“Saúde e Cidadania” é fruto da parceria entre a Associação dos Deficientes Visuais de Bento Gonçalves (ADVBG) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRS) – campus Bento, que proporciona acesso semanal à academia do local para a prática de exercícios físicos

O exercício físico está ligado a diversos fatores, além da saúde física, mental, mas também a de socialização, em alguns casos. Pensando nisso, a Associação dos Deficientes Visuais de Bento Gonçalves (ADVBG), formalizou um convênio junto ao campus do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFRS), campus Bento Gonçalves. O projeto é vinculado ao Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE), e ligado diretamente ao projeto Saúde e Cidadania, da entidade, que além de proporcionar atividade física, também trabalha com grupos de convivência.


O número de participantes na musculação chega a 15, mas o grupo é dividido em duas turmas, que praticam as atividades nos horários das 14h e às 16h, nas terças-feiras.
Segundo o Guia de Atividade Física para a População Brasileira do Ministério da Saúde, apesar das dificuldades, é necessário encontrar formas de ser mais ativo, seja realizando atividades mais individualizadas, considerando as especificidades de cada um, ou através de ações em grupo, que proporcionam socialização e interação. Por se tratar de pessoas com deficiência, a proposta é totalmente adaptada, confortável e segura aos participantes.


A assistente social da entidade, Ivani Casagrande, explica como a proposta foi pensada e colocada em prática. “O Projeto Saúde e Cidadania visa oportunizar aos deficientes visuais, idosos e seus familiares, a realização de atividades físicas e de interação, proporcionando saúde física, mental e emocional. A prática oportuniza o sentimento de igualdade, favorece a autoconfiança, o desenvolvimento da linguagem corporal, equilíbrio, autonomia e cooperação, sendo fundamental para o progresso global do indivíduo”, declara.


A coordenadora Eloísa Morasutti, assegura que não existe processo seletivo para participação. A atividade é oferecida a todos os participantes da associação, e a adesão ocorre de forma espontânea, já que ela entende a importância para o público. “A educação física na perspectiva inclusiva procura trabalhar o conhecimento da cultura corporal, e não o desenvolvimento de aptidões físicas. Então a iniciativa visa reduzir situações de isolamento, solidão, promove autonomia, alegria e bem-estar”, instrui.


Por fim, Ivani traz que já é possível notar a adesão dos usuários, e que todos têm demonstrado gostar da prática. “O que vimos de resultados nos primeiros encontros, já que fizemos um trabalho de convivência sobre o que eles sentiram, foi nítido tanto nos relatos verbais, quanto em expressões físicas. Os usuários demonstraram estar vivendo um sonho, tornando um ambiente cheio de alegria e realização. Para eles, é uma oportunidade única, onde a atenção é especial e eles se identificam com o grupo, pois todos estão na mesma condição”, conclui.

As turmas são compostas por 15 alunos, sendo divididas em dois horários para melhor aproveitamento


Célio Dal Pizzol participa semanalmente da atividade há cerca de um mês. “No ano passado, os associados fizeram uma reunião da associação, dando a sugestão para refazer um convênio com o Instituto Federal, como no ocorreu no ano anterior, no qual o IFRS disponibiliza sua academia para os associados poderem se exercitar. A direção atendeu ao pedido e estamos participando desde então”, aponta.


Dal Pizzol costumava praticar natação, mas sentia falta da musculação, que também considera muito importante para saúde. Além disso, existem outros fatores que demonstram a relevância do projeto. “A melhor parte é a oportunidade de fazer exercício físico, a integração com os colegas e a socialização com pessoas de fora, pelo fato de termos que nos deslocar até lá. Então vamos tendo contato com pessoas do Instituto, com a professora, e isso é importante para a socialização e visibilidade da associação”, analisa.


Outro fator de relevância para ele é o aprendizado que todos os participantes adquirem. “Os benefícios sentidos individualmente, são importantes, mas, também, tornar a associação visível para a sociedade. Além disso, para o Instituto Federal é interessante, pois interagem com os deficientes visuais. Portanto, são muitos elementos que agregam valor”, enaltece.


Elisa Felipetto, educadora física do programa, explica como conheceu a atividade e a importância dela para a vida dos usuários. “Soube do projeto através do meu cunhado Mauro que frequentava a associação e hoje já é falecido. Para mim, era uma nova experiência trabalhar com deficientes visuais em academia. A iniciativa é muito válida, pois para eles é uma satisfação muito grande frequentar a academia para ter uma melhor qualidade de vida”, alega.


A profissional conta que há a necessidade de compreender as demandas de cada um. “Existem sim as diferenças, conduzi-los até os aparelhos, explicar o exercícios, ter bastante cautela, fazer com que todos estejam executando as atividades corretamente e cuidar para que não se machuquem com os aparelhos”, considera.


Esta é a primeira vez que ela atua nesta área, e tem gostado muito do resultado. “Nunca pensei que trabalhar com este grupo com deficiências visuais fosse tão bom. Eles transmitem muita alegria em estar fazendo estas atividades, muitos nem conheciam uma academia. A importância está em fazer que todos se sintam bem e seguros. Noto muita satisfação e alegria neles por terem a possibilidade de estarem praticando exercícios físicos em um local apropriado, com monitoramento e orientações adequadas”, conclui.