Municípios como Bento Gonçalves, Santa Tereza e Cotiporã estão tomando medidas para o reestabelecimento das estruturas
As cidades da região enfrentam um grande desafio na reconstrução de suas pontes, essenciais para a mobilidade e economia local. Em maio deste ano, um total de seis pontes foram destruídas em diferentes localidades de Bento Gonçalves, além dos municípios de Cotiporã, São Valentim do Sul e Santa Tereza, impactando significativamente o turismo e o escoamento da safra agrícola.
Pontes destruídas
Segundo a diretora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Bento Gonçalves (IPURB), Melissa Bertoletti Gauer, as estruturas estavam localizadas em pontos estratégicos do município, tais como a que conecta Bento Gonçalves a Cotiporã; duas no Vale Aurora; a ponte da Linha Zemith; uma no 40 da Graciema, uma da ERS-444 e a ponte em Santo Antônio da Paulina. Todas danificadas pelas fortes chuvas e enchentes que atingiram o estado.
De acordo com Melissa, a manutenção das pontes já está em andamento, embora em diferentes estágios de progresso. “Na Linha Zemith, no 40 da Graciema e na ERS-444 já foram reconstruídas”, afirma a diretora. As pontes do Vale Aurora e Santo Antônio da Paulina, estão em processo de contratação de demais empresas para a execução das obras.
Um destaque importante é a ponte entre Bento Gonçalves e Cotiporã, cujo financiamento vem do Governo Federal. O projeto, avaliado em R$ 4.581.186,95, faz parte de uma destinação realizada pelo Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil.
As pontes de Linha Zemith, 40 da Graciema e ERS-444 foram financiadas pelo programa “Unidos Por Bento”. “Para as demais, o município cadastrou os projetos no programa federal da Defesa Civil e fomos contemplados”, detalha Melissa.
Impactos no Município
A destruição das pontes ainda causa transtornos consideráveis para Bento Gonçalves. “Esses acessos são fundamentais para o escoamento da safra e principalmente para os acessos às comunidades”, pontua a diretora. Quanto ao prazo para a finalização das obras, Melissa destaca que depende do andamento dos processos de contratação das empresas responsáveis pelas construções.
Pontes das rodovias estaduais atingidas
As chuvas intensas que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição, especialmente nas infraestruturas rodoviárias do estado. O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informou que oito pontes estaduais sofreram danos significativos, algumas colapsando totalmente. Estas estruturas, fundamentais para a conexão entre diversas regiões, estão entre as 30 obras prioritárias do Governo do Estado, que buscam soluções emergenciais para mitigar os impactos causados à população, à economia e ao turismo local.
As oito pontes estaduais afetadas pelas chuvas estão localizadas em diferentes rodovias: VRS-843, entre Feliz e Linha Nova; ERS-530, entre Dilermando de Aguiar e São Pedro do Sul; ERS-348, em dois trechos, entre Faxinal do Soturno e Ivorá, entre São João do Polêsine e Ivorá; ERS-417, entre Itati e Três Forquilhas; ERS-441, entre Vista Alegre do Prata e Nova Prata; RSC-471, entre Sinimbu e Winck e ERS-433, entre Relvado e Encantado. Conforme o Daer, essas pontes sofreram danos estruturais graves, comprometendo a segurança e a mobilidade nas regiões afetadas.
Medidas de Recuperação
Para enfrentar a situação, o Governo do Estado incluiu essas pontes em sua lista de prioridades, focando na elaboração de contratos emergenciais e na captação de recursos junto ao Governo Federal. Segundo o Daer, o primeiro passo concreto foi dado com a assinatura do contrato para a construção da ponte na VRS-843, entre Feliz e Linha Nova, em 8 de agosto. Esta obra, financiada pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, conta com um investimento de R$ 11,7 milhões e tem prazo de conclusão para 2025.
Os procedimentos para a supervisão ou reparo das demais pontes ainda estão em fase de planejamento, e o Governo do Estado estima que serão necessários R$ 76,4 milhões para cobrir todos os custos das obras.
Impacto para a população, economia e turismo
Os danos às pontes não afetam apenas a infraestrutura, mas também a vida cotidiana das pessoas que dependem dessas rodovias para deslocamento. As interferências nas vias geram dificuldades para o transporte de mercadorias, especialmente em regiões agrícolas, onde o escoamento da produção é crucial para a economia local. Além disso, o turismo, uma das principais atividades econômicas em algumas dessas áreas, também tem sido prejudicado, uma vez que a acessibilidade a pontos turísticos foi comprometida.
A situação das pontes em Santa Tereza
Assim como em várias cidades do Rio Grande do Sul, Santa Tereza também sofreu com a destruição de suas pontes devido às fortes chuvas de maio. A cidade, que depende de uma rede de pontes para conectar suas comunidades e manter a economia local em funcionamento, viu várias dessas estruturas danificadas ou completamente destruídas, sendo ao todo 10.
Segundo informações da prefeitura de Santa Tereza, várias pontes sobre os arroios Marrecão e 22 foram impactadas. As estruturas sobre o Arroio Marrecão, na Avenida Itália, e em Nova Esperança, na localidade Mezzomo, foram completamente destruídas. Outras oito passaram por danos menores. A passagem da Rota Caminhos do Pão e do Vinho, Cachaçaria, sofreu danos nas cabeceiras, assim como a ERS-444 sobre o Arroio 22. As construções sobre o Arroio Marrecão, Moinho; Arroio Marrecão, Ceriotti; Arroio Marrecão, entrada da cidade; a estrutura sobre o Arroio 22, interior da Pederneira; a estrutura metálica sobre o Arroio 22 e a passagem em Nova Esperança também apresentaram danos, mas não foram totalmente destruídas.
Para solucionar os problemas causados pela destruição das pontes, a prefeitura de Santa Tereza cadastrou planos de trabalho na Defesa Civil Nacional, buscando verbas para reconstruir ou reparar as estruturas danificadas. “Enquanto não é liberado recurso, a prefeitura realizou medidas paliativas a fim de permitir o tráfego, com exceção da ponte da Avenida Itália que era uma estrutura maior e que foi totalmente destruída. Para se chegar às comunidades que eram ligadas por esta ponte tem a opção de acesso por um desvio, por um caminho um pouco mais distante, mas que permite a conexão a essa região um pouco mais difícil de chegar”, pontua a secretária da Fazenda de Santa Tereza, Virgínia Furlanetto.
Ela acrescenta que para essa ponte e outras três, há um processo de contratação da empresa em andamento. “As demais estão inclusas em outros planos de trabalho, como por exemplo a da Rota pelos Caminhos do Pão e do Vinho, que envolve um trabalho maior, de outro plano, que também já foi aprovado. A que liga a Linha Ceriotti, outro exemplo, não teve o plano de trabalho aprovado ainda. Já foi cadastrado, e estamos aguardando retorno”, detalha.
Prejuízos estimados
O prejuízo total causado pela destruição das estruturas em Santa Tereza foi estimado em cerca de R$ 6 milhões. Esse valor reflete tanto os danos materiais quanto os custos envolvidos nas medidas emergenciais.
Segundo a secretária, embora alguns planos de trabalho já tenham sido aprovados e o processo de licitação esteja em andamento, não há prazos definidos para a conclusão das obras. A ponte da Avenida Itália, por exemplo, está entre as prioridades, mas ainda não há uma data certa para sua finalização.
A situação em Santa Tereza exemplifica os desafios enfrentados por pequenos municípios no enfrentamento de desastres naturais e a complexidade do processo de documentação, que depende de recursos externos e de um planejamento cuidadoso. A população, por enquanto, segue se adaptando à nova realidade enquanto aguarda a conclusão.
O cenário em Cotiporã
A prefeitura de Cotiporã informou que das principais pontes que ligam o município foram mais impactadas as construções sobre o Rio Carreiro, destruída em setembro do ano passado, e sobre o Rio das Antas, em maio.
Segundo o prefeito de Cotiporã, Ivelton Mateus Zardo, já estão sendo elaboradas estruturas metálicas. “Foram feitas as partes de demolição, da outra parte que sobrou e agora precisa um reforço num pilar. Depois começa a montagem das estruturas”, pontua. Ele salienta que a previsão de finalização da reconstrução das duas pontes é para final de outubro e início de novembro, estando a empresa vencedora com os prazos estipulados. “As duas estão ocorrendo no sistema de construção através de uma empresa, que foi contratada, que está tocando as duas obras ao mesmo tempo. É a mesma empresa que vai reconstruir as duas. Os recursos da ponte do Rio das Antas estão vindo através da Defesa Civil. O município de Cotiporã buscou através de um cadastro na Defesa Civil e conseguiu esse valor de aproximadamente 4,5 milhões da União e a ponte do Rio Carreiro são de recursos advindos da iniciativa privada, doações de pessoas e instituições, com destaque para o Instituto Ling através do Reconstrói RS, que doou R$ 900 mil”, ressalta.
Sobre os impactos na economia, Zardo destaca que houve uma baixa no turismo. “Impactou na economia, a questão turística deu uma parada, o pessoal não vem mais para Cotiporã por causa dos acessos e outro ponto é que gera mais custos para o escoamento da produção, para as empresas que tem que dar toda a volta”, pontua.
Ele destaca que com a liberação da BR-470 vai ficar melhor a mobilidade na região, já que desde quinta-feira, 15 de agosto, as carretas já podem circular, seguindo pelo sistema de comboio, em horário pré-definido.
Já em São Valentim do Sul, apenas duas pontes foram avariadas, ambas do Arroio Fazendinha. Segundo a prefeitura, a ponte localizada em Linha Fazendinha será reconstruída com apoio do Governo Federal e a estrutura na comunidade São Jerônimo (Barra) será reconstruída com recursos do município.