A decisão de revogar a licitação para o Contrato de Restauração e Manutenção, o Crema/Serra foi anunciada pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), por meio de publicação no Diário Oficial na última sexta-feira, 4. A previsão inicial era de que fossem reconstruídos quase 200 quilômetros de estradas estaduais na Serra Gaúcha, com um investimento em torno de R$ 140 milhões.

O governador Tarso Genro foi contra os princípios da comunidade gaúcha ao deixar de lado os investimentos na Serra Gaúcha, uma região prioritária em nível de estado, por ser fundamental pelos seus arranjos produtivos e de forte economia no Rio Grande do Sul.

O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul apontou um erro primordial na redação original do edital produzido pelo Daer, que ocasionou todo este problema no último final de semana. Embora a explicação do Governo do Estado seja irrelevante, o revoltante foi a atitude do Estado em noticiar o problema por meio de uma publicação no Diário Oficial, sem antes comunicar o assunto em forma de uma coletiva de imprensa, tratando a população, diga-se de passagem os eleitores, com total descalabro.

Não bastasse isso, a publicação ocorreu em uma sexta-feira à tarde. Quando as autoridades e a comunidade serrana foram comunicadas do ocorrido, as portas do Governo do Estado já estavam fechadas para todos. Soma-se a isso, o fato de no final de semana nenhum representante do Estado atender ao telefone para dar explicações a todos que ficaram perplexos com a surpreendente notícia.

Está correta a Associação das Entidades representativas da Serra Gaúcha (Cics Serra) em afirmar que todo o trabalho de dois anos foi perdido com esta decisão do governo Tarso Genro. O edital revogado previa, além de obras na Serra Gaúcha, mais obras em outras três rodovias gaúchas.

O que a comunidade passa a questionar é a capacidade do governo de encaminhar um projeto desta natureza e acabar revogando-o por forma de uma publicação no Diário Oficial, sem esclarecimentos convincentes.

O Crema Serra, que foi revogado, previa investimento de R$ 140,77 milhões para recuperar a RS-324, entre Nova Araçá e Nova Prata; a RSC-470, entre Nova Prata e Bento Gonçalves; a RS-122, entre Ipê e a localidade de Samuel, na BR-116; e RSC-453 (Rota do Sol), entre Caxias do Sul e Lajeado Grande. O Daer garante que edital deverá ser reaberto ainda em fevereiro.

A partir de hoje, vão iniciar os protestos nas rodovias, com fechamento das mesmas, paralisações e churrascos à beira da estrada. Um direito da comunidade afetada com esta revogação. Um problema criado pelo Governo do Estado, que deve ser o único a resolver tal situação. Anunciar que em 30 dias uma nova licitação e um novo processo vão ser produzidos é brincar com os anseios do cidadão gaúcho, eis que todo mundo sabe que tal processo leva, no mínimo, 90 dias para tal. Depois do churrasco em Cotiporã, quem sabe o governador Tarso Genro não comparece a um churrasco de paralisação da rodovia na Vila Azul? Seria pedir demais?