Com o aumento de casos do novo vírus no mundo todo, uma onda de disseminação de informações incorretas sobre a doença têm chegado a milhões de pessoas todos os dias. Na semana em que Bento Gonçalves superou a marca de mil casos positivados, o Semanário destaca o que é falso e o que é verdadeiro

A transmissão do coronavírus foi rápida: saiu da China, se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil, em apenas dois meses, mas também são rápidas e perigosas as fake news sobre a doença, assim como em assuntos mais gerais. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 100 fake news circularam sobre o coronavírus, de 12 de janeiro a 8 de junho.

Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, apontam que o Brasil já ultrapassa 1,1 milhão de casos confirmados. O Rio Grande do Sul tem 21 mil e Bento Gonçalves mais de mil positivados. Diante dos números alarmantes e acelerada propagação da doença, as pessoas têm buscado na internet informações sobre o panorama do coronavírus, prevenção e todo o tipo de cuidado para evitar o contágio. Contudo, é nesse momento que notícias falsas e informações circulam nas redes.

A doutora em Comunicação Social pela PUCRS e pesquisadora na Universidade de Caxias do Sul (UCS), Marlene Branca Sólio, diz que não devemos acreditar em tudo. “Por si, nossos olhos e ouvidos nos traem. Imagine, então, crermos nos olhos e ouvidos de pessoas ou veículos que sequer sabemos quem são, de onde vêm, ou que intenção têm. Para crer no que estamos vendo (TV), lendo (jornais/internet) ou ouvindo (rádio), precisamos, em primeiro lugar, prestar atenção máxima e procurar entender o que aquela informação quer dizer, não o que eu, leitor, ouvinte, telespectador, usuário, “quero” que aquilo que foi dito signifique. Em seguida, importa muito verificar que veículo está dizendo aquilo e comparar com o que outros veículos estão dizendo. Se a mesma coisa é dita, do mesmo modo, por muitos veículos, então existe uma probabilidade muito maior de que seja verdade”, pontua.

Foto: Divulgação

Marlene sustenta ainda que “a divulgação de absurdos e falsas notícias sobre o coronavírus atrasam a pesquisa e prejudicam a população que, numa situação de pandemia, está muito assustada. Isso chega a tal ponto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o termo “infodemia”, para definir o fluxo de discussões sobre o tema nas redes sociais, que invadiu o nosso cotidiano”, sublinha.

Autorização de Internação Hospitalar (AIH)

A cada novo paciente de Covid-19 que necessita de internação hospitalar UTI, as casas de saúde passam a receber diárias para o tratamento do infectado. A verba está prevista na tabela de procedimentos, medicamentos e OPM do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Ministério da Saúde.

O serviço das diárias compreende acompanhamento de médicos residentes, infectologistas, pediatras, clínicos, pneumologistas, generalistas e da estratégia saúde da família. Além disso, é previsto também o atendimento de urgência em unidades hospitalares. “A Autorização não possui um valor único, pode variar de R$ 500 a R$ 3 mil, e é definido pelo Governo Federal de acordo com a complexidade de tratamento de cada patologia. Uma vez que a Covid-19 é uma doença nova, ainda sem registro prévio, foi estabelecido um AIH próprio para ela, cujo valor é maior que algumas enfermidades e menor do que outras. Cabe ressaltar que para ser habilitado a receber a AIH correspondente a qualquer doença, é necessária a apresentação de exames comprobatórios. No caso da Covid-19, o teste RT-PCR é considerado padrão-ouro de diagnóstico”, constata o gerente de Relações com o Mercado do Hospital Tacchini, Humberto Godoy.

Mitos e verdades

O superintendente executivo do hospital Tacchini, Hilton Roese Mancio, aponta algumas fake news que circularam nas redes sociais diz respeito a dados da Covid-19 e custos na Casa de Saúde.

Quando o paciente é SUS, o Tacchini prefere transferir para hospitais de outra cidade?

A regulação do acesso aos leitos de cada unidade de saúde do Rio Grande do Sul é controlada pela Central de Regulação Estadual.
Em Bento Gonçalves, o serviço dispõe de 23 leitos contratados, gerenciando-os conforme sua própria necessidade, levando em conta uma série de critérios. Ou seja, a equipe médica da central classifica o risco por meio de informações sobre as condições clínicas, exames complementares e diagnóstico.
A partir disso, ela procura na rede do SUS pelo serviço que atenda às necessidades do paciente. Dessa forma, assim como Bento Gonçalves recebe pacientes de outros municípios, moradores da cidade podem ser transferidos para instituições de saúde de outros locais.

O hospital está “maquiando” dados de óbitos para se beneficiar?

Todos os casos de Covid-19 reportados possuem testes comprobatórios. Além disso, é importante ressaltar que o hospital não é pago pela quantidade de atendimentos ou óbitos de pacientes relacionados ao coronavírus. A instituição sequer tem poder para classificar as mortes que ocorrem dentro da sua estrutura. As informações são repassadas à Vigilância Epidemiológica do Estado e é ela quem classifica se o paciente morreu por Covid-19 ou outra patologia.

O hospital está ganhando dinheiro com a Covid-19?

Desde que iniciou a pandemia, o hospital se colocou em total estado de prontidão. Ou seja, foram cancelados exames e procedimentos eletivos para que a estrutura estivesse livre para receber pacientes. Em três meses, a queda na arrecadação está próxima de R$ 15 milhões. Ou seja, os R$ 7,8 milhões de verbas públicas recebidas no período ajudam, mas sozinhas não são capazes de cobrir as perdas causadas pelo Coronavírus.

Como identificar uma fake news?

1 – Verifique quem está falando sobre a notícia e seu nível de confiabilidade;
2 – Verifique se outros veículos estão dizendo a mesma coisa;
3 – Procure não dar ao que leu, a “sua versão”, distorcendo os fatos;
4 – Pesquise o assunto antes de realmente acreditar;
5 – Não divulgue fatos sabidamente mentirosos ou dos quais você, pelo menos, desconfia.

Fonte: Doutora Marlene Branca Sólio

Importante

Para tentar combater as falsas informações, o Ministério disponibilizou um número de WhatsApp para envio de mensagens da população, um espaço exclusivo para receber notícias virais, que serão apuradas pelas áreas técnicas e respondidas oficialmente se são verdade ou mentira.

Qualquer cidadão poderá enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais para confirmar se a referência procede, antes de continuar a compartilhar. O número é (61) 99289-4640

Foto: Franciele Zanon