Foi a partir de 1885 que as terras localizadas às margens do Rio Taquari, onde hoje se localiza a Linha José Júlio, interior do município de Santa Tereza, começaram a ser colonizadas por imigrantes italianos e poloneses. O transporte, à época, era feito por balsas e, o Rio, considerado um verdadeiro porto, uma vez que era a única ligação com outros municípios e Porto Alegre.
Foi através dos contatos, principalmente com a capital do Estado, que se deu a grande influência porto-alegrense, não só na economia, mas também na arquitetura em alvenaria. Além disso, a então vila teve a honra de receber ilustres visitantes que colocaram seu trabalho à disposição da comunidade, o que contribuiu para o desenvolvimento do local.
Comemorar 31 anos para o município, filho de Bento Gonçalves, é motivo de orgulho para toda a comunidade. Santa Tereza se desenvolve timidamente, ainda tem jeitinho de interior, mas é na agricultura e no turismo que vem se destacando. O desenvolvimento tem se dado de forma ordeira e, mais ainda, a expectativa aumenta a partir da conclusão da ligação asfáltica com o município, Muçum, através da Rota do Pão e do Vinho. A inauguração do Cristo Protetor, em Encantado, também deverá trazer milhares de turistas e visitantes para a região, o que contribuirá ainda mais com a atração de novos investimentos para a cidade.
Para a prefeita de Santa Tereza, Gisele Caumo, todas as conquistas durante esses 31 anos de emancipação política representam evolução. “Se tivesse que resumir tudo isso numa só palavra, eu utilizaria evolução. Mas acho muito importante destacar, e destaco isso com grande ênfase, que nós devemos angariar todas as conquistas, e não somente elas, o trabalho, a luta, as abdicações que tiveram no passado, antes do processo de emancipação, devem ser extremamente reverenciadas. Eu acredito que elas foram fatores essenciais para que nós pudéssemos chegar à proeza dos dias atuais. É sempre muito importante valorizar o passado, conhecer a história, buscar este legado de trabalho, para sim consolidar a continuidade destas edificações no presente. Tenho a certeza que, com planejamento e organização, conseguiremos semear um futuro promissor para as novas gerações”, enfatiza.
Os produtos locais, a religiosidade e, acima de tudo, as belezas naturais, fazem com que o “pequeno paraíso” encante os olhos e o coração de todos que vivem no local e por ele passam. “Todas as áreas são importantes e são de extrema relevância para nossa gestão. Os investimentos são balizados e realizados de acordo com um planejamento que foi ancorado no nosso Plano de Governo, que é um compromisso fidedigno que assumi com a comunidade. Essa organização foi baseada no orçamento anual, diante das necessidades e demandas urgentes, apresentadas por cada segmento”, afirma.
De acordo com Gisele, a saúde é uma das áreas que mais exige investimentos de forma constante, afinal, trata da vida das pessoas. “Não mensuramos esforços para aprimorar cada vez mais esse setor. Esse seria o mais evoluído e de maior interesse, porque trata do bem estar da nossa gente”, diz.
Além disso, a cidade trabalha intensamente para alavancar o setor do turismo, que é uma aposta latente da gestão atual. “Somos sabedores e conhecedores do nosso potencial. Estamos certos de que logo iremos colher frutos em relação a esse nicho”, frisa.
Ações na educação também estão sendo desenvolvidas. “Com a municipalização dos primeiros anos do ensino fundamental, inclusão do inglês e do italiano no currículo, a ginástica cerebral, o canto, a educação física, tudo isso ofertado aos alunos do primeiro ao quinto ano e no contraturno a todos os munícipes”, valoriza.
Conforme a prefeita, a gestão foi assumida em meio a pandemia, mas mesmo sabendo da situação, não baixou a cabeça. “Trabalhamos arduamente, tanto que, em 2021, a arrecadação superou, embora de forma modesta, todas as expectativas que estavam previstas. Nos dedicamos para 2022 e 2023, não somente através de nosso orçamento, mas também através de recursos que foram angariados tanto na esfera estadual e federal”, relata.
Santa Tereza tem um dos mais importantes núcleos de imigração italiana do Brasil. Sua arquitetura eclética mantém os elementos culturais trazidos do norte da Itália sendo frequentemente comparada à das aldeias daquela região. “Em pouco mais de dois anos de gestão tivemos importantes conquistas em todas as áreas. Santa Tereza está num cenário de prosperidade, que pode ser aliado ao conceito de promissor. Esperamos manter pelo restante do mandato, objetivando deixar um legado a toda nossa comunidade, ao nosso povo ordeiro, que é por eles e para eles que tanto nos esforçamos”, diz a prefeita.
Mas dentro de uma gestão, nem tudo são flores. “Os problemas, os gargalos, as dificuldades são constantes. Procuramos trabalhar com planejamento, como já citei anteriormente. Por vir da iniciativa privada, trabalhamos de uma forma planejada a curto, médio e longo prazo. Todas as áreas apresentam gargalos, mas posso afirmar que hoje já há uma redução significativa”, informa.
Segundo Gisele, questões diárias já foram administradas com a busca de soluções para que sejam resolvidas de uma forma rápida e com resultados que sejam definitivos, e não momentâneos. “Um dos problemas mais significativos que encontrei foi a questão da água. Eu já tinha ciência disso, porque enquanto vereadora cobrei muito. Hoje sou feliz e profiro com grande orgulho que um percentual bem expressivo, no que condiz soluções, foram encontradas. Já perfuramos três poços de aquíferos, que suprirão as necessidades das nossas comunidades do interior. Substituímos muitos metros de canalização em várias localidades. A linha Graciema Baixa é uma que teve toda sua rede nova, que é abastecida por um poço de aquífero, que enfrentava um problema bastante expressivo, e que está solucionado”, recorda.
Economia Local
Santa Tereza baseia-se economicamente na agricultura, com destaque no cultivo das parreiras, hortifrutigranjeiros, na criação de suínos, móveis para exportação, metalurgia, plásticos, agroindústrias e artesanato.
O solo do Vale do Taquari é considerado altamente fértil, propício ao cultivo da cana-de-açúcar, com o qual é elaborada a cachaça desde os primórdios de sua ocupação.
O turista pode usufruir da hospitalidade dos empreendimentos, visitação, degustação e varejo. “Para mim todas as áreas, absolutamente todas, são importantes, desde a saúde, educação, obras, turismo, agricultura, administração, fazenda, esportes, assistência. Por isso que, cada uma, com suas características, foram e serão tratadas como prioritárias durante todo o nosso Governo. Elencamos as prioridades de acordo com as necessidades apresentadas por quem vivencia elas, que são as pessoas da nossa comunidade”, finaliza.
Um pouco de história
Distrito criado com a denominação de Santa Tereza pelo Ato Municipal nº 5, de 15/10/1916, subordinado ao município de Bento Gonçalves. Pelo Decreto Estadual nº 720, de 29/12/1944, o distrito de Santa Tereza toma o nome de Aratinga. Pela Lei Municipal nº 85, de 19/12/1949, o distrito de Aratinga volta a denominar-se Santa Tereza. Desmembrado de Bento Gonçalves, Santa Tereza é elevado à categoria de município pela Lei Estadual nº 9.627, de 20/03/1992. O município é instalado em 1º/01/1993, constituído do distrito-sede.
Segundo o livro “Tombo da Paróquia”, Santa Tereza foi assim denominada pelo padre Dom Giosué Bardin, que teria acrescentado o “Santa”, fazendo referência ao engenheiro Joaquim Rodrigues Antunes, funcionário agrimensor e traçador dos lotes coloniais da Intendência de Montenegro que, em 1885, teria homenageado a própria esposa. Este registro foi efetuado após a Proclamação da República. A Tereza a qual o engenheiro se referia era a esposa do Imperador Dom Pedro II, que para os chefes republicanos, seria conveniente omitir.
O batismo das localidades durante o período do Império seguia a lógica de atribuir locais importantes sempre e, primeiramente, as autoridades máximas da Família Imperial. Uma delas, a que atribuiu o nome ao município, a imperatriz e esposa do imperador, Tereza Cristina Maria de Bourbon.
Texto: Mônica Rachele
Foto: Luís Cortelini