Estamos vivendo o reflexo de tudo o que de inconsequente vem sendo feito de errado, de equivocado ao longo de décadas. Nós, povo, permitimos que muitas coisas absurdas acontecessem. O golpe militar-civil-midiático de 1964 é, talvez, o maior exemplo de submissão de um povo. Implantaram um regime de força, de exceção, onde as mais basilares liberdades e direitos individuais, inclusive humanos, foram vilipendiados. Uma nação inteira ficou à mercê de grupos que tomaram o poder – e muitos deles continuam no comando, escondidos como morcegos com o sol a pino, mas agindo sub-repticiamente, entupindo seus bolsos e cofres com o dinheiro dos impostos de todos nós – e se locupletaram ao seu bel prazer. Os poucos que reagiram contra o golpe foram assassinados, presos ou deportados. Mas, mesmo com tudo isso devidamente escrito, contabilizado, catalogado, contado e comprovado, ainda há setores da sociedade que aprovaram tais desmandos e até pedem sua repetição. A partir de 1964 tudo foi uma sucessão de golpes. Sim, golpes contra o bolso dos brasileiros, contra tudo o que não fosse ao encontro dos “interésses” dos “donos do Brasil”. Esses “donos” – banqueiros, grandes empresários, usineiros, ruralistas, empreiteiros, etc. – têm se mostrado insaciáveis. Inventaram Sarney como presidente; elegeram Collor (eleito graças à grande mídia, que faz parte desse grupo de “donos”), permitiram que Itamar governasse depois de deporem seu pupilo; deram sequência com fhc (que comprou parlamentares, segundo a imprensa, para passar a Emenda da Reeleição e entregou estatais importantes a preços de bananas a parte desses “donos”); permitiram que Lula fosse eleito duas vezes, depois dele prometer não mexer com seus “interésses” e este, por sua vez, ofereceu Dilma para que pudessem continuar se entupindo de dinheiro. Tudo isso aconteceu (e essa é minha opinião, diante de tudo o que vivi, li, ouvi, pesquisei e constatei, inclusive na imprensa do exterior, menos submissa que a brasileira a esses “interésses”) sob o olhar bovino, complacente, omisso, cordato de um povo que “não quer se incomodar”. O resultado desses desmandos todos seria cobrado, mais dia, menos dia. Pois esse dia chegou. E está afetando até mesmo os “donos do Brasil”, que, provavelmente, calcularam mal os efeitos de sua ganância, tanta foi a sede com que foram ao pote. E é aqui que reside a esperança de que o Brasil possa sair dessa crise político-econômica em que está. Penso assim porque ela está afetando não só o povão, mas a toda essa gente que controla, domina o Brasil pela mídia e pelos políticos a seu soldo. Algumas declarações e notas oficiais que estão sendo divulgadas por eles dão demonstrações claras de que estão sentindo o pepino tanto quanto a maioria está. Respeito, porém, opiniões contrárias ao que aqui escrevi. Afinal, a verdade tem vários lados: o meu, o seu e o verdadeiro, não é mesmo? E a única verdade insofismável de agora é: todos nós precisamos mudar, caso contrário não mudaremos o Brasil.