“Na partilha do solo rio-grandense, foi a Colonização Italiana a menos afortunada, porque encontrou já ocupadas as melhores terras. Reservou-lhes o destino a posse da região aspérrima da altitude, ao norte do estado, onde uma natureza monstruosa e selvagem, profundamente rochosa, cortada de vales apertados e de correntes impetuosas.

Distanciados dos centros urbanos, e sem vias de comunicação, tais foram os largos anos que atravessaram eles em luta pertinaz com a “selva selvagem”, desbravando a ferro e fogo a floresta, abrindo picadas, perseguindo as feras. Durante esse penoso período, a produção era quase limitada às necessidades da subsistência, o comércio rudimentar e difícil, os transportes precários e lentos. Viviam as colônias esquecidas e desprotegidas dos governos da época”.

Com o regime republicano, tudo mudou e surgiu então essa fase de prodigiosa expansão, que veio crescendo até hoje…

“O Rio Grande do Sul só tem motivos para bendizer essa colonização, como crê não haver faltado nunca ao dever de desvendar pela sua sorte, quando dele passou a depender dos bravos trabalhadores”. Este julgamento honroso, proferido pelo eminente Presidente da Província Sr. Borges de Medeiros na Exposição Colonial Italiana, realizada na capital do estado, em 1925, quando se comemorava o cinquentenário da chegada dos primeiros imigrantes italianos ao Rio Grande do Sul, reflete, uma síntese admirável, a obra prodigiosa desses pioneiros, que, na encosta da Serra, lançaram os fundamentos de futuras cidades e plasmaram uma sólida civilização.

“A crônica histórica assinada no ano de 1875 como aqueles em que chegaram ao Rio Grande do Sul os primeiros colonos italianos. Na fala, à Assembleia Legislativa da Província do Rio Grande do Sul, em março de 1871, o Presidente já fazia referência expressa às colônias Dona Isabela e Conde D’Eu, localizadas então no município de Triunfo-RS, a qual circunscrição territorial pertenciam.

Verdade é que só em fevereiro de 1875 embarcaram para o Império de Imigrantes milaneses, lombardos e tiroleses e trentinos em maior número beluneses, com destino “às terras devolutas do antigo Porto dos Guimarães, nos fundos da nova Palmira, pertencentes ao município de São Sebastião do Caí, estendendo-se até a divisa da Paróquia de Nossa Senhora de Oliveira, município de Vacaria”.
A partir de meados do século 19, as correntes imigratórias, de origem italiana, por densas vagas, viriam povoar a encosta da Serra e as regiões do Planalto Médio.

Até medos do século 19, somente vinte e dois mil imigrantes alemães haviam chegado no Rio Grande do Sul, ao passo que, em pouco menos de vinte e cinco anos, mais de sessenta e oito mil imigrantes italianos aqui vieram localizar-se não só nas cidades e núcleos que fundaram, como Caxias, Garibaldi, Bento Gonçalves, Veranópolis, Antônio Prado, Encantado, Flores da Cunha, Farroupilha, Guaporé e Nova Prata, mas em todas as regiões do estado.