Profissionais do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, ganharam crachás personalizados. O acessório passou a ter, além dos nomes, uma foto para que os pacientes internados com a Covid-19 consigam ver os rostos de quem está cuidando deles. A ideia, que surgiu nos Estados Unidos, ganhou notoriedade e passou a ser utilizada em diversos hospitais brasileiros, chegando à Bento Gonçalves, há poucos dias.
Em meio à pandemia e os riscos de contaminação da doença, os profissionais precisam ficar cobertos pelos equipamentos de proteção individual (EPIs). Esta tem sido a realidade de quem trabalha no Tacchini, que possui um pronto atendimento, uma área de apartamentos e acomodações e uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) isoladas apenas para tratar pacientes com o coronavírus e sob suspeita.
De acordo com a coordenadora do grupo de Experiência do Paciente na instituição, a médica Nicole Golin, possibilitar ao paciente a visualização de quem está no setor cuidando de sua saúde, é uma das maneiras de passar ao doente, sentimento de segurança, muitas vezes perdido, em razão da pandemia. “Precisamos lembrar que pacientes Covid-19 ficam isolados em uma unidade de internação ou entram desacordados em um leito de UTI, recobrando a consciência em um ambiente estranho a eles. Receber os sorrisos que certamente já estão embaixo das máscaras, melhora a experiência de quem está internado e também de quem está realizando o atendimento, uma vez que os crachás mostram que, mesmo cobertos de equipamentos, os profissionais da saúde ainda são pessoas cuidando de pessoas ”, avalia.
As fotos dos médicos, enfermeiros e técnicos no uniforme diminui, de certa forma, a distância emocional para os pacientes. “Durante a pandemia, percebemos a dificuldade dos pacientes em reconhecer por quais profissionais estavam sendo cuidados, já que estavam cobertos por todos equipamentos de proteção. Por outro lado, também notamos a necessidade dos profissionais de saúde em se conectarem com os pacientes. Sabemos que por trás de todos os equipamentos há um sorriso, uma historia e uma identidade, e através dos crachás humanizados, buscamos revelar isso. Temos certeza de que qualquer situação fica melhor quando oferecemos a ela um novo olhar”, descreve a nutricionista Danusia Capoani, do grupo de humanização do Hospital Tacchini e uma das idealizadoras do projeto.
A vestimenta completa dos médicos e enfermeiros durante o atendimento envolve gorros, óculos de proteção, máscaras N-95, face shields, capote impermeável e luvas. “Durante a pandemia, nós, profissionais da saúde, apenas conseguimos nos expressar com os olhos e com o tom da nossa voz. Ficamos felizes em saber que, de alguma forma, os pacientes vão ver nosso sorriso e que com ele podemos aliviar algumas das angústias e medos que muitas vezes eles demonstram durante a internação. Saber que eles podem nos conhece melhor de alguma forma faz com que os sentimentos de empatia e humanização sejam completos”, observa a fisioterapeuta Renata Monteiro Weigert.
Fotos: Hospital Tacchini / Reprodução