Dentro ou fora do palco, o Festival Bento em Dança é um evento consolidado pela tradição e pluralidade de seus participantes. E isto pode ser acompanhado tanto nas famosas batalhas, como também, durante os períodos de integração e oficinas preparadas para os bailarinos que passam pelo pavilhão E, do Parque de Eventos de Bento Gonçalves. Ao completar 25 anos desde a sua criação, os espetáculos que vão ser apresentados no período de 7 a 14 de outubro prometem emocionar e surpreender o público presente, sejam pelas montagens completas de balés consagrados ou peças de destaque de outros gêneros de dança e trabalhos de companhias de renome. Segundo a organização, serão 627 coreografias, cerca de 50 horas de apresentações em oito noites de espetáculos.
Sete gêneros de dança fazem parte do Festival: Ballet, Ballet Neoclássico e Clássico Livre, Jazz, Estilo Livre, Técnicas Contemporâneas de Dança, Danças Populares, Danças Urbanas e Sapateado. Conforme a presidente do Festival, Erci Zottis Grapiglia, “ Como um dos principais festivais de dança do Brasil. Tradicional na agenda de eventos da dança, carrega o prestígio de ter reunido grandes nomes como Ana Botafogo, Carlinhos de Jesus, Ceci Frank e Márcia Haydée, entre centenas de outros”, revela.
A abertura do Bento em Dança ocorre nesta noite de sábado, 7 de outubro. Ao longo da semana, além das já tradicionais apresentações, o evento contará com 18 oficinas, destinadas aos bailarinos participantes, que iniciam sempre às 9h e seguem até às 16h, totalizando 69 horas de aulas. Os workshops serão ministrados por 13 professores especializados em diferentes áreas. Segundo Erci, esses encontros possibilitam a troca de conhecimentos. “O festival cumpre seu papel de promover e formar bailarinos, aproximando quem quer aprender de quem tem muito o que ensinar. É uma troca constante e permanente de aperfeiçoamento. Reunir em uma mesma sala alunos e professores especializados de renome nacional e internacional é, talvez, o maior desafio e ao mesmo tempo o maior orgulho do Bento em Dança”, explica.
Jurados destacam a importância do evento no cenário da dança nacional
Cicero Gomes, Primeiro Bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
O Bento em dança se tornou, através de seus 25 anos de existência, um festival tradicional e de grande valia para os estudantes e profissionais da área. A troca de experiências de grandes profissionais e alunos é a sua maior virtude. O evento conta com uma grande organização e um grande corpo de professores e jurados. No país todos sabem do Bento em Dança. Não só no país, como na América do Sul em geral.
Tenho amigos bailarinos de outros países que, quando estudantes, estiveram no evento e se recordam com muita satisfação. O público também não está de fora deste grande festival, plateia sempre cheia e calorosa também são grandes marcas do Bento em Dança. Eu, me sinto lisonjeado de participar e poder acrescentar um pouquinho na vida desses, hoje estudantes, que amanhã serão grandes bailarinos pelo mundo.
Minha expectativa é que seja um lindo espetáculo. Além da ansiedade de voltar a Bento depois de alguns anos, e agora também como jurado. Pretendo ser o mais claro possível para que os estudantes possam adquirir, da melhor forma, a informação que posso passar. Ser jurado não é avaliar, é ajudar. Cicero Gomes, Primeiro Bailarino do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Cassi Abranches, bailarina, coreógrafa e diretora de Movimento da Abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016.
Acho que o Bento em Dança proporciona aos estudantes um aprendizado em sala e em cena, fundamentais para a formação profissional, assim como uma excelente oportunidade da cidade se integrar e curtir boa dança por algumas noites. Sempre é bom conhecer os novos talentos do país. Chego em Bento com a expectativa de contribuir para que esses talentos se desenvolvam.
Entrevista:
“Trouxemos para Bento Gonçalves um festival de emoções”
O Bento em Dança sempre foi muito importante na vida de bailarinos e profissionais ao longo das suas 25 edições, afinal, é o momento em que se unem alunos, professores, diretores, ensaiadores – todos os profissionais da dança reunidos em um único local. O Festival nos dá um pouco o parâmetro do que se passa na dança em todo o país. E, evidentemente, sempre foi responsável por lançar e descobrir talentos da dança. A reportagem do Semanário conversou com a presidente do evento, Erci Zottis Grapiglia, que contou a história, desde o início e as expectativas para o evento que segue até o dia 14.
Jornal Semanário: De onde surgiu a ideia em realizar o Bento em Dança?
Erci Zottis Grapiglia: Da necessidade de eventos culturais na cidade. Na época, atuava como Secretária de Turismo do município, e logo percebi que era necessário preencher este espaço, realizando um evento que pudesse projetar o município além da região. A dança seria uma alternativa. Buscamos referências e logo percebemos que um festival de dança seria um marco para a cidade. O Bento em Dança já começou grande e desde sua primeira edição levou o nome de Bento Gonçalves para todo o Brasil e exterior. Os lançamentos que fazíamos em Embaixadas nos países do Mercosul, América Central e, mais adiante, na Europa e Estados Unidos, atraíram milhares de bailarinos, chegando a registrar a presença de representantes de mais de 20 países.
J.S: Na sua opinião, o que mudou, em relação à dança dentro do Festival?
Erci: O Festival é o espelho da dança no mundo. Movimentos e transformações sempre foram acompanhados pelo Bento em Dança. No início, o Ballet Clássico praticamente ditava toda programação. Com o passar dos anos, novas modalidades de dança moderna e contemporânea foram surgindo e se fortalecendo. O hip hop, por exemplo, sempre esteve presente, mas com participações diferentes a cada edição, em algumas mais fortes, em outras menos. O próprio folclore, tão expressivo no Brasil por ser um país colonizado, ganhou seu espaço e lugar de destaque no evento. E assim, seguimos acompanhando a dança em todas suas manifestações.
J.S: Hoje, qual é a importância do Bento em Dança para a cidade?
Erci: O Bento em Dança coloca Bento Gonçalves no mapa da dança, da arte, como sede de um dos principais festivais de dança do Brasil. Nessas 25 edições, mais de 140 mil bailarinos de mais de 20 países participaram do evento, seja como alunos, ou como concursantes. Muitos evoluíram junto com o festival e se tornaram grandes bailarinos. Alguns, inclusive, chegaram a alcançar importantes posições em ballets de renome, a partir de premiações conquistadas no Bento em Dança, onde conseguiram se aperfeiçoar no Brasil e no exterior. A cidade também ganha com o incremento na economia, especialmente em relação à hospedagem e alimentação.
J.S: Ao celebrar o Jubileu de Prata, pode-se dizer que o trabalho valeu a pena?
Erci: Com certeza, valeu muito a pena. O caminho é difícil, cheio de obstáculos, especialmente no que diz respeito à falta de apoio para a cultura. Mesmo assim, saber que bailarinos do Brasil e do exterior passaram por aqui e que o festival ajudou no crescimento profissional de cada um é uma realização que nos orgulha profundamente. São histórias que emocionam, de gente que vive pela dança. Cuba, por exemplo, por anos, mandou um representante apenas por edição. Eles faziam uma espécie de seleção interna para definir quem viria e o escolhido chegava aqui com a roupa do corpo e uma mochila. Com a ajuda da comunidade, comprávamos a passagem de volta, que muitas vezes acontecia bem depois do término do festival. E isso se repetiu por várias edições. Chegamos a colocar mais de 2.500 bailarinos em alojamento gratuito, espalhados pela cidade. E quando chegava a hora de subir ao palco, o espetáculo não dava espaço para mais nada a não ser a emoção de estar ali. Nesses 25 anos, muitas pessoas, a maioria voluntárias, atuaram nos bastidores. E isso é grandioso, contagiante. Enfim, trouxemos para Bento Gonçalves um festival de emoções, de arte, de cultura, de intercâmbio, de civilização. Quem viveu sabe do que estou falando. Uma arte que está muito distante do nosso dia a dia, mas que com persistência conseguimos manter durante este período, apesar da falta de apoio necessário. Felizmente, encontramos em alguns parceiros o suficiente para seguir adiante.
J.S: O que o público pode esperar dessa 25ª edição?
Erci: Uma edição recheada de espetáculos em gêneros que incluem o ballet com o Clássico de Repertório e Neoclássico e Clássico Livre, o Jazz, Estilo Livre, Técnicas Contemporâneas de Dança, Danças Populares, Danças Urbanas e Sapateado. São 627 coreografias em oito noites. Além disso, a arte da dança também estará próxima das pessoas no centro da cidade por meio da Mostra Aberta. Teremos dois palcos: um na Via Del Vino e outro no Shopping L’América. A cidade vai respirar dança, arte em movimento que encanta as pessoas. O público vai se emocionar.