Após verificar a presença de um nódulo na mama, Juliana buscou orientação e descobriu há tempo para eliminar a doença

De sorriso largo e olhar esperançoso. É assim que Juliana Ferrari Boiascki, 37 anos, chegou à sede da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves para contar à reportagem do Semanário sua história de luta contra uma das doenças que mais afeta a saúde da mulher em todo o mundo: o câncer de mama. Desde novembro de 2015, a vida da jovem moça, casada e mãe de uma menina de cinco anos, mudou completamente após receber o diagnóstico de um carcinoma em uma das mamas. A partir do momento em que recebeu a notícia, Juliana passou por um agressivo tratamento. Mesmo com as incertezas, ela manteve-se confiante de que venceria a batalha e poderia estar presente no crescimento de sua filha.

Sem ter o costume de realizar o autoexame, Juliana só foi perceber que algo estava estranho em sua mama, após sentir uma dor em um dos seios. Foi quando ela passou a mão e percebeu a presença de um nódulo, dolorido e que a deixou preocupada. Com medo, ela lembra que procurou a médica da empresa onde trabalha para buscar orientação. Após a solicitação de exames, Juliana foi encaminhada à outra profissional. Não satisfeita com o tratamento proposto, seguiu para um mastologista em busca de uma resposta. Foi então, que após a realização de uma biópsia, ela receberia a pior notícia de sua vida: estava com câncer de mama. “Na hora, eu fiquei sem chão. Lembro que fui sozinha ao consultório, pois achava que seria apenas uma inflamação. Porém, quando o médico me deu a notícia, eu me desesperei. O primeiro pensamento que veio à mente foi o de que eu iria morrer”, lembra.

Após longas conversas com a equipe do setor de Oncologia do Hospital Tacchini e com a troca de experiências entre os pacientes, Juliana buscou coragem para enfrentar o problema. “A pior parte é quando você recebe o diagnóstico, porque a gente não está preparada para ouvir isso”, garante. Ela lembra ainda que outro momento marcante foi quando o seu cabelo começou a cair. “A primeira coisa que se preocupa é com a queda de cabelo. Mas depois a gente para e reflete: o cabelo não é nada. O principal era a minha saúde”, relata. Foram 16 sessões de quimioterapia, que iniciaram em fevereiro de 2016 e seguiram até julho. Em agosto daquele ano, Juliana realizou a cirurgia para a retirada do nódulo no seio e em novembro, iniciaram as 30 sessões de radioterapia.

Durante o tratamento, Juliana afirma que pensou em desistir da luta, devido às dificuldades enfrentadas. “Eu entrei em depressão. Eu emagreci 12 quilos, não tinha fome, queda de cabelo, coisas que não estavam na minha rotina. Mas quando eu chegava nas sessões de quimio e via pessoas em situações mais difíceis que a minha eu respirava fundo e seguia”, lembra. Emocionada, ela diz que sua filha e seu marido foram os motivos que a mantiveram firme na batalha contra a doença. “Eles foram essenciais no meu tratamento. Na verdade, toda a minha família esteve comigo, porque nesses momentos, você precisa de apoio”, salienta.

Importância da Liga

Para Juliana, o trabalho da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves é importante para auxiliar todos aqueles que precisam de ajuda durante o tratamento. Ela afirma que além do incentivo, a entidade auxiliou financeiramente para a colocação de um “clipe” que identificava o local exato do tumor, necessário para a realização da cirurgia, além dos medicamentos. “É um sentimento de gratidão com a Liga. Eu tive ajuda de muita coisa por aqui. Sempre que eu posso, eu venho aqui, participo das atividades. A liga foi fundamental na minha cura”, afirma.

A cura, o presente e o futuro

Após longos meses de batalha, Juliana recebeu a notícia que tanto aguardava: estava curada. Ela diz que não há como descrever o momento de quando recebeu o resultado. “É emocionante. Não há palavras que possam explicar”, relata. Para ela, superar a doença foi o prêmio pela incansável vontade de viver. É isso que Juliana destaca em todos os momentos. Ela diz que após o tratamento, acabou enxergando o mundo com outros olhos, valorizando as pequenas coisas e gestos. “O câncer me tornou uma Juliana melhor pelo simples fato de acordar todos os dias e ver a minha família, ir para o trabalho. A gente não sabe o dia de amanhã. Eu procuro viver o presente, pensando muito em tudo o que eu passei, na minha filha. É por ela que eu luto”, garante.

Realização do autoexame

Segundo Juliana, as mulheres precisam perder o receio e realizar o autoexame das mamas para identificar possíveis alterações no corpo. “Se você perceber alguma coisa diferente, procure um médico. Não espere ou adie uma visita. A sua vida vale muito e quanto antes começar o tratamento, as chances de cura aumentam”, afirma. Para ela, é importante que o paciente com câncer busque manter a serenidade e a fé. “Hoje, a doença tem cura na maioria dos casos. É preciso ter força de vontade para enfrentar. Você pensando positivo, o seu organismo acaba respondendo bem. O câncer para mim é como um deserto, onde você encontra uma fonte de vida, onde você precisa ser forte para não desistir. É um caminho que tem volta. Há vida depois do câncer: eu sou uma prova”, afirma.

Apego à fé e ao pensamento positivo

Católica e devota de Nossa Senhora de Caravaggio, Juliana lembra que durante o tratamento se apegou à fé. Ela diz que acreditar em algo superior foi um apoio que encontrou para vencer a batalha durante o ano de 2016. Juliana aponta também que o pensamento positivo foi responsável por metade do tratamento. “A gente precisa acreditar que vai vencer. Metade do tratamento é médico e a outra é o nosso psicológico. Vá à luta, tenha força de vontade”, garante.

Além da parte espiritual, Juliana afirma que as mensagens de apoio que recebeu de amigos, familiares e dos próprios pacientes que acabaram tornando sua companhia semanal durante o tratamento, foram imprescindíveis para a sua recuperação. Ela lembra, que ao chegar na sala de quimioterapia, ouviu uma mulher chamá-la para lhe dar um conselho. “Ela não me conhecia, mas disse: moça, não baixe a cabeça, você vai passar por tudo isso, vai ser bem difícil, mas acredite que vais vencer. Eu tive o mesmo problema que você há cinco anos e olha onde eu estou hoje: aqui, falando com você, curada. Isso me deixou mais forte na minha batalha”, relembra.