REPRESENTANTES DE QUEM?
Quem acompanha esta Coluna – que em agosto completará 47 anos nas páginas do Semanário – deve lembrar quantas vezes escrevi comentando sobre as “façanhas” parlamentares. No último sábado, 21, comentei o que “vossas excelências” fazem, diuturnamente, autointitulando-se “representantes do povo”, mas não passando, em sua maioria, em “representantes de seus próprios interésses”. Como se não bastasse a porrada que deram nos brasileiros, vetando parcialmente medidas do governo que farão os brasileiros pagarem bilhões nas contas de luz nos próximos anos, eis que “vossas excelências” decidiram AUMENTAR O NÚMERO DE DEPUTADOS. Serão mais 18 “representantes do povo” a “trabalhar para reduzir gastos públicos”.
SERÁ SÓ “DISTORÇÃO”?
O que o Supremo Tribunal Federal – STF – fez foi dar a devida interpretação para artigo constitucional que rege o parlamento. O entulho autoritário do Pacote de Abril de 1977, criado para manipular a representação popular durante a ditadura, nunca foi devidamente removido. Seus alicerces tortos foram, infelizmente, cimentados na Constituição de 1988, conforme artigo escrito pelo Defensor Público Federal, André Naves. O STF orientou para que a representação parlamentar de cada Estado seguisse o censo do IBGE de 2022, ou seja, fosse redistribuída de acordo com o número de habitantes. E o que nossos “nobres representantes” fizeram: aumentaram o número deles. E foi justamente no mesmo dia em que eles EXIGIRAM CORTE DE GASTOS do governo federal. Nem sequer de “engraçados” podem ser chamados, né?
ELES NÃO SE CANSAM, MESMO!
Mas, o que eu escrevi repetidas, inúmeras vezes nesta coluna e que agora, SÓ AGORA, muita gente já comenta também? Eu afirmei que vivemos, há tempos, um parlamentarismo disfarçado e que NENHUM GOVERNO, NENHUM PRESIDENTE, governador ou prefeito governaria SEM comer na mão dos respectivos parlamentos. No âmbito federal, o Congresso já dominava os governos Dilmar, Temer e Bolsonaro e o fazem, com intensidade inacreditável, no governo Lula. Lula é refém do Congresso Nacional, sob todos os aspectos e “vossas excelências” fazem questão de escancarar isso. E a maior prova de que “não tão nem aí” para o povo brasileiro e para o governo, é só observar. Quem quer observar, claro!
O QUE É “VERDADE”?
Eis a grande questão que pessoas bem identificadas levantaram nas redes sociais. Para eles, a “verdade é interpretativa” e não pode ser definida por ninguém. Mas, será mesmo? A “verdade” é o FATO comprovável e a “mentira” é o que é jogado nas redes SEM que se tenha a menor possibilidade de a confrontar, de afirmar com PROVAS e, via de regra, são repassadas por pessoas que o fazem sem a menor preocupação com os FATOS, simplesmente porque o que recebem vem ao encontro de suas convicções, por mais absurdas e sem estrutura fática que tenham. Muito do que se vê, lê e ouve nas redes sociais ultrapassa todos os limites do tolerável, passando ao largo da VERDADE. São injúrias, difamações, calúnias, ações criminosas campeando livres, leves e soltas. E por que é assim? Vejamos:
É ASSIM PORQUE…
…porque as pessoas atingidas por saraivadas de agressões contra sua honra e imagem estão diante da impossibilidade de questionar judicialmente os autores, diante da velocidade em que são propagadas e da imensa dificuldade que teria o judiciário de agir com a rapidez necessária. Vale o mesmo para os crimes, que são constatados em proporções gigantescas, por pedofilias e induções a atentados contra a própria vida, normalmente em crianças e adolescentes. Mas, certamente, os membros do STF, que votaram para atribuir responsabilidades às empresas que detém o poder de propagar esses crimes, serão alvos de agressões de parte dos que não conseguem entender o que é “liberdade de expressão” e se inserem no rol dos agressores. Resta torcer para não ser alvo desse tipo de gente.
CONTER GASTOS?
Nem comentarei mais sobre as ações de boa parte dos congressistas, já que elas são públicas e notórias, apenas ignoradas pela parcela da população que “acha bom” tudo o que vai ao encontro de suas ideologias político-partidárias tacanhas. Mas, chama a atenção a forma com que se finge ignorar as grandes fontes de redução de gastos que, inclusive, tornam alguns “mais iguais” que os outros, tudo sob os auspícios do Congresso Nacional e, mesmo, do governo federal, tais como as isenções tributárias, desonerações, SONEGAÇÃO (que superou 550 BILHÕES em 2024 e já superava 305 BILHÕES ontem, 27 de junho), além, óbvio, as emendas parlamentares, os mega-salários e a ausência de uma grande reforma administrativa. Quem “gasta o quê”, afinal, e como e o quê reduzir? Quem se habilita?
Últimas
Primeira: E o tal de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras – IOF – derrubado pelo Congresso representaria 12 bilhões de arrecadação. Quanto poderia representar a arrecadação se os ricos brasileiros pagassem o mesmo percentual de impostos que pagam os assalariados no Brasil?
Segunda: O governo pretende isentar o Imposto de Renda (?) dos assalariados que ganham até 5 mil reais mensais. Terá imensa dificuldade para aprovar no Congresso essa proposta governamental. Mas, a tributação dos milionários chegará lá? Duvido!
Terceira: Interessante! Nossos “representantes” têm bilhões à disposição para “emendas”, mas há motivo; trabalham muito e precisam “mostrar serviço” para as próximas eleições;
Quarta: Eles têm “recesso” ou “folga” de carnaval; de Páscoa; de dia das mães; de festas juninas e julinas; de dia dos pais; da criança; de N. Sra. Aparecida; de finados; de Natal; de Ano Novo e, claro, como ninguém é de ferro, férias de janeiro. Como não ter, também, emendas parlamentares?
Quinta: Alguns malucos, no mundo, detém o poder de acionar arsenais atômicos. E alguns eleitos pelo povo, dá para acreditar? Agora, com conflitos absurdos entre Rússia/Ucrânia e Israel/Gaza/Irã, esses debiloides ameaçam com guerra nuclear, por mais inacreditável que pareça;
Sexta: Enquanto isso, crianças e mulheres inocentes estão pagando com a vida por precisarem COMER. Os líderes desses crimes permanecem distantes dos mísseis e bombardeios. Como sempre!
Sétima: Outro absurdo é muita gente querer que o governo – leia-se nós, povo – pague pela roubalheira cometida contra aposentados do INSS. Os que abocanharam os bilhões roubados AINDA permanecem livres e soltos. É o país da impunidade, com certeza;
Oitava: Inflação de junho deverá cair para 0,26%. O Banco Central e os admiradores do “quanto pior, melhor”, deverão exigir aumento da SELIC para 16%, senão “o Brasil vai quebrar”. Só rindo, mesmo!
Nona: EXPOBENTO/FENAVINHO bateu todos os recordes de público, expositores, shows, etc. Cumprimentar o CIC/BG e as diretorias e colaboradores é o mínimo que se pode fazer.