Período marca a transição entre o inverno e o verão e deverá ser marcada por chuvas acima da média e temperaturas mais elevadas

Conhecida tradicionalmente como a estação das flores, a primavera começou neste sábado, 23, às 3h50min, e termina no dia 22 de dezembro, à 0h27min (horário de Brasília). A nova estação marca a transição entre o inverno e verão. O novo período deve ser marcado pelo fenômeno El Niño, com chuvas acima da média e temperaturas mais elevadas.

Conforme o meteorologista do CPPMet/UFPel, Henrique Repinaldo, os dias terão aproximadamente a mesma duração das noites. Porém, conforme os meses vão passando em direção ao verão, os dias serão maiores que as noites. “E isso influencia nas temperaturas. Nesse início, ainda teremos algumas noites que serão mais agradáveis, mas com tardes em que a temperatura começa a se elevar. Outra característica da primavera no estado é que a gente tem mais temporais. Mais tempestades, chuvas com maiores volumes, granizo, episódios de ventos fortes e isso ocorre porque como tem um maior aquecimento já durante esses meses, quando chega uma frente fria, um ar mais frio, esse encontro entre massas de ar acaba provocando essas tempestades”, comenta.

A primavera vai estar sob a influência do fenômeno El Niño que, conforme Repinaldo, deve ser forte a muito forte. “O que a gente espera nesses casos é que a primavera seja bastante chuvosa. Então, a gente deve ter chuvas acima da média nesses próximos meses, como a gente já está tendo nesse mês de setembro e isso é preocupante, já que as bacias, os rios, a Lagoa dos Patos, assim como o solo, já estão com bastante água acumulada. Além disso, geralmente em anos de El Niño, a gente também tem temperaturas um pouco acima da média e isso também favorece a formação de tempestades mais intensas, porque se a gente vai ter uma temperatura acima da média esse encontro entre massas de ar frio com essas temperaturas mais elevadas acabam provocando estas tempestades mais severas, então, a perspectiva para esses próximos meses é que a gente tenha tempestades ocorrendo, mas não quer dizer que vai sempre cair na mesma região”, ressalta.

Estados são afetados por forte onda de calor

Algumas regiões do Brasil estão sendo afetadas por uma forte onda de calor que, conforme o meteorologista, deve permanecer até a terça-feira, 26. Ela será mais prolongada nos estados do Centro-Oeste e no Distrito Federal, na parte oeste e noroeste de Minas Gerais, no Tocantins, na parte sul e leste do Pará, em áreas do interior do Maranhão, do Piauí e da Bahia.

Repinaldo enfatiza que isso está ocorrendo por conta de uma situação de bloqueio atmosférico. “Durante eles, os sistemas meteorológicos não se movem muito no sentido norte sul. Nós, aqui no Rio Grande do Sul, estamos com frequentes formações diárias de baixa pressão, frentes frias passam por aqui e vão para o oceano e não se deslocam em direção aos estados do Sudeste. Isso faz com que a gente tenha toda a umidade em direção ao estado, que as chuvas fiquem por aqui e isso, ao longo do tempo, provoca bastante acumulados de precipitação. Em contrapartida, os estados do Centro-Oeste, do Sudeste, ou até mesmo Santa Catarina e Paraná, estão sobre influência de áreas de alta pressão e elas acabam provocando esse forte aquecimento, falta de chuva que também favorece um maior aquecimento pela radiação solar, permanecendo durante um período estendido de dias e sendo cada vez mais forte. Então, por causa desse bloqueio o Rio Grande do Sul está com bastante chuva e temperaturas amenas e as demais regiões com pouca chuva, pouca umidade e as temperaturas bastante elevadas”, conta.

O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu alerta vermelho, válido até as 18h de amanhã, 24, para nove estados: Minas Gerais (MG), Paraná (PR), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Mato Grosso (MT), Pará (PA), Goiás (GO), Mato Grosso do Sul (MS) e Tocantins (TO). “O Rio Grande do Sul não recebeu o alerta e permaneceremos nestes dias com bastante umidade e nebulosidade sobre o estado. Algumas regiões, como é o caso da fronteira com Santa Catarina, e Argentina, tem um aquecimento maior, mas as projeções têm mostrado temperaturas máximas entre 33°C a 34°C, nada próximo aos 40°C que serão registrados nas regiões Centro-oeste e Sudeste do país”, aponta.