Projeto tem algumas ações em prática, como o Vinho Encanado de volta na região central. Além disso, manter as lojas abertas aos domingos é um objetivo a longo prazo

De acordo com o poder público municipal, levando em conta 204 empresas ligadas ao Alvará Turístico, nos meses entre junho e dezembro de 2021, Bento Gonçalves movimentou cerca de R$ 1,3 bilhão. Além disso, apenas nos dois primeiros meses de 2022, mais de 200 mil pessoas visitaram a Capital Nacional do Vinho.

Os dados demonstram que na cidade, unindo o turismo ao comércio é possível que ainda mais bento-gonçalvenses sejam beneficiados pela prosperidade que o solo do vinho proporciona. Pensando nisso, o Bento+20 tem proposta para desenvolvimento dos setores em conjunto nos próximos 20 anos.

A Câmara Técnica (CT) de Comércio tem, em sua planificação, um projeto que visa ‘aproximar as atividades comerciais do turismo’. Na justificativa contida no livro Masterplan, está que ‘integrar forças com outros setores produtivos é uma forma de aumentar as possibilidades de venda no comércio local. O segmento do comércio pode se aproximar dos realizadores de feiras e do trade turístico para fomentar ações conjuntas, incentivar o turismo urbano e, assim, promover o varejo central. Criar promoções nos períodos de feira e renovar menus nos restaurantes, por exemplo, são boas formas de movimentar o setor, gerar renda e também incentivar o turismo’.

O coordenador da CT Comércio, Antônio Natal de Barba, afirma que foi realizado um planejamento estratégico para esse projeto, que tem até 20 anos para ser colocado em prática. “Algumas ações a gente já está começando, mas a nossa missão é fortalecer o comércio integrado ao turismo, que é o objetivo principal. Começamos pela primeira ação, que era de voltar a ter o vinho encanado nas ruas centrais. Hoje são 22 lojas com produtos nas vitrines, que as vinícolas doaram para deixarem expostos até o final da Fenavinho. São vinhos, champanhes, cestas, coisas alusivas”, conta.

Além disso, na terça-feira, 31 de maio, começaram a ser distribuídos cartazes nos comércios da região central e em outras partes da cidade, com o intuito de divulgar a Fenavinho. Para que o plano seja colocado em prática por completo, ao longo dos anos será necessário contar com entidades do município que deem suporte para que os projetos aconteçam. “O Bento+20 está embaixo do guarda-chuva do CIC (Centro da Indústria, Comércio e Serviços), tem também a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), Sindilojas Regional Bento e o Sebrae. Só que para formarmos todo o nosso planejamento estratégico, vamos envolver também o SEC-BG (Sindicato dos Empregados no Comércio de Bento Gonçalves), porque há uma parte que precisa ser negociada com eles, a abertura aos domingos”, salienta.

De acordo com Barba, a ideia é que até outubro deste ano o trabalho seja focado na área central de Bento, mas depois o intuito é expandir para outros bairros. “Sabe-se que hoje nós temos muitos pontos fortes de comércio e não é só no centro que tem o turismo de compras. Toda a região, por exemplo, em volta do L’América tem muita loja e o turista está por aqui, até por função dos shoppings e dos hotéis”, menciona.

Abertura do comércio aos domingos

Conforme o coordenador, na proposta toda há o apoio do poder público. Ademais, Barba menciona que em Bento há muitas vantagens, como bom fluxo de turistas, estações bem definidas, como inverno e verão, turismo de negócios fortalecido, bem como o gastronômico. O Vale dos Vinhedos e Caminhos de Pedra também são locais com passagem constante de turistas. “Isso tudo vem para fortalecer o nosso projeto, só que falta conseguirmos com que patrões e empregados cheguem em um consenso para trabalhar nos domingos e feriados, porque não adianta ter turistas na cidade se o comércio está fechado”, acredita.

O empresário destaca que isso tem sido uma barreira, mas que está sendo negociado aos poucos. “Quando um vê que o outro abre e começa a ter resultado, os outros vão abrir também. É um trabalho de formiguinha, a longo prazo, porque o Bento+20 tem previsão para 20 anos, mas a ideia é chegarmos lá bem antes, irmos evoluindo”, sublinha.

Barba pondera que o turismo está cada vez mais forte e vai continuar dessa forma. “Inicialmente queremos uma vez por mês, ou a cada dois meses, deixar no fim de semana o comércio aberto. Aos poucos, para o pessoal ir se acostumando, agregando. Todas as cidades turísticas começaram assim, tiveram essa dificuldade no início. Só que para isso a gente precisa do apoio de todos”, argumenta.

Dentre os pontos fortes já conquistados pelos comércios de Bento, ele destaca a diversidade de lojas, de operações fortes, força empresarial, apoio das entidades do setor e articulação como meio político, através da Secretaria de Turismo e o Sebrae, considerado muito importante para o desenvolvimento. “Tem o espaço de infraestrutura central que nos permite, hoje, fazer eventos ali no Centro. Temos a Via del Vino que foi projetada justamente para isso”, realça.

Turismo para compras em Bento

De acordo com o 1º vice-presidente para Assuntos de Comércio do CIC-BG, Tiago Casagrande, são vários os projetos em conjunto com o Bento+20 para fomentar o turismo no centro e este, em específico, é significativo para o setor. “É importante, vai gerar muito mais negócios, fazer com que o turista não seja apenas de passeio, mas de compras também. Quando ele vai para o centro, que ele possa apreciar a história do local, que possa ter eventos como o Vinho Encanado, para que também se sinta acolhido ali”, evidencia.

Casagrande enfatiza que se o projeto é levar o turismo para o centro, o ideal seria alterar dias e horários de atendimento, também acrescentando os finais de semana. “O turista hoje vem para Bento, ele visita as vinícolas, os Caminhos de Pedra, o Vale dos Vinhedos, enfim, ele vai ter o passeio dele durante o dia, mas no final do dia ele vai para o hotel, e nesse momento as lojas estão fechadas. A ideia é formar parceria com entidades, sindicato, poder público e juntar informações, ideias, para que a gente possa abrir nos finais de semana, não sendo tão oneroso para o comerciante”, conclui.