Pandemia seria o motivo da baixa adesão. Em Bento Gonçalves, dados apontam baixa no índice do esquema básico de vacinação em 2021
Casos de poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, foram registrados em Israel e uma nova cepa foi identificada no Malaui, no sudeste da África. O reaparecimento da doença nesses países acendeu um alerta para todas as nações do mundo. No Brasil, o último caso de pólio foi detectado em 1989 e o certificado de erradicação foi emitido em 1994. No entanto, a baixa cobertura vacinal nos últimos anos no país preocupa especialistas.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual.
O esquema vacinal completo compreende cinco doses: três injetáveis disponibilizadas às crianças aos dois, quatro e seis meses (chamado esquema básico) e duas doses de reforço com a vacina oral bivalente (gotinha) entre 15 e 18 meses e aos quatro anos.
No Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal contra a poliomielite vem registrando queda. Em 2019, a porcentagem de público-alvo vacinado com o esquema básico foi de 84,19%. No ano de 2020, com a pandemia, esse número chegou a 76%. Em 2021, a taxa baixou mais ainda, indo a 67,71%.
Em Bento Gonçalves, os números também registraram uma baixa na adesão. Dados disponibilizados pelo setor de Imunização, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), revelam que em 2019 a cobertura de vacinação se encontrava em 98,7%, em 2020 baixou para 90,79% e em 2021, o índice chegou a 87%, com relação à terceira dose.
No entanto, conforme a coordenadora do setor, Luiza do Rosário, os percentuais relacionados a segunda dose de reforço (quinta dose) são positivos. “Tivemos uma queda no ano passado, acreditamos que em função da pandemia. Todas as vacinas tiveram uma baixa. Em 2020, o nosso percentual do segundo reforço ficou em 130%. Isso porque acabamos vacinando várias pessoas de outras cidades, que estão no município a passeio ou se mudaram para cá, então fica um pouco acima da população indicada que a gente tem. No ano de 2021 foi uma queda na terceira dose. Depois, em compensação, nos 4 anos, fomos a 106% de cobertura vacinal da poliomielite oral”, ressalta.
Os dados de 2022 ainda não podem ser contabilizados, mas a profissional se demonstra otimista. “Nesse ano não consigo falar ainda em percentual, mas os nossos índices estão bons. Até o momento nós deveríamos ter em torno de 320, 325, vacinados com a terceira dose e nós já estamos com 331 crianças imunizadas”, comemora.
Luiza ressalta que é realizado um trabalho de conscientização e acompanhamento das crianças. “Trabalhamos com nossas agentes de saúde, nas salas de vacina das unidades básicas de saúde, ressaltando a importância da vacinação da pólio para que não tenhamos um retorno e continue erradicada. Conforme as crianças chegam, a carteirinha de vacinação é avaliada. Além disso, temos o sistema informatizado, onde é feito o acompanhamento, tendo em vista as crianças que estão com as vacinas em atraso, as unidades conseguem entrar em contato. Isso também é um trabalho das agentes de saúde. Nas ESF’s elas conseguem acompanhar a carteira de vacinação nas casas e entrar em contato com a sala de vacina para que seja feita essa busca ativa”, destaca.