Casos de maus tratos em cães e gatos aumentou em Bento Gonçalves, na comparação com o mesmo período do ano passado. A afirmação é da coordenadora e da voluntária da entidade “Sou um grãozinho de areia”, Márcia Manoele Verenice Sganzerla. Indícios apontam que os animais estão sendo envenenados com produtos químicos e alvejados com armas de pressão. Entre muitas histórias, o mais recente episódio foi com um cachorro, abandonado pelo seu dono em via pública e resgatado pela equipe. Além de debilitado, o animal havia sido alvejado com tiros de chumbinho. Uma das balas atingiu o órgão genital do cão. Se não bastasse, após receber os cuidados veterinários, o cachorro foi furtado. Na tarde de segunda-feira, 10, Rok, como é chamado foi recuperado. O caso foi denunciado à Polícia Civil.

Nos últimos meses, conforme Márcia, as ocorrências são registradas em toda a cidade, porém, situações mais complexas foram acompanhadas nos bairros Fenavinho, com a utilização de arma de pressão (chumbinho 5.5mm) para espantar os bichos e Imigrante, com a sequência de envenenamento, através da utilização do produto químico, conhecido como estricnina. “Recebemos diariamente telefonemas de pessoas pedindo ajuda. A gente faz o que pode, mas é preciso deixar bem claro que não temos a obrigação de recolher os animais. A sociedade precisa entender que a responsabilidade em manter o cão preso é do dono e, infelizmente, muitas pessoas jogam o problema para as entidades de proteção. É preciso ter consciência e certeza, antes de querer adotar um animal”, afirma.

O caso do cachorro Rok, um vira lata, chamou a atenção da voluntária Verenice Sganzerla. Ao ser abandonado pelo dono em uma via pública, ela acabou cuidando do animal. Muito assustado, aos poucos foi sendo conquistado. Após dias de tentativas, ele foi levado para uma clínica voluntária onde recebeu os cuidados e realizou a castração. Durante a consulta, a médica veterinária percebeu que havia uma anormalidade em seu órgão genital. Durante o procedimento, foi retirado de seu pênis uma bala de chumbinho. “Ficamos impressionadas. É revoltante a maldade do ser humano contra os animais”, desabafa Márcia. Se não bastasse, na última quinta-feira, 6, a história ganhou um novo episódio: o cão, já recuperado foi furtado. Na tarde de segunda-feira, 10, ele foi encontrado. “Foram dias de muita angústia. Eu o queria de volta. Só quem entra na causa sabe o quanto é dolorosa essa situação”, afirma Verenice.

Castração é a solução

Com a grande demanda de pedidos de ajuda, a coordenadora da ONG, Márcia (E), acredita que a forma mais eficaz para a redução de casos de abandono é a castração. Atualmente, a entidade faz o acompanhamento de aproximadamente 60 animais. Os recursos partem de doações da comunidade, sem a utilização de verbas públicas. “Saímos da comodidade de nossas casas para ser a voz desses animais. Porém, sabemos que não podemos resolver todos os problemas aqui em Bento. O Poder Público precisa ser mais efetivo nas ações. Desde 2016, há uma fila enorme de animais que aguardam a castração. Não podemos jogar essas responsabilidades para essas entidades de proteção. É urgente e necessário o envolvimento de todos”, afirma.