O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, assinou na sexta-feira, 22, a portaria que estabelece o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) instaurada em fevereiro de 2020 por conta da covid-19. As decisões regularizadas pelo documento entram em vigor 30 dias após a sua publicação no Diário Oficial da União.

Na manhã da última segunda-feira, 18, em entrevista coletiva, Queiroga divulgou que o Brasil já possui as condições necessárias para decretar o fim da Espin. Dentre os argumentos apresentados para sustentar a mudança, estão a melhora do cenário epidemiológico, a alta cobertura vacinal e a capacidade de resposta e assistência do Sistema Unico de Saúde (SUS).

A infectologista do Hospital Geral, Viviane Raquel Buffon, afirma que é possível dizer que atualmente, vive-se o momento mais brando da pandemia. “Estamos observando uma redução significativa do número de casos de pacientes com covid-19”, salienta.

Segundo a médica, com o fim da Emergência em Saúde no Brasil, se coloca em uma situação de menor observação e cuidado em relação aos atendimentos e aos serviços disponibilizados para atendimento de pacientes com coronavírus. Ela afirma, ainda, que a decisão divulgada pelo Ministério da Saúde pode ser pensada pela diminuição considerável dos positivados. “Mas o importante é a gente fazer uma análise da condição mundial dos casos e verificar se existe alguma chance ainda de ter um ressurgimento do número. Havendo essa possibilidade, temos que ter um certo cuidado em relação à finalização (da Espin), tendo em vista que a gente pode, ainda, necessitar de recursos públicos para atendimento de pessoas”, explica.

De pandemia para endemia

De acordo com Viviane, para o coronavírus ser considerado uma doença endêmica, é necessário, acima de tudo, um parecer da Organização Mundial da Saúde, decretando o fim da pandemia. “A partir dali, deve ser feita uma avaliação em cada região, em cada local, pelo quantitativo de casos. Sendo que ainda não é o momento para decretar o fim, mas sim aguardar o posicionamento da OMS”, reitera.

Covid-19 se agrava no inverno?

Para a infectologista, nos dois últimos anos com a presença do coronavírus, o que se percebeu é que não houve diferença significativa em número de casos relacionados às temperaturas, seja no frio ou calor. “Acredito que esse não é o fator mais importante. Em relação ao inverno, temos que pensar, especialmente na nossa região, sobre as outras infecções virais que acometem o sistema respiratório, como os casos de influenza B e A, e os casos de vírus sincicial respiratório, principalmente em crianças, provocando casos de bronquiolite e necessidade de internação hospitalar”, conclui.

Propostas de mudança

Ainda na coletiva de imprensa da última segunda-feira, 18, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, mostrou ações já feitas para flexibilização de medidas diante da nova realidade do cenário epidemiológico e apresentou propostas enviadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):
• Manutenção de Autorização de Uso Emergencial de insumos utilizados no Enfrentamento a COVID-19;
• Priorização na análise de solicitações de registro de insumos utilizados no Enfrentamento a Pandemia;
• Manutenção de testagem rápidas nas farmácias.

Foto: Antonio Cruz, Agência Brasil