NÃO FOI POR FALTA DE AVISO

Desde que o nosso ex-governador começou a tratar do assunto “PEDÁGIOS” tenho acompanhado, de perto, e comentado na coluna o absurdo que estava sendo perpetrado. Estamos a pouco mais de 115 km da capital do Estado, Porto Alegre, e pagamos um pedágio em Portão desde o governo Collares, em 1994, com o objetivo de duplicar a RS-122. Assumiu o brito e as obras continuaram em passos de cágado durante seu governo. Depois de muuuiiitaaaa arrecadação tarifária, a ES-122 foi duplicada nos seus 39 km de Portão a São Vendelino. Terminou o prazo de 15 anos e a praça passou a ser administrada pela EGR, empresa do governo do Estado.

COMO ERA?

A manutenção da RS-122 sempre foi precária e os governantes JAMAIS explicaram QUANTO era arrecadado na praça e ONDE essa montanha de dinheiro era aplicada. O que se deduzia era que o valor era, em sua maior parte, destinado aos cofres do governo do Estado, pois, conforme o Secretário, o custo administrativo era menor de 10%. Os restantes 90% deveria servir para manutenção da RS-122 e de muitas outras rodovias, inclusive a RS-446, de São Vendelino até encontrar a BR-470 a três quilômetros de Carlos Barbosa. Mas, pelo estado precário, deprimente, da RS-446, era óbvio que os investimentos nela eram praticamente nulos. Serve o mesmo entendimento para todas as demais TREZE PRAÇAS DE PEDÁGIOS do governo do Estado.

A OMISSÃO VENCEU?

Pois é, mesmo com tantos meios de comunicação relatando o que estava sendo “inventado” pelo governo do Estado, pouco ou nada se viu de reação na REGIÃO DA SERRA para combater o absurdo que estava encaminhado. O presidente da CICS/SERRA, Elton Gialdi, sempre deixou clara a posição contrária da entidade sobre a FORMA com que o processo estava andando. “Audiências públicas” foram feitas. Sabe aquelas reuniões “proforma”? Aquelas em que os “caciques” ouvem o que dizem os “índios”, mas pouco ou nada é levado em consideração? Bem essas! A população se manteve como sempre: inerte, omissa, cordata, não “tando nem aí”.

E AS REPRESENTAÇÕES?

Sim, um assunto tão importante, que mexe com a população em todos os sentidos, deveria ser acompanhado de perto, tête-à-tête, por TODAS as entidades representativas da população (praticamente TODAS). Mas, o que se viu nessas reuniões? As representações que defendiam o interesse da população eram raras. E nas “audiências” que se realizaram, muita coisa foi desconsiderada, notadamente O PREÇO DAS TARIFAS DE PEDÁGIO. Quem vai de Bento a Porto Alegre, por exemplo, pagará DOIS PEDÁGIOS, em míseros 115 km, o que resultará em algo em torno de R$ 35,40, resultado do pagamento da ida e na volta. E isso se não “ESTADUALIZAREM” a BR-470, de Carlos Barbosa até a entrada do Vale dos Vinhedos.

SIM OU NÃO?

Há quem diga que um novo pedágio poderá ser enfiado na BR-470, nesses 13 km, algo que o presidente da CIC/SERRA diz que não está previsto. Mas, eu não duvido de nada vindo de políticos. E, vejam bem, esses contratos de pedagiamento serão assinados pelo período de TRINTA ANOS. Inacreditável? Não, sempre é bom lembrar que nada pode ser “inacreditável” no Brasil, em se tratando de gestão pública. Portanto, seria bom que a população entupisse os e-mails dos deputados estaduais do Rio Grande do Sul, pressionando para que façam o atual governador, Ranolfo, tomar uma decisão em FAVOR DA POPULAÇÃO: NÃO ACEITAR ESSA PROPOSTA DE PEDAGIAMENTOS. A FETRANSUL se posicionou neste sentido.

 OS “DESCONTOS”

O “esquema” montado para o leilão do pedagiamento foi, no mínimo, QUESTIONÁVAL. O “leilão” TEVE APENAS UM PARTICIPANTE, o Consorcio Integrasul, de duas empresas paranaenses, que já detém o pedagiamento de várias rodovias gaúchas e brasileiras. O detalhe, IMPORTANTE, é que os “participantes do leilão” deveriam depositar o valor de SEIS MILHÕES E SETENTOS MIL REAIS como caução, para cada UM POR CENTO de DESCONTO que dariam na tarifa dos pedágios. E a “vencedora” concedeu 1,3% (PODE RIR, é um vírgula três por cento, MEESSSMOOOO). Os 6,7 milhões de caução foram decisivos, não?

COMPAREM!

Para se poder avaliar melhor a “piada”, a concessionária que venceu o leilão da RS-287 – trecho Tabaí/Santa Maria – concedeu 54,1% (CINQUENTA E QUATRO VÍRGULA UM POR CENTO) de desconto na TARIFA DE PEDÁGIO. A única participante do lote 3, da Serra, concedeu, em dezembro de 2020, no leilão da RS-287, 35% (TRINTA E CINCO POR CENTO). Agora, aqui, concedeu 1,3% (6,7 milhões de caução?). Resta saber, agora, o que nossos “MUI LEAIS E VALOROSOS” DEPUTADOS ESTADUAIS farão, contando com o apoio de entidades representativas, para que o governador Ranolfo Vieira Júnior NÃO ASSINE, NÃO DÊ SEGUIMENTO A ESSA ABERRAÇÃO contra o povo da Serra e do Norte o Estado, que utiliza essas rodovias.

ÚLTIMAS

Primeira: É importante, também, que a população tome conhecimento sobre a atuação das entidades, ditas “representativas”, em prol dos interesses da população. Certamente ficará surpresa em saber “como foi representada”;

Segunda: O empresário Elton Gialdi sempre deixou claro o posicionamento da CIC/Serra, sempre objetivando tarifas justas a serem pagas e a contrapartida em obras;

Terceira: Em síntese, os pedágios podem vir a amenizar os transtornos provocados por rodovias mal conservadas ou fontes de acidentes fatais. Mas as tarifas devem ser compatíveis com a capacidade de desembolso da população. Simples assim!

Quarta: E por falar em Governador Ranolfo, a afirmação dele de que “quem decide a privatização da CORSAN é o MERCADO” foi, no mínimo, INFELIZ. Como “quem decide é o mercado?” Não estamos falando de soja ou melancias, mas de ÁGUA, Sr. Governador! DE VIDAS HUMANAS, que precisam ser respeitadas;

Quinta: Não seria melhor ADMINISTRAR com gente CAPACITADA uma empresa como a CORSAN, ao invés de instalar políticos nela? Basta ver o que fizeram com a CEEE e a CRT;

Sexta: É impossível acreditar que, se bem administradas, empresas de energia elétrica, comunicações e fornecedoras de ÁGUA e esgotos possam DAR PREJUÍZOS;

Sétima: Todas as estatais estratégicas, como de combustíveis, energia elétrica, comunicações e abastecimento de água e esgotos, deveriam, ORIGATORIAMENTE, serem estatais e administradas por PROFISSIONAIS competentes, não políticos;

Oitava: Deveria valer o mesmo para clubes de futebol, que mexem com o coração e a alma de seus torcedores, não é verdade?