Utilizando o material abundante na região, os imigrantes adaptaram sua arquitetura à realidade local.

Chegando à sua gleba, isto é, ao seu lote, o imigrante tinha logo que construir um abrigo, uma choupana, que fosse para proteger-se do frio e dos animais selvagens. Era uma questão de emergência, e daí resulta que as primeiras casas eram muito precárias. Às vezes, um rancho de pau a pique, coberto de palhas. Muitas eram construídas com varas ou pranchas de pinheiro, cobertas com folhas ou tábua lascada, denominada “scandole”.

As moradias definitivas eram de madeira – tábuas de pinho com colunas de angico – ou pedra e eram amplas. O “lambrequim”, detalhe decorativo, de madeira recortada na borda dos telhados, tornou-se marca registrada. O local preferido para a construção das casas eram as encostas suaves, para facilitar a localização do porão, indispensável para o depósito de cereais, cantina para o vinho e a graspa e para carnear animais.

Para a fabricação de tábuas cortavam-se “pinheiros de copa” (araucária). Com serra manual, transformavam as toras em tábuas: um serrador ficava em cima da torra, posta sobre cavaletes e outro embaixo. Trabalhavam dias a fio. A cumeeira era alta, para dar lugar a um sótão onde se podia guardar, sem risco de umidade, amendoim, feijão, lentilha ou servir para dormitório de hóspedes em ocasião especial. As janelas não tinham vidro.

A cozinha ficava geralmente separada. Segundo Rovílio Costa, “por medo de incêndio”.

Com o fogo sempre aceso, em meio a material combustível, a cozinha era sujeita a incêndio, pois os primeiros imigrantes não conheciam o fogão. Para cozinhar, usavam o “foccolaro”, que consistia num caixote retangular revestido de madeira, forrado por dentro com terra batida e uma cavidade no meio onde se acendia a lenha. Para cozinhar, especialmente a tradicional polenta, as panelas eram suspensas a uma corrente, chamada “la catena”. À noite, o fogo era coberto com cinzas para conservar o braseiro e facilitar o acendimento no dia seguinte. “Se alguma janela se abrisse, o vento podia reacender o fogo e causar incêndio durante a noite”. Por isso, a casa, onde se guardavam documentos, dinheiro e bens, tinha que ficar preservada. Era costume, segundo o autor citado, traçar uma cruz sobre as cinzas para pedir proteção contra o possível incêndio.