegrias, eles não pode mais desfrutar de outras preocupações. Essas atividades significa tudo para eles”, expressa Belusso.

A entidade conta com 30 profissionais para cuidar e garantir toda assistência necessária aos avós. O local dispõe de nutricionista, fisioterapeuta, enfermeira, cuidadoras, cozinheiro, auxiliar de cozinha, motorista e o pessoal responsável pela administração.

As doações em dinheiro podem ser feitas de três formas: online, utilizando PagSeguro, carnê, solicitando ao Lar, ou por transferências bancárias.

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