A postura abatida e o olhar marejado em meio à destruição indicam que algo sério aconteceu. Caminhando por meio das parreiras, é possível observar um corte bem no meio das parreiras. Plantadas há cerca de dois anos, essa seria a primeira safra de uvas fornecidas pela planta. No entanto, o vandalismo e a atitude criminosa não permitiram que isso ocorresse.

O produtor rural Amélio Perin, 68 anos, ainda calcula os prejuízos, mas estima que seja algo entre 100 a 120 mil reais. Na manhã de segunda-feira, 4 de setembro, enquanto iniciava o trabalho nas parreiras, constatou que mais de 1,3 mil haviam sido cortadas propositalmente. No total, foi destruído um hectare da plantação.

Parreiras foram cortadas possivelmente com tesoura ou faca pelos criminosos – Imagem: Laura Gross

No terreno, localizado em Monte Belo do Sul, em Linha Alcântara, estão plantados cerca de 2,5 hectares. Recentemente, Perin vendeu parte de suas terras, e permaneceu com apenas um pedaço menor – agora quase todo destruído pelo vandalismo.

Perin, que vende uvas para a Cooperativa Aurora, sempre trabalhou com isso e diz que é a primeira vez que vê algo do tipo na região. “Só a gente sabe o quanto sofre trabalhando com isso. É muito triste”, lamenta-se. Ainda segundo ele, o prejuízo é ainda pior, já que trata-se da única renda. Ele reside e trabalha na propriedade juntamente com sua esposa.

Uma ocorrência foi registrada na Delegacia de Polícia de Monte Belo do Sul. A ocorrência será encaminhada para um dos delegados de Bento Gonçalves, que decidirá qual despacho irá dar para a ocorrência, e se serão iniciadas investigações. No entanto, dificilmente o crime será solucionado, já que não há câmeras ou testemunhas do fato. Perin afirma não ter desavenças com ninguém, e vizinhos relatam que trata-se de uma pessoa de bom relacionamento com todos na comunidade.

Foi registrado um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Monte Belo – Imagem: Laura Gross

Agora, Perin terá que esperar alguns dias para saber o que fazer. Caso não brote novamente, terá de retirar e começar tudo de novo, e três anos de trabalho serão perdidos. “É uma pena, mas teremos que recomeçar. Não desejo isso para ninguém”, finaliza.

Solidariedade em meio ao prejuízo

No entanto, em meio à tristeza e a desilusão com o trabalho perdido, ainda é possível perceber esperança e solidariedade. De acordo com Perin, muitos vizinhos se ofereceram para ajudar na reconstrução.

Segundo ele, na noite de segunda-feira, 4, o telefone não parou de tocar, com ofertas de auxílio. “Ainda há esperança de que temos pessoas boas dispostas a ajudar”, finaliza.

 

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