Conforme engenheiro agrônomo da Emater de Pinto Bandeira, são cultivados cerca de 1.425 hectares de ameixeira na Serra Gaúcha. Além disso, o presidente do STR-BG comenta o fim da safra de pêssego, que foi boa em relação aos outros anos

Além da uva, outras variedades também estão na época de safra atualmente. Entre elas, ameixa e pêssego são duas importantes frutas para o desenvolvimento da região, principalmente Pinto Bandeira.
De acordo com o engenheiro agrônomo e chefe do Escritório da Emater da Capital Estadual do Pêssego de Mesa, Alexandre de Oliveira Frozza, são cultivados cerca de 1.425 hectares de ameixeira na Serra Gaúcha. “Destacam-se os municípios de Caxias do Sul, Antônio Prado, Ipê, Farroupilha, Pinto Bandeira, Campestre da Serra e Bento Gonçalves como os principais produtores tanto em área quanto em volume de produção”, cita.

O engenheiro destaca que as ameixas tiveram o cultivo prejudicado por conta da condição climática, pois é uma frutífera de clima temperado que entra em dormência vegetativa no período do inverno. “Para iniciar adequadamente um novo ciclo vegetativo e produtivo é necessário que uma certa quantidade de temperatura abaixo de 7,2 °C seja atendida. Nesse sentido, houve um bom acúmulo de horas de frio que permitiu uma brotação e floração satisfatória na maioria dos pomares”, expõe.

Contudo, ele acentua que, justamente durante a floração da ameixeira, ocorreram geadas localizadas, principalmente em locais de acumulo de ar frio, que resultou em perdas nestes locais. “No final da maturação, alguns pomares sofreram um pouco com a estiagem, reduzindo o tamanho do fruto. E mais recentemente houve a ocorrência de granizo em determinados locais, que acabaram por também resultar em danos e perdas na cultivar tardia Letícia”, explica.

Conforme Frozza, apesar de perdas em determinados locais em virtude de geadas ocorridas nos meses de agosto e setembro, “principalmente na cultivar de ciclo médio Fortune, a mais cultivada na região, e mais recentemente pelo granizo na cultivar tardia Letícia, observou-se, no geral, frutos de boa qualidade em termos de sanidade, coloração e tamanho”, menciona.

No momento, a variedade Letícia está sendo colhida. “O fechamento da safra em números requer mais alguns dias. Porém, diferentemente do ano passado, não se observou uma estiagem tão severa, o que já possibilitou que os frutos apresentassem tamanho mais adequado para comercialização e as plantas não sofressem tanto com o estresse hídrico”, esclarece.

A expectativa é que a colheita seja finalizada ainda neste mês, sendo importante destacar que, mesmo com as perdas em alguns lugares por conta da geada, granizo e um pouco da estiagem, muitos produtores observaram uma produção dentro do normal e com boa qualidade em seus pomares. “Nesse sentido, a definição da produção na Serra Gaúcha ainda vai demandar da finalização da colheita e a compilação de dados de cada município para se ter um panorama geral”, sublinha.

Como funciona a maturação da ameixa?

Conforme o profissional da Emater, a maturação dos frutos da ameixeira, assim como de outras espécies, envolve uma série de processos fisiológicos. “Eles resultarão em alterações na cor, sabor, aroma e firmeza de polpa, tornando o fruto adequado para consumo”, aponta.

Além disso, Frozza enfatiza que determinar o ponto de colheita do fruto da ameixeira é de extrema importância para que se assegure uma boa conservação em câmara fria. “Adequada resistência ao manuseio e transporte e que atenda a demanda do consumidor por frutos de qualidade. Cor da casca, firmeza de polpa e teor de açúcares são os índices de maturação mais usuais para a determinação do ponto de colheita. Recomenda-se que sempre se utilize dois ou mais índices para minimizar erros”, aconselha.

Características da fruta

O engenheiro pontua que as principais características organolépticas definem o ponto de colheita e o padrão de qualidade para consumo dos frutos da ameixeira. “Em relação à coloração, a adoção da prática de manejo de poda verde por parte dos produtores possibilitará que ocorra uma exposição mais adequada dos frutos aos raios solares, potencializando o ganho de cor. A relação entre os sólidos solúveis e a acidez é o que define o ponto de consumo do fruto da ameixeira. Dessa forma, reforça-se a necessidade de que os índices de maturação citados sejam utilizados para determinar o ponto de colheita, visando um fruto com boa qualidade de consumo”, salienta.

Frozza diz que, conforme o estágio de maturação, os frutos das ameixeiras são colhidos manualmente e postos em sacolas específicas para a colheita, sendo colocados na sequência em caixas plásticas de mais ou menos 20 kg de frutos ou em bins (caixas) que comportam um maior volume de frutos. “Facilita a logística de transporte do pomar até o packing house. A colheita é realizada geralmente em três a cinco passadas no pomar, a cada dois ou cinco dias. Por se tratar de um fruto com casca e polpa muito sensíveis, é fundamental que não ocorra nenhum dano físico ou mecânico tanto na colheita quanto no transporte”, analisa.

Após a colheita, quando chegam no packing house, o chefe da Emater de Pinto Bandeira ressalta que os frutos passam etapas e processos de resfriamento rápido, além de seleção, classificação e armazenagem refrigerada. “Por se tratar de uma espécie climatérica, os frutos da ameixeira podem continuar o processo de maturação após colhidos, que é observado através do amolecimento da polpa, da coloração avermelhada ou arroxeada da casca, do aroma e do teor de açúcares. Dessa forma, a etapa de pré-resfriamento é fundamental para que o fruto que chega ‘quente’ do campo possa, através da redução de sua temperatura, diminuir a sua taxa respiratória e produção de etileno, que estão diretamente envolvidos na maturação dos frutos”, realça.

Posteriormente, como explica o profissional, prossegue-se com a seleção e classificação dos frutos para comercialização. “A armazenagem refrigerada possibilita também limitar o processo de maturação e que os frutos possam ser comercializados em momento mais oportuno e transportados a longas distâncias, em caminhões com refrigeração”, declara.

Ameixa e sua importância para os produtores

Segundo o engenheiro, historicamente a ameixa é um fruto com maior precificação em relação ao pêssego. “Dessa forma, é uma cultura que agrega bastante valor à produção nas propriedades, além de ser mais uma opção para diversificação da produção, permitindo que se otimize o uso da mão de obra e se reduza o risco de perder toda a renda da propriedade caso ocorra algum evento climático adverso, como geada, granizo, seca, entre outros”, frisa.

O produtor Charles Strapazzon, do distrito de São Pedro, no Caminhos de Pedras, em Bento Gonçalves, comenta que o aspecto da ameixa nesta safra está bom, pois o clima colaborou. “Fez um pouco de seca no fim, mas quase não atrapalhou. Em questão de quantidade, foi uma meia safra. Poderia produzir mais, porém a geada estragou. Os pomares mais de baixada não carregou, e os outros carregaram cerca de meia safra, um pouco mais. Mas foram frutas bonitas, então compensou”, menciona.

Para o agricultor, a colheita começou no início de dezembro. “Estou com a última variedade agora e vai até o dia 10 de fevereiro, mais ou menos. Tenho as ameixas Fortune e Letícia”, conta.

Safra do pêssego

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira (STR-BG), Cedenir Postal, explica que a safra do pêssego foi boa em relação aos outros anos. “Não teve problemas com geadas e nem um excesso de produção”, pondera.

Ele cita também o preço da fruta, que ficou em um patamar bom. “A qualidade também está boa, porque choveu de forma adequada. A safra está terminando, nos pés têm pouca fruta. Tem alguma coisa que está armazenada em câmara fria, mas acredito que nos próximos dias isso já termine e os pêssegos sejam comercializados. A quantidade é de uma safra normal”, conclui.

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