Documentada como a primeira escola da gestão municipal da cidade, fundada em 1939, o educandário comemora mais de oito décadas com o resgate dessa história e toda sua evolução até hoje
O momento foi de relembrar os velhos tempos na comemoração dos 85 anos da escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Princesa Isabel teve seu decreto de criação em 1939. Ao completar 85 anos, a gestão do educandário decidiu comemorar esta data tão especial de uma forma diferente: relembrando e resgatando toda a história do colégio mais antigo em atividade na cidade. Para isso, foi necessário um trabalho conjunto da comunidade, dos professores, da gestão e dos alunos, que se dedicaram a buscar essa história. Foram reunidas fotos, relatos de antigos estudantes e funcionários, envolvendo não apenas os estudantes, mas também os moradores locais, criando assim um museu da escola em todo o prédio, para que todos compreendam a importância de um educandário existir por 85 anos.
Relembrar é viver
O colégio, atualmente, conta com 430 alunos, do Jardim A ao 9º ano. Com mais de 70 profissionais capacitados, o educandário aumentou sua capacidade ao longo dos anos para acolher mais alunos, crescendo junto com o bairro Vila Nova. A diretora Jacqueline Siviero Karkaba fala o significado da festa. “Foram muitos abraços e lembranças. É gostoso rever e poder ouvir ex-diretoras nesses 85 anos e imaginar o que cada uma passou, o que deixou de legado e como outra pôde dar continuidade”, conta emocionada.
Para ela, foi comovente ver todos unidos em prol daquele momento tão especial para todos que fizeram parte destes 85 anos do educandário. “Foi uma festa maravilhosa, muito bonito ver a comunidade organizada na escola, passar pelos espaços físicos, se verem em imagens, observar objetos da antiguidade. Então, a comunidade se sente agradecida e acolhida por estar dentro da escola, afinal, o Princesa Isabel está dentro do Vila Nova”, alega.
O colégio, de longe, parece pequeno, mas por dentro é possível contemplar o tamanho daquele local, com salas de aula, ginásio e laboratórios. “Quem visualiza a escola da rua não tem noção do espaço físico que ela tem. Mas, adentrando e caminhando pode se ver que é imenso o nosso prédio. E acabamos não tendo noção de que este espaço físico transformou a vida de muitas pessoas. É um momento de muito saudosismo e emoção”, declara.
Francisco Teloken é ex-aluno, presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM) e pai de Ana Carolina, estudante do educandário. “A escola Princesa Isabel manteve suas origens intactas e sempre apresentou bons costumes e ensinamentos. Hoje, coordenada pela diretora Jacqueline, é um ótimo lugar que mantém a educação em sua essência necessária”, realça.
Como ex-aluno, é difícil para Teloken não relembrar o passado e o local que o transformou para a vida adulta. “Desde a época em que estudava até agora, tivemos muitas evoluções e ampliações de toda a parte estrutural, mas mantemos a base que qualquer criança e adolescente precisa para ter uma educação de qualidade. O que posso dizer da escola é que, apesar de todos os acontecimentos, se mantém com uma boa gestão, permitindo que os alunos experimentem uma convivência muito interessante”, exalta.
Pesquisa historiográfica
sora de história no educandário e, justamente por isso, foi responsável por toda a pesquisa histórica dos últimos 85 anos do local, com o apoio da comunidade e dos alunos, que puderam investigar juntos. “Nós não tínhamos todo esse acervo na escola. Precisamos buscar no arquivo histórico da cidade, onde encontramos verdadeiras joias. Achamos o decreto de criação e descobrimos que foi a primeira escola da gestão municipal de Bento Gonçalves, fundada em 1939”, explica. Ela complementa: “Nos anos 70, a escola precisou de um prédio novo para receber toda essa demanda da indústria na cidade, porque o Vila Nova cresceu muito nesse sentido. E continua crescendo porque temos uma grande população, de pessoas que vêm do Rio Grande do Sul, do Brasil e até mesmo de fora do país”, diz.
Além de todo o registro histórico, Gilvana salienta que a participação dos alunos nesse momento foi bastante especial. “As crianças gostaram muito de trabalhar, principalmente com as fotos antigas, porque puderam comparar como era e como está, e se envolvemos bastante no trabalho de pesquisa, principalmente por encontrarem seus avós, tios e pais que foram alunos também”, conta.
Victoria D’ávilla, estudante do quinto ano, se divertiu tanto na festa quanto ao aprender sobre a escola que frequenta desde o Jardim. “Achei muito legal e gostei de toda a decoração, porque todas elas tinham um grande sentimento. Enquanto eu as via, pensava no passado, em como o colégio era quando entrei e como ele está hoje”, constata.
Professores do presente e do passado
Carlos Espasandin é professor do educandário e também presidente do Conselho Escolar, e para ele, o momento é sem igual. “Estamos muito felizes pela escola mais antiga de Bento estar comemorando seus 85 anos. Ficamos contentes em fazer parte deste momento da escola, deixando marcas e nos esforçando para trazer para os 430 alunos uma perspectiva de futuro e abrir horizontes para estas crianças e adolescentes”, alega.
Espasandin relata que é necessário fazer com que as crianças acreditem em si mesmas e naquilo que estão estudando. “Meu trabalho como regente de classe do quinto ano é para que eles possam fazer o Ensino Médio, sempre com um olhar para o mundo tecnológico e competitivo. É importante mostrar que as disciplinas e conhecimentos que, a princípio, podem não parecer tão importantes, serão valiosos na vida futura e permitirão que contribuam com a comunidade em que estão inseridos”, diz.
O professor finaliza contando um pouco sobre seu trabalho fora da sala de aula. “O Conselho Escolar atua junto com a direção da escola e o CPM em um trabalho conjunto, apoiando nossa direção e auxiliando tanto na parte pedagógica quanto na questão administrativa, com os recursos da escola, ajudando o educandário a atender todas as demandas e fazer todos os investimentos necessários”, conclui.
Alda Menegotto é aposentada e passou pela escola ainda na década de 70, quando se dedicou como professora nas séries iniciais. Ela lembra como era o local. “Quando cheguei, só tinha uma escola pequena com duas salas de aula. Com o tempo, foi aumentando, depois decidiram construir o colégio. Naquela época, não tinham muitos alunos, principalmente comparado com hoje”, ressalta.
A professora aposentada também era moradora do Vila Nova e pôde ver o local crescer junto com a escola. “O bairro se desenvolveu muito. Como morei no bairro, pude acompanhar todas estas mudanças: o aumento do comércio, das casas, dos moradores e, por conta disso, a escola precisou crescer porque a demanda era grande”, conta.