Uma das causas da imigração italiana foi a falta de paz, durante todo o século XIX=19. No Brasil, a esperada tranquilidade. Durante quase três anos sofrendo muito com as crueldades da Revolução Federalista. Foi a mais cruel das revoltas gaúchas, tendo causado mais de 10 mil mortes.
Brevemente, trata-se do seguinte: O Dr. Júlio P. de Castilhos era Presidente (hoje seria governador) da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Os partidários chamavam-se LEGALISTAS (eram pela lei, pela constituição) ou REPUBLICANOS porque simpatizavam com a nova República; eles pleiteavam muita autonomia para o Estado sulino e para todos os estados brasileiros, como se fossem pequenas repúblicas.
Contra esse partido dominante o seu presidente, levantou-se brilhante e dinâmico político Gaspar Silveira Martins e seus seguidores os FEDERALISTAS OU MARAGATOS. Esta palavra procede do Uruguai, pois os castilhistas afirmavam que esses maragatos eram ajudados economicamente pelos uruguaios. Nesse país chamavam-se Maragatos alguns descendentes de espanhóis, que eram originários de Maragateira; região norte da Espanha. Essa terra foi chamada de Maragateira porque nela se fixaram muçulmanos provindos das margens do rio Maragath, afluente do Rio Nilo; eram Los Maragatos. Eles usavam lenço vermelho no pescoço, símbolo dos DEGOLADORES.
Essa ingloriosa luta ideologica ensanguentou os campos, os pampas, as coxilhas, as cidades e também a Região Colonial Italiana.
Na Colônia Alfredo Chaves (hoje Veranópolis) não foi poupada. A sua sede foi saqueada, ora pelos Federalistas, ora em mãos dos Republicanos, foi o cenário de lutas sangrentas e vandalismos. As duas facções realizavam em atos de selvageria, depredando e incendiando muitas casas. As moradias dos agricultores foram trucidadas. A sede foi saqueada pelos Federalistas. O próprio Pe. Matteo Pasquali viu-se obrigado a pegar um fuzil; entrincheirou-se na torre da igreja e de lá fazia fogo contra os invasores. Os Maragatos, depois de ocuparem o povoado, invadiram a residência do Pe. Matteo, golpearam-no com a espada e só não o trucidaram porque tinham a crença de que “quem mata um padre vai direitinho para o inferno”. (Da obra de Pe. Felix Busatta – A Igreja nas Colônias Italianas).
Durante essa Revolução, muitas famílias escondiam-se no mato. Refugiavam-se na selva para não serem presos. Se não escondessem os cavalos e o gado, esses eram capturados; os muares para os combates e as vacas e bois para alimentar soldados.
Foram dois anos e diversos meses de sobressaltos, temores e noites mal dormidas. Qualquer barulho fazia temer a chegada dos Revolucionários. Durante esse período foram feitas poucas roças e colhidas safras muito escassas.