Em reunião ocorrida no dia 27, em Bento Gonçalves, prefeitos da Amesne e representantes do Governo Federal discutiram ações para a reconstrução do Rio Grande do Sul, devastado pela tragédia climática
Após as recentes enchentes devastadoras na região sul do Brasil, ministros do governo Lula afirmaram o compromisso de prover recursos e assistência para a reconstrução da Serra Gaúcha e do estado do Rio Grande do Sul. Em um encontro realizado na segunda-feira, 27, na Prefeitura de Bento Gonçalves, representantes do Governo Federal se reuniram com prefeitos da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (AMESNE) para discutir estratégias e ouvir as necessidades urgentes da região.
Os ministros Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, e Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional, estiveram presentes, juntamente com autoridades como o Secretário Nacional de Defesa Civil, Wolnei Wolf, e o Secretário Nacional do Ministério da Saúde, Filipe Proença.
O objetivo principal do encontro foi apresentar as ações já em andamento e captar as demandas específicas dos municípios afetados. Durante sua exposição, o ministro Pimenta detalhou os programas e iniciativas do Governo Federal.
O presidente da AMESNE e prefeito de Guaporé, Valdir Fabris, entregou um documento com as principais solicitações dos municípios, incluindo questões relacionadas a recursos financeiros e acesso a programas de auxílio. O Ministro Pimenta assegurou a divulgação de uma nova lista de municípios com decretos de calamidade reconhecidos, facilitando o acesso aos benefícios.
O Ministro Waldez Góes destacou os planos de trabalho aprovados para obter apoio federal, enfatizando o papel crucial da Defesa Civil Nacional na resposta imediata à crise e na assistência às comunidades afetadas. Em suas declarações, o Ministro Pimenta reiterou o compromisso do Governo Federal em apoiar a reconstrução do Rio Grande do Sul, assegurando que não pouparão esforços para a completa recuperação do estado.
O que dizem os prefeitos
O prefeito Diogo Siqueira, de Bento Gonçalves, fez um apelo por ações de socorro e reconstrução, destacando a necessidade de recursos e ferramentas, enfatizando que é crucial unir todas essas forças para superar a situação. “Em uma calamidade como essa, precisamos do Município, dos voluntários, mas também do Governo Federal e Estadual. Esse foi o motivo da reunião, mostrar nossa dor e os nossos problemas. Precisamos juntar essas forças para passarmos por isso o mais rápido possível”, comenta.
Para o prefeito de Garibaldi, Sérgio Chesini, o objetivo foi apresentar as principais demandas da região e cobrar agilidade no auxílio dos nossos municípios. “Como Amesne, entregamos um ofício sobre os recursos e ferramentas necessárias para a reconstrução, e sobre os benefícios concedidos para as famílias atingidas. Nesse momento tão difícil, precisamos unir forças para reconstruir nosso estado”, ressalta Chesini.
Everson Kirch, prefeito de Carlos Barbosa, considera que a reunião foi razoável. “Venderam que os municípios terão facilidades para acessar os créditos, mas queremos ver isso na prática”, salienta.
Já o prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin, destaca a dificuldade no cadastro de pedidos e projetos no site da União, para cidades que saíram do estado de calamidade e foram para o estado de emergência, e se diz apreensivo diante de tantas interrogações. “O que recebemos foi o auxílio humanitário. Mas, respeitando o momento de dificuldade dos municípios, a Serra Gaúcha se encontra desamparada, pois são muitas as dúvidas sobre os recursos que a União deve repassar para as cidades. Além da dificuldade financeira que se apresenta com a queda na arrecadação que irá ocorrer, existe o desafio de muitos milhões para a reconstrução. Se não bastasse, temos a população perguntando se haverá recursos para a reconstruir suas casas e comprar os móveis e utensílios que foram perdidos. Por que todas as cidades do Rio Grande do Sul não podem ter aceso ao Saque do FGTS, já que este é um direito e recurso do próprio cidadão?”, indaga.
Gisele Caumo, prefeita de Santa Tereza, acredita que não tenham sido feitos anúncios claros e coesos, e expõe seu anseio em relação à políticas de prevenção. Precisamos do apoio das esferas estadual e federal não somente para que mecanismos de prevenção sejam estudados e implantados, mas também para sanarmos os prejuízos sofridos diante de um orçamento anual de cerca de R$ 22 milhões. Sem atitudes concretas, permaneceremos remando contra a maré e persistindo nos mesmos erro”, conclui.
O gestor municipal de Monte Belo do Sul, Adenir Dallé, confessa que não viu muito resultado na reunião. “Parece que cada vez fica mais confuso, existe muita burocracia. Sou a favor de que os recursos, que são muito demorados, venham diretamente para os municípios, pois cada gestor sabe de sua própria realidade. Acredito que vamos reerguer nosso estado, mas vejo muita promessa, muito discurso e pouca atitude”, acrescenta.
Hadair Ferrari, prefeito do município de Pinto Bandeira, concorda com as palavras de Dallé. “Estão vendendo esta ideia de que dinheiro tem e que são os prefeitos que não mandam os projetos e planos de trabalho, dificultando cada vez mais com a burocracia”, conclui.