Após o aumento de 66% no preço do aço em menos de um ano, o setor metal mecânico busca articulação para pleitear a isenção da taxa de importação do metal com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, em Brasília. De acordo com informações do Sindicato das indústrias metalurgicas, mecânicas e de material elétrico de Bento Gonçalves (Simme), deve ocorrer um encontro do setor com o governo federal neste mês.

A articulação conta com entidades de classe da região, de Porto Alegre e de outros estados brasileiros, uma vez que a alta no preço do metal tem afetado vários setores industriais. Na opinião do presidente do Simme, Juarez Piva, acabar com a taxa de importação pode equilibrar o mercado, já que passará a ser menos oneroso para os empresários importatem a matéria prima. “Se acabar com ela (a taxa de importação) nós diminuímos nossos custos e conseguimos atender os consumidores de forma mais eficiente”, avalia. O imposto sobre a importação do aço é de 14%.

Piva também afirma que a alta no preço dos produtos que contém aço como matéria prima – eletromésticos e carros, por exemplo – terá impacto no bolso dos consumidores e deve refletir no aprofundamento da crise econômica. “Isso vai acabar sendo passado para os consumidores, de forma geral, e reflete na capacidade das indústrias. O mercado não aceita, está cada vez mais restrito”, analisa.

Aumento decorrente do câmbio

O mercado do aço brasileiro é dominado por seis usinas, de acordo com Piva. Ele entende que as empresas aumentaram o preço do produto em decorrência da desvalorização do real frente ao dólar, o que faz com que seja mais caro importar e gere uma dependência da indústria nacional à matéria prima produzida no Brasil. “No mercado internacional querem vender aço para o Brasil, mas a taxa de importação é alta”, reitera. O Instituto do Aço, que representa a indústria do metal, afirmou por meio da assessoria de imprensa que “por questões estatutárias e de defesa da concorrência, não comenta preço”.
A série de aumentos vem acontecendo desde maio do ano passado, segundo o presidente. Ele explica que a cada mês é repassado um percentual maior. “Nós pagávamos em torno de R$ 2,50 ao kg e hoje estamos pagando mais de R$ 4,00”, observa.

Articulação política

Na opinião do presidente, não é admissível que num curto período de tempo a indústria do aço queira recuperar as perdas de uma crise que já perdura há mais de dois anos. “O setor metal mecânico já passou uma recessão grave. Agora, com mais esse custo, os problemas vão acabar se aprofundando. Vai refletir nos pedidos, nas vendas”, lamenta.
Para resolver a questão, a aposta da cadeia produtiva metal mecânica é dialogar com o ministro da Indústria Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira. Piva afirma que acredita que haja sensibilidade por parte do Governo Federal para auxiliar o setor a resolver a questão. “Se percebe, em alguns pontos, que existe uma vontade por parte do governo em ajudar. Alguns ministros tem a percepção correta no Brasil. O problema é o Congresso, que trava os processos”, afirma.

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