Em 1975, 34% da população mundial habitava assentamentos urbanos, número que passa a 48% em 2000, e que deve atingir 61% em 2025. Na América Latina, o percentual, em 2025, será de 84,67%. No Brasil, estima-se uma taxa de urbanização de 88,94%, em 2020. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1940 revelam a presença de mais de 80% da população na área rural, número que se inverte ao longo de cinquenta anos.

Em Bento Gonçalves e também nos municípios da região, a ausência de planejamento, a carência de recursos e serviços de toda ordem e a estrutura física obsoleta promoveram o “boom” da questão urbana, com grande impacto sobre o meio ambiente urbano. Nas cidades, surgem novos hábitos de consumo que alteram o volume e a composição dos resíduos dele decorrentes.

A ideia inicial relacionada aos resíduos sólidos de que era suficiente somente afastá-los dos núcleos populacionais e retirá-los dos centros de geração evoluiu para o seu correto tratamento e disposição final durante os últimos anos. Entretanto, uma vez que as tecnologias de tratamento muitas vezes são limitadas e onerosas e que os locais para a disposição adequada dos resíduos possuem uma vida útil determinada e tornam-se focos potenciais de contaminação ambiental, a solução que vem recebendo grande parte das atenções atuais mundialmente tem sido a redução da geração dos resíduos, e não mais apenas o seu gerenciamento adequado. Neste contexto, a ecoeficiência aparece como uma ferramenta capaz de auxiliar na não geração/redução da geração, identificando os aspectos econômicos e ambientais relativos à produção de resíduos sólidos.

Comparada a muitas cidades brasileiras, a Capital do Vinho está muito a frente no que diz respeito à destinação de seus resíduos sólidos. O fato de não termos lixões a céu aberto já é um grande passo. Porém, é preciso avançar e os estudos devem começar em breve. A ideia do Cisga (consórcio de 10 municípios da região) de contratar uma consultoria para indicar caminhos é louvável e chega em boa hora. Existem hoje muitas alternativas para a reutilização do lixo, desde a simples reciclagem até a geração de energia.

O trabalho preventivo é necessário e a população precisa se engajar nesta luta pela preservação ambiental. A separação do lixo de forma correta seria um grande passo pois, nos dias atuais, Bento Gonçalves recicla apenas 22% de todo o lixo que é produzido no município. Se cada cidadão fizer um pouquinho, mais resíduos sólidos serão reaproveitados.