Tendo o violão como seu fiel companheiro, desde cedo, Diego Goldas já tinha o gosto apurado pela música. O gaúcho, nascido em Pantano Grande e criado em Veranópolis sempre apreciou a arte: aos 15 anos teve um contato mais íntimo com a música, influenciado por artistas como Legião Urbana, Beatles, Los Hermanos, Johnny Cash e Cazuza e viu a possibilidade de transcender. Atualmente, morando em São Paulo, Goldas organiza a sua rotina de trabalho, com apoio da família, e claro, o prazer em fazer o que gosta.
Mas a história de Goldas iniciou em Veranópolis, quando ainda ensinava alunos de educação infantil nas disciplinas de musicalização em escolas municipais e se apresentava em barzinhos da cidade. O jovem, que cursava a faculdade de história, viu o quão difícil era sobreviver de música, principalmente no interior, devido a escassez de locais onde pudesse se apresentar. “Tudo acaba sendo mais difícil, ainda mais pra quem compõe. Não há muito público para música autoral”, ressalta.
Após longas tentativas de emplacar o seu trabalho na Serra, Goldas resolveu alçar voos mais altos: saiu da terra da longevidade, para se apresentar em Santa Catarina. No entanto, o destino acabou levando-o para outro canto do país. “Nunca pensei em São Paulo, nem pra visitar e, muito menos morar. Acho que no interior se cria uma imagem bem distante da realidade quando se trata de uma metrópole. Sempre quis ir pra Porto Alegre, mas o destino me jogou para outro lado. Fui tocar em Santa Catarina e fiz amizade com um pessoal de São Paulo. Pouco tempo depois já estava morando aqui”, conta.
Ao longo dos quatro anos morando em terras paulistas, Goldas vivenciou momentos marcantes, entre eles, em 2013, com a oportunidade de cantar com Alceu Valença, seu ídolo, em pleno calçadão da Avenida Paulista. Em 2014, o gaúcho participou da primeira temporada de “O Som de SP”, que foi divulgado pelo “ShowLivre”. Em 2015 gravou seu primeiro disco, intitulado “Rumores de Epílogo”, que, segundo ele, serviu de experimento para conhecer os gostos das pessoas. “Vendia os discos na rua e consegui um bom retorno. Uma das canções do disco, chamada “Império Flutuante”, foi escolhida pra ser trilha sonora de um curta-metragem chamado “O Fim”, de Vinícios de Moura Gabriel, mas ainda não foi lançado”, conta. Em 2017, participou do documentário “Buscando Buskers”, com direção de Edu Felistoque pelo canal “Sony”. Apresentou-se em Minas Gerais com a cantora Roberta Campos. Participou da gravação do programa “Peixe barrigudo” e fez sua primeira aparição na 13º edição da “Virada Cultural”.
Questionado ao fazer uma comparação entre grandes metrópoles e as cidades interioranas do Sul do país, Goldas afirma que é difícil, principalmente, porque na capital paulista, há uma enorme miscigenação cultural, enquanto em cidades do interior do Rio Grande do Sul é algo totalmente restrito. “Eu vi música na rua pela primeira vez aqui em São Paulo. Foi a partir daí que resolvi fazer isso, sem precisar me submeter a entrar no esquema dos bares, onde, na maioria das vezes, o artista se enquadra pra sobreviver”, comenta. Goldas ressalta que se apresentar nas ruas gera um sentimento de liberdade. “Na rua se canta o que quer, sem se preocupar com tempo ou repertório”, garante.
Goldas diz que a música de rua em São Paulo começou a ser valorizada há pouco tempo. A população passou a entender que é uma expressão natural. “É uma reeducação cultural. Leva tempo, mas sou muito bem tratado aqui. Quem gosta para, abraça, contribui. Quem não gosta, passa direto”, afirma. Indagado pela questão da violência de São Paulo, Goldas garante que não sente medo. “Me amedronta viver uma vida sem ter a total certeza de que fiz tudo o que podia pra ser feliz. Sentia muito a necessidade de sair do interior e me aventurar em alguma metrópole”, enfatiza. “O tamanho de São Paulo é equivalente ao tamanho do amor das pessoas daqui”, declara.
O jovem ainda ressalta que arte deve ter um papel fundamental na vida das pessoas, independente de retorno financeiro. “Aqui todo mundo contribui. Quem não tem dinheiro bate um papo, dá um abraço e tá tudo certo. As pessoas aceitam muito bem a arte na rua por aqui”, enfatiza.
Para o futuro, Goldas pretende lançar seu segundo disco, no entanto, busca aporte financeiro para a produção do material. A previsão é de que o álbum saia em 2018. “Tenho as músicas do segundo disco prontas. Estão bem mais maduras. Estou tentando uma ajuda do governo de São Paulo para lançar, mas ainda tem muito chão”, garante.