Uma reunião para demonstrar aos agricultores como é feito o cálculo do custo de produção da uva ocorre nesta quarta-feira, 21, às 14h, na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da região, em Bento Gonçalves. Na oportunidade, será exposto por economistas como o valor é calculado, que também pode impactar no preço mínimo da uva.
No final do mês passado, agricultores questionaram pesquisas apresentadas pelos setores ligados a indústria, referentes ao custo de produção. Enquanto a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) sugeriu o valor de R$ 0,58 para a atual safra, o Sindicato, baseado em um estudo feito pela Universidade Federal de Lavras de Minas Gerais (UFLA), chegou na variação de R$ 1,40 a R$ 1,50.
Representantes do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), Farsul e membros de outros sindicatos devem participar do encontro. A ideia também é confrontar os cálculos das instituições com os valores apresentados nos estudos das empresas do setor, que realizam seus próprios cálculos.
De acordo com o presidente do Sindicato, Cedenir Postal, geralmente os valores apresentados pelas vinícolas são abaixo daqueles apresentados pela Comissão Interestadual da Uva. “Nós convidamos as vinícolas, mas ainda não tivemos confirmação, provavelmente vai ter alguém para representar. O encontro serve para entender como se chega aos números”, prevê.
Do outro lado, o presidente percebe que o custo calculado pela Comissão Interestadual da Uva fica historicamente bastante próximo da realidade e que o cálculo é enviado à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Difere de poucos centavos”, comenta.

Governo vai definir preço mínimo

Divergências também marcam o preço mínimo da uva. Em estudo da Comissão Interestadual, o valor apresentado foi de R$ 1,08, enquanto as indústrias querem manter os R$ 0,92 das duas últimas vindimas. Em virtude da indefinição, o Governo Federal deverá determinar o valor.
De acordo com Postal, o ideal é que o setor reivindique preço mínimo fixo para os próximos anos. “Nosso custo é de R$ 1,39”, ressalta. Ele acredita ser perfeitamente possível utilizar este parâmetro nos próximos anos. “Se surgirem alternativas, sugestões para melhorar o método na reunião, sem dúvida nós vamos estudar a possibilidade de colocar”, comenta.
O presidente ainda entende que a justificativa apresentada pelas empresas para manter o preço nos R$ 0,92 não condiz com a realidade. “Eles dizem que está tudo retraído, que não estão vendendo. Mas os dados da comercialização mostram que as vendas aumentaram em relação ao ano passado. Algo está errado”, frisa.