Campanha deste mês é para conscientização das doenças. Médicos do Tacchini explicam sobre prevenção, causas e tratamentos

Durante o mês de fevereiro, a cor roxa é utilizada para a conscientização e combate de algumas doenças, entre elas o lúpus, a fibromialgia e o mal de Alzheimer. Os três problemas de saúde são considerados crônicos, ou seja, não há uma cura permanente para eles, apenas tratamentos que amenizam os sintomas.

Lúpus

O reumatologista do Tacchimed, Marcus Franck, explica que o lúpus é uma doença autoimune, isso significa que o sistema imunológico da pessoa atua contra ela própria, atacando seus tecidos. “Não se sabe a origem, mas há algumas coisas que podem agravar a situação, por exemplo, exposição ao sol, estresse e produtos químicos”, menciona.

Os principais sintomas da patologia, na grande maioria dos casos, são os problemas de pele, principalmente em contato com o sol. “Existem alterações nessas áreas expostas, a gente chama de dermatite lúpica. O mais comum é na face, que chamamos também de asa de borboleta, porque abaixo dos olhos ficam as manchas avermelhadas, às vezes bem fortes, até mesmo no rosto e nos braços”, comenta.

Além disso, o lúpus, conforme Franck, pode atingir as articulações, causando artrite. “As manifestações podem acometer qualquer órgão, desde o cérebro, coração e pulmões; atingem os rins com bastante frequência; também pode afetar o tubo digestivo. Ademais, existem várias alterações sanguíneas de diminuição de glóbulos brancos e vermelhos. Essas manifestações, quando prejudicam os órgãos, geralmente são mais graves e exigem tratamentos mais rigorosos”, esclarece.

De acordo com o médico, não há garantia de recuperação total para o lúpus. “Existem tratamentos que conseguem manter a doença em remissão. Então, o paciente tem uma vida normal, mas tomando medicamento. Há alguns que aparentemente se curam, ou seja, eles entram numa remissão permanente, mas às vezes, depois de vários anos, talvez oito ou dez, por algum motivo, a doença pode voltar. Então, não podemos prometer cura”, salienta.

Em alguns casos, pode ser que haja remissão espontânea, como aponta o reumatologista. “A pessoa pode parar de tomar medicamento durante algum tempo, sem sintomas, mas não é o mais frequente. O comum é que precise ingerir remédios de uma maneira mais constante”, ressalta.

Franck evidencia que quanto mais avançada a doença, com maior intensidade o tratamento precisa ser realizado. “Para as manifestações de pele, existem todos os cuidados com o protetor solar, não exposição ao sol, alguns produtos dermatológicos que eventualmente podem ajudar no sintoma. O que a gente mais usa, do ponto de vista de medicamento, é a hidroxicloroquina, aquele medicamento que esteve muito em voga na época da pandemia, que depois foi comprovado não ter uma ação tão protetora assim para o coronavírus, mas é o mais usado para as manifestações de pele e articulares no lúpus”, relata.

Segundo o especialista, também existem outros tratamentos que são um pouco mais complexos. “Como o sistema imunológico está desregulado e funcionando a mais para o malefício da pessoa, não para o benefício, a gente tem que reduzir a atividade dele, por isso usamos medicamentos imunossupressores. Existem muitos que funcionam bem, que não são aprovados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) pra que sejam doados, o que é uma lástima. São remédios que a gente tem usado, mas sempre é necessário fazer pedido via judicial”, conta.

Diferente de outras doenças, não há como evitar o lúpus. Franck realça que, de uma hora pra outra, uma pessoa pode começar a desenvolver algum sintoma, e não há como prevenir ou usar medicação para evitar esse tipo de alteração. Além disso, ele destaca que o fator genético pode influenciar, mas não é determinante. “Existe uma tendência maior de os filhos de pacientes que têm lúpus terem mais chance de ter também. Mas isso não é uma obrigatoriedade”, garante.

Fibromialgia

O reumatologista destaca que a fibromialgia acomete, principalmente, mulheres. “Envolve dor crônica na parte muscular esquelética e isso é o sintoma principal. Não é uma doença que se saiba a causa nem o seu funcionamento, isso está sendo muito estudado, mas não há nada que seja absolutamente claro e convincente a todos”, afirma.

O que mais incomoda os pacientes, como elucida Franck, é a dor crônica. “É interessante ressaltar que todos os exames são absolutamente normais, não se encontra nenhum tipo de alteração. São pessoas que, além de dor crônica com muita frequência, têm alterações do sono, o que a gente chama de sono não reparador. Elas dizem até que, das vezes que dormem a noite inteira, acordam cansadas e isso é o sintoma da fadiga crônica que aparece junto com a fibromialgia, absolutamente comum”, frisa.

As pessoas que têm a doença possuem um sintoma de dor ao serem tocadas. “Se um paciente ‘normal’ é apertado, ele sente simplesmente a pressão do examinador naquele momento. Já o que tem fibromialgia, possui um fenômeno que a gente chama de alodinia. Então, apertamos o braço dele, a perna ou algum outro local e ele sente dor, muitas vezes, bem intensa, outras, um pouco menores”, expõe.

Muitas vezes, de acordo com o médico, a fibromialgia está associada à depressão. “Por exemplo, tontura, esquecimento, dor de cabeça, enxaqueca, dores abdominais, dores intestinais, dores pélvicas envolvido com a parte sexual e alterações de visão. São queixas assim, muito vagas, mas que costumam estar associadas ao problema”, indica.

A doença é relativamente frequente, conforme Franck. O profissional sublinha que os períodos de piora estão associados a momentos de estresse. “A gente vê, com alguma frequência, esses pacientes terem dificuldades para resolver algumas questões. Às vezes são problemas familiares, no emprego, de ordem social, por doença na família, por algum desentendimento e assim por diante”, cita.

O reumatologista reitera que essa é uma doença crônica, incurável. Mas se tratada da forma correta, há alívio nos sintomas. “Existe um pequeno tripé no tratamento da fibromialgia. O primeiro é que tem que haver uma certa conscientização, a pessoa precisa saber que aquilo incomoda, mas não é grave. É todo o lado psicológico envolvido. Confesso que a parte mais difícil é a mudança de comportamento”, aponta.

A outra base do tratamento é o exercício físico. Segundo Franck, a maior parte dos pacientes com fibromialgia não gosta de fazer, pois afirmam que os sintomas de dor pioram quando praticam. “Principalmente de natureza aeróbica, onde movimentam bastante o corpo. Se feito com regularidade, apesar de doer um pouco mais nos primeiros dois ou três meses, com o tempo traz um grande benefício”, argumenta.

O terceiro pé do tripé mencionado são as medicações que auxiliam no controle da dor. “Existe uma lista relativamente grande de medicamentos que auxiliam, são tratamentos continuados. Alguns remédios ajudam a melhorar a qualidade do sono”, explica.

No caso da fibromialgia, o médico ressalta que também existe uma tendência familiar, mas não uma obrigatoriedade. “Além disso, não há como prevenir o problema”, acrescenta.
Ele declara que em alguns momentos, vê pacientes que, por muito estresse, estão começando a ter sintomas. “Não dá pra afirmar que eles têm a doença, mas há uma grande chance de desenvolver pela exaustão ou muita pressão. Isso facilita um pouco na hora do tratamento, nas orientações para a pessoa evitar que chegue numa fase muito mais intensa e crônica”, enfatiza.

Alzheimer

A neurologista do Tacchini, Natalia Camilo, explica que o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa de caráter progressivo e que ainda não em cura. “Envolve, inicialmente, a perda de memória e, depois, a de outras funções cognitivas importantes, como a capacidade executiva de fazer coisas que normalmente se fazia, como usar um garfo ou uma faca”, exemplifica.

A médica destaca que a doença é muito mais comum nos idosos, mas não se exclui a possibilidade do mal de Alzheimer acontecer de forma precoce. “Aí a carga genética é mais importante que os fatores ambientais que a gente pode controlar para evitar o problema”, esclarece.

Conforme a neurologista, quando há um familiar ou mais de 1º grau com o problema, existe um risco um pouco maior de desenvolvê-la, mas isso não é determinante. “A doença de Alzheimer é multifatorial, existem muitos outros fatores que podemos controlar, como hipertensão, diabetes, sedentarismo, tabagismo, etilismo e nossa alimentação. São condições que a gente pode modificar ao longo da vida, isso costuma ser até mais importante que uma predisposição genética”, garante.

Para Natalia, é fundamental ter uma vida saudável. “Isso significa se movimentar, fazer atividade física, nosso corpo não foi feito para ficar parado; evitar hábitos pouco saudáveis, como etilismo e tabagismo, lembrando que não existe dose segura de álcool; alimentação saudável, principalmente dieta mediterrânea, que já tem comprovação de que funciona bem para prevenção do declínio cognitivo; cuidados com deficiência visual, auditiva, tratar o mais precoce possível, porque isso também predispõe a demência; e cuidados com os relacionamentos da nossa vida social, porque depressão e isolamento são fatores bastante importantes para desenvolvimento”, descreve.

A profissional diz que se a doença já desenvolveu existe tratamento, mas não tem cura. Com o tempo, ela deve progredir, mas existem medicações que podem ser utilizadas para tentar reduzir um pouco a velocidade de progressão e controlar sintomas que são incapacitantes. “Como alterações de sono, agressividade e alteração comportamental. São coisas que a gente pode manejar adequadamente sem ou com medicação, aí precisamos de uma avaliação detalhada, para tentar definir melhor qual é o tratamento para aquele paciente”, descreve.

Segundo a médica, cada pessoa vai receber um tratamento individual. “Não tem receita de bolo nesse sentido, mas conhecemos as medicações que funcionam, o que pode ser usado ou não. Uma avaliação médica é importante para determinar como é que vai ser a progressão dessa doença, como é que a gente vai lidar com ela”, observa.

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