A novela dos pedágios está apenas começando, e até o capítulo final ? que se espera ocorra em 2013, quando terminam os contratos das concessionárias que administram os sete polos de pedágios no Rio Grande do Sul, cedidos à iniciativa privada desde 1998 ? muitas mudanças de rumo ainda virão. A mais nova trama é a intenção do Estado, tornada pública esta semana, de criar uma empresa pública para gerenciar os pedágios, tanto os comunitários quanto os explorados por consórcios particulares. Para a Serra Gaúcha, a notícia certamente afetará as conseqüências do encerramento do contrato em vigor com a Univias, que mantém 191,07 quilômetros de estradas pedagiadas nas rodovias ERS-122 (as praças de Farroupilha e de Antônio Prado) e BR-116 (em Nova Petrópolis e entre São Marcos e Campestre da Serra).

Até a semana passada, mesmo com as peremptórias afirmações do secretário de Infraestrutura e Logística do estado, Beto Albuquerque, de que os contratos não seriam renovados, a Univias ? que, além do polo de Caxias, explora os pedágios na Região Metropolitana e no polo de Lajeado ? considerava estar próxima de um entendimento. Agora, a coisa toda virou.

Para motoristas e autoridades da região, o receio é que, com a possível transformação de todos os pedágios em polos comunitários, a promessa do governo de extinguir a praça de Farroupilha ? repetida várias vezes desde a campanha que elegeu Tarso Genro ao governo gaúcho ? seja esquecida. Aliás, posturas eleitorais nem sempre se transformam em garantias depois das eleições. Exemplo claro disso foi a guerra aberta travada em 2010 com o governo gaúcho sobre a devolução das estradas estaduais pedagiadas ao governo federal, hoje considerada um ato juridicamente perfeito pelo governo federal.

A medida não tem unanimidade nem entre políticos, nem entre as autoridades do trânsito, muito menos entre as empresas que exploram os pedágios, e a novela está longe do fim. O que, efetivamente importa, é que o governo cumpra a promessa de, primeiro, encerrar as atividades arrecadadoras de Farroupilha, depois, garantir estradas com mais qualidade, duplicadas e com manutenção permanente e, por último, mas não menos importantes, com pedágios realmente comunitários, a custos justos e com a garantia do retorno dos valores para a segurança do motorista.