No total, município possui apenas 13 leitos pelo sistema público para uma população de aproximadamente 120 mil habitantes; secretário municipal de Saúde explica que regulação para novos leitos é feita pela Secretaria Estadual

Uma das principais preocupações das autoridades da saúde com relação à pandemia de coronavírus é a capacidade da rede hospitalar receber os pacientes acometidos pela covid-19. Com o crescente aumento no número de casos, entre eles, de maior gravidade, leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) começam a faltar nos municípios, ocasionando transferências para outros hospitais, em diferentes regiões do Estado. Em Bento Gonçalves, segunda maior cidade da Serra Gaúcha, o número de leitos à disposição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) já chegou ao limite.

Conforme a Secretaria da Saúde, atualmente, dos 30 leitos de UTI existentes no município, 13 são destinados ao sistema público junto ao único hospital da cidade: o Tacchini. Até o fechamento desta matéria, todos os espaços estavam ocupados. No local, há pacientes internados pelas complicações do novo coronavírus e outras enfermidades. Segundo o secretário da pasta, Diogo Segabinazzi Siqueira, a quantidade de leitos pelo SUS é considerada insuficiente pelo tamanho da população. No entanto, toda a regulação para a abertura de novos espaços é definida pelo governo estadual.

Segundo o Secretário, quando a taxa de ocupação atinge a sua totalidade, o paciente que necessitar de atendimento em UTI é encaminhado para hospitais de municípios vizinhos que ainda disponibilizam leitos. “O que acontece quando a ocupação atinge o seu limite: sempre que não há mais vaga, vamos encaminhar o paciente para cidades onde ainda há leito, seja Caxias do Sul, Porto Alegre, Passo Fundo, Canos, entre outros. E também quando há leito disponível aqui e não temos nenhum paciente, essa vaga fica aberta e alguma outra cidade mais próxima irá encaminhar o paciente para cá”, explica.

Essa regulação, segundo Siqueira, é diferente do processo realizado em leitos clínicos, que necessitam de menor estrutura física e pessoal e que é regulada pelo município. “Nós temos muitos pacientes com a Covid-19 em leitos normais e alguns em UTIs”, explica. “Atualmente, nesse aspecto, pelo SUS, Bento possui 78 leitos clínicos. Até o momento, o espaço recebe 43 pacientes com as mais diversas enfermidades no Tacchini”, pontua.

De acordo com as informações até a terça-feira, 5 de maio, o Rio Grande do Sul tinha à disposição cerca de 600 leitos de UTI. No total, são 1.719 vagas que recebem, até o momento, 1.178 pacientes. Destes, 986 com outras comorbidades (83,7%), 92 infectados pela Covid-19 (7,8%) e 100 pacientes com suspeita para o novo coronavírus, o que representa 8,5% de ocupação. “Ainda há uma certa tranquilidade quanto a isso. Não quer dizer que uma cidade que esteja lotada, ocorra um colapso. É preciso olhar o cenário do Estado para a UTI. É diferente de estar com 100% dos leitos de internação estarem lotados. Se isso ocorresse em Bento Gonçalves, eu estaria preocupado”, garante.

Mini UTIs no Complexo da UPA

Entregue na semana passada para enfrentar a pandemia do coronavírus, o espaço reformado ao lado da UPA, graças ao esforço dos setores da indústria, comércio e outros segmentos da sociedade, além de voluntários, deve começar a receber pacientes ainda nesta semana. A obra amplia a oferta de vagas. No total, 40 leitos foram disponibilizados. Destes, oito são mini Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) que visam estabilizar o quadro clínico do paciente, caso ocorram agravamentos.

Conforme Siqueira, em um primeiro momento, o local servirá como leito de internação para estabilizar a situação do paciente que procurar os serviços do local. “Ali ele poderá ficar de acordo com a sua situação clínica. Caso ele necessite de UTI, nós iremos solicitar ao Tacchini. Se não houver mais leitos, encaminharemos para algum hospital do Estado”, garante.

Casos de coronavírus na região

Foto: Divulgação / Hospital Tacchini