Delegada responsável pelo caso, Deise Brancher, esclareceu fatos da morte de uma criança de dois anos, na madrugada desta quinta-feira, 3 de dezembro, em Garibaldi

Em silêncio. Esta foi a postura do pai, suspeito de matar o filho de dois anos na madrugada desta quinta-feira, 3 de dezembro, em Garibaldi. Bruno Parisotto, de 39 anos, não confessou o crime ocorrido em sua residência no bairro Integração. As informações foram divulgadas durante entrevista coletiva com a delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), de Bento Gonçalves, Deise Salton Brancher. De acordo com ela, o menor foi morto com pelo menos três golpes de faca e asfixia mecânica.

Até o momento foram ouvidas quatro testemunhas que relataram o que presenciaram durante o crime. De acordo com os depoimentos, o suspeito teria entrado em surto e sido encaminhado para atendimento no hospital da cidade. “Às 3h, ele começou a gritar, chamar pelos vizinhos, dizendo palavras incompreensíveis, o que levou essas pessoas a levarem para atendimento médico. Posteriormente, algumas pessoas foram verificar onde a criança estava e encontraram o corpo dela”, explica.

Criança foi atingida por três golpes de faca e asfixiada

Conforme os trabalhos da perícia, o menino foi atingido por três golpes de faca na região do abdômen. Além disso, no momento em que o corpo foi localizado, a cabeça da vítima estava dentro de um saco, o que denota possível asfixia mecânica por sufocação e esganadura. “A criança apresentava lesões no peito e também ela estava com um saco plástico na cabeça. Acionamos a perícia e tomamos todos os depoimentos da pessoas que tinham alguma informação sobre o caso e compreendi que haviam elementos suficientes para autuar, em flagrante, o pai da criança”, explica a delegada.

De acordo com a delegada, as facadas teriam sido desferidas com a criança já sem vida. A faca que teria sido utilizada no crime foi encontrada enrolada em uma toalha. Durante o trabalho pericial, elementos como a localização da arma branca, a dinâmica em como ocorreram os fatos foram decisivos para decretar a prisão preventiva, conforme explicou a autoridade policial.

Após o crime, suspeito foi encaminhado para atendimento médico

Conforme relatos das testemunhas já ouvidas no inquérito, não havia ninguém na residência no momento do crime. “No local moram o suspeito, a criança e o avô (pai do acusado). Este não estava no local no momento do crime”, revela. “O pai (acusado), no momento em que a Brigada Militar chegou ao endereço, já estava no hospital recebendo atendimento médico”, revela Deise.

Questionada sobre a existência de drogas, bebidas ou medicamentos na residência, que pudessem indicar a utilização dos mesmos pelo suspeito, a delegada informou que até o momento nada foi localizado. Durante a coleta dos depoimentos, testemunhas afirmaram que o comportamento do suspeito sempre foi de uma pessoa tranquila, amorosa com o filho. “O pai do menino não estava nervoso no momento em que foi preso, porém, era nítido que seu estado não era de ânimo tranquilo. Ele demonstrou arrependimento. No entanto, como preferiu se manter em silêncio, não tivemos como entender as motivações para este crime”, explica.

Conforme as informações colhidas até o momento, não há detalhes sobre o relacionamento entre o acusado e a mãe do menino, nem os motivos do pai ter a guarda da criança. Segundo a delegada, a mulher reside em Bento Gonçalves e, a partir de agora, irá receber apoio psicossocial pelo Centro Revivi. “Não foi apurado, neste momento, o motivo da guarda paterna, pois para fins da autuação em flagrante e da compreensão da dinâmica dos fatos, isso não era tão relevante. Como este processo vai ser encaminhado à Delegacia de Polícia de Garibaldi, a mãe, certamente, vai ser ouvida no processo”, relata.

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Sem antecedentes, pai poderá responder em liberdade

Conforme a delegada, o suspeito será indiciado pelo crime de homicídio qualificado, com agravante pelo fato da vítima ser menor de 14 anos. Parisotto será encaminhado à Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves, ficando à disposição da Justiça.

No entanto, por não ter antecedentes criminais específicos de crimes contra a vida, o suspeito poderá responder, caso a Justiça aceitar algum pedido futuro, o processo em liberdade. “Isso vai depender da análise que o magistrado irá fazer e dentro das atribuições dele, a Justiça poderá decidir sim pela liberdade”, explica a delegada.

Fotos: Denise Furlanetto Da Campo/Rádio Garibaldi AM e Ranieri Moriggi