É verdade que o verão convida a aproveitar mais os momentos de lazer ao ar livre – geralmente resultando em exposições prolongadas ao sol. Essa mudança de rotina pode trazer um risco iminente a saúde: o favorecimento de condições para o surgimento de câncer de pele. Em 2016, segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer), foram registrados mais de 181 mil novos casos da doença no Brasil. Destes, a maioria – cerca de 175 mil – são do tipo não-melanoma, que é menos agressivo e apresenta altos índices de cura quando detectado precocemente. Os demais são do tipo melanoma, que tem uma elevada taxa de mortalidade. O total de casos no ano chega a pouco menos de seis mil – e o número de óbitos relacionados a este tipo de câncer é de aproximadamente 1.500 pessoas.

Alarmada por esses dados, a Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves reforça as ações de conscientização, com orientações e entrega de material informativo para prevenção do câncer de pele – o tipo mais frequente da doença no país. Uma das ações de destaque ocorreu na manhã de sexta-feira (13), com a distribuição de material informativo para os colaboradores da cooperativa vitivinícola Aurora, em Bento Gonçalves. “Nosso trabalho de sensibilização visa alertar as pessoas para que monitorem seus hábitos e identifiquem como se prevenir nas situações do dia a dia. Esses pequenos cuidados rotineiros fazem a diferença na manutenção da saúde”, destaca a presidente da entidade, Maria Lúcia Gava Severa.

O principal fator de risco associados à doença é a exposição excessiva aos raios solares (ultravioletas). Outros fatores, como por exemplo irritações crônicas (úlcera angiodérmica e cicatriz de queimadura) e a exposição a agentes químicos, como o arsênico, também podem resultar no surgimento da enfermidade. Por isso, o alerta também vale não só para quem está curtido o veraneio, mas também para trabalhadores que exercitam suas funções em espaços externos ou ficam expostos a situações de risco em potencial – em especial os agricultores, no período de safra.

Com relação ao melanoma, também é preciso levar em conta outros aspectos, como história prévia de câncer de pele, história familiar de melanoma, nevo congênito (pinta escura), xeroderma pigmentoso (doença congênita que se caracteriza pela intolerância total da pele ao sol, com queimaduras externas, lesões crônicas e tumores múltiplos) e o nevo displásico (lesões escuras da pele com alterações celulares pré-cancerosas).

Detecção precoce

Os sintomas e sinais mais comuns apresentados são: mancha que coça, dói, sangra ou descama; ferida que não cicatriza em quatro semanas; sinal que muda de cor, textura, tamanho, espessura ou contornos; e elevação ou nódulo que aumenta de tamanho e tem aparência perolada, translúcida, avermelhada ou escura. Para detectar essas alterações, a orientação é fazer um autoexame – se encontrado ainda no estágio inicial, antes de invadir de forma mais profunda a pele, o câncer tem mais chances de cura (confira as instruções abaixo). “Não há nada mais importante do que estar atento aos sinais do corpo, que sempre nos indicam quando algo não está bem. Se essas alterações forem percebidas, deve-se consultar um médico o quanto antes, para que o tratamento resulte em cura. Muitas vezes, por desconhecimento, as pessoas ignoram os riscos de se expor de forma excessiva ao sol, então esse é um tema que também é tratado como prioridade pela Liga”, afirma a presidente da entidade, Maria Lúcia Gava Severa.

Prevenção

Embora seja mais comum em adultos a partir dos 40 anos, o câncer de pela vem atingindo cada vez mais jovens, principalmente pelos longos períodos sob o sol sem os devidos cuidados. A principal indicação para a prevenção é evitar a exposição solar no período das 10h às 16h, intervalo em que a incidência dos raios ultravioletas é maior. Além disso, é extremamente importante usar filtros solares com fator de proteção 15 ou mais, além de chapéus, guarda-sol e óculos escuros.

Como fazer o autoexame:

1) Em frente a um espelho, com os braços levantados, examine seu corpo de frente, de costas e os lados direito e esquerdo;
2) Dobre os cotovelos e observe cuidadosamente as mãos, os antebraços, os braços e as axilas;
3) Examine as partes da frente, de trás e dos lados das pernas, além da região genital;
4) Sentado, examine atentamente a planta e o peito dos pés, e também entre os dedos;
5) Com o auxílio de um espelho de mão e de uma escova ou secador, examine o couro cabeludo, o pescoço e as orelhas;
6) Por fim, ainda com auxílio do espelho de mão, examine as costas e as nádegas.
– Caso encontre qualquer diferença ou alteração, procure orientação médica.

Importante: o ABCD da transformação de uma pinta em melanoma:

– Assimetria: uma metade diferente da outra
– Bordas irregulares: contorno mal definido
– Cor variável: várias cores numa mesma lesão (preta, castanho, branca, avermelhada ou azul)
– Diâmetro: maior que 6mm

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário.