Orlando Orphei, o rei do circo, morreu esses dias. Na minha vida foram inúmeros espetáculos dos circos do Orlando que assisti. Palhaços, malabaristas, leões, tigres, macacos, elefantes. Não gostava muito de ver os animais presos em jaulas e nem adestrados em exibição dentro do picadeiro. Impregnou-se em mim a ideia de não gostar de circo, suportava, por causa das crianças, mas não gostava. Quando o circo Tihany aportou no Iguatemi de Caxias, onde ainda está, olhei para meus botões e lá me veio a lembrança da Loja Thiany, da Pousada Thiany e de algumas apresentações de caravanas do circo no Domingão do Faustão. Mais movido pela curiosidade e pela vontade de levar as crianças, lá fomos nós. Custou caro mas valeu cada centavo. O Tihany não é um circo, tem características mas não é. É um espetáculo artístico-cultural que tem tudo que “o diabo gosta”, como diria meu avô. Belíssimas e esculturais mulheres, rapazes atraentes e musculosos, efeitos especiais fantásticos, malabaristas incríveis, um palhaço fantástico – dono do espetáculo – e um mágico estupendo que desafiou e continua desafiando a minha inteligência. O Hall de entrada do circo já impressiona, é um ambiente que imita, ou que se assemelha, ao Hall dos transatlânticos, recepcionistas engalanados, as dependências confortáveis e seguras. Me deleitei, o Tihany me encantou, festejei, nada de animais, só entretenimento e cultura. Vá vê-lo, você e seus filhos vão se encantar, principalmente com o que aquelas chinesinhas fazem no palco e com o espetáculo de encerramento. O Tihany não é brasileiro, é internacional, corre a encantar o mundo. Ao olhar aqueles artistas eu vi até onde vai o limite da superação humana, até onde o talento se sobrepõe à mediocridade. E na figura do palhaço eu me encontrei, porque sou, ou somos, um palhaço diante da corrupção e da roubalheira que acontece neste país. Vai demorar para o Tihany sair da minha cabeça. E se você der uma circulada pelo shopping depois, não se surpreenda de encontrar meio Bento por lá, e nem com a qualidade de atendimento de balconistas. E saiba que, por aqui, o Sindicato dos Comerciários e Sindicato dos Comerciantes quebraram os pratos na negociação do dissídio. Os comerciários querem benesses, vantagens, qualificação da mão de obra do comércio. Bem, isso é coisa para se ver mais, muito mais em Caxias do que em Bento. Paira por aqui, e desencanta, o cirquinho da contracultura.

O PENSAMENTO

Ouço aqui, ouço acolá, sobre as vontades que o Prefeito tem. Ele gostaria de iluminar o acesso a Bento, como Garibaldi iluminou a rodovia do trevo de acesso, que tem ares de passarela do sambódromo do Rio de Janeiro. Gostaria também o Prefeito de deitar asfalto na parte de Bento que conduz a Tamandaré, a Prefeitura de Garibaldi asfaltou até o limite Tamandaré – Bento. Gostaria também o Prefeito de asfaltar a ligação Barracão – Bairro Fátima, importante via alternativa de acesso a Bento, evitando o acesso pelo Villa Nova. Aí eu fico pensando aqui com meus botões (sempre eles!): o Prefeito pensar é chegar próximo ao “penso, logo faço”. Mas, em se tratando de Bento, o pensamento é “penso, logo faço, quando o dinheiro aparecer”. Continuando a olhar para os meus botões, me apego a uma indagação de foro íntimo: e as minhas vontades, quando será que o Prefeito vai poder satisfazê-las? Quero que a Fundaparque não me envergonhe mais, quero um parque público, quero banheiro na praça São Bento, quero um lar competente que abrigue crianças e jovens oprimidos pelos maus tratos, pelo bullying, pela opressão psicológica dos pais, quero ônibus de transporte coletivo circular, quero que paguem as dívidas da Fenavinho e ela retorne, com vigor, quero que o CIC construa sua sede própria, alta, bela, majestosa, eficiente. Prefeito, misture minhas vontades às suas e, quando tiver dinheiro, atenda. Bem, os meus botões, eles querem falar mais. Assaltaram o Banrisul da Cidade Alta inúmeras vezes e ninguém pegou os ladrões. Quem sabe, diante da impunidade, vamos pensar nisso um pouco mais além? Aí faremos as obras e seremos tão impunes quanto os ladrões da República. Falei bobagem, não é? Tá bem, vou usar uma camisa sem botão.

CIDADE INTELIGENTE

Edward Glaeser, da Universidade de Harward, (reputado estudioso em questões urbanas), define como cidade inteligente aquela que “propicia para as pessoas um ambiente favorável para serem mais produtivas e criativas. Para enfrentar, por exemplo, complicações de trânsito e criminalidade, usa-se a tecnologia”. Outro conceito define como inteligentes “cidades que formam e atraem pessoas inteligentes”. Entre as 50 cidades mais inteligentes do Brasil, Rio de Janeiro é a primeira e Porto Alegre está em nono lugar, do RS é só. Entre as 15 cidades para melhor se viver no Estado, estão Carlos Barbosa e Garibaldi. Bento está fora da lista, pudera, como vamos estar nela se nem um parque público temos? Bem, vou parar, troquei a camisa por uma sem botões.
Em tempo: eu queria ter sido o técnico do Inter na partida contra aquele “Tigrinho”, não teria perdido. E agora, sem Aguirre, renovei esperanças. Se D’alle recolher a língua, tirar as mãos da cintura, esquecer o juiz e jogar futebol, talvez ganhemos o Gre-nal. Quero ganhar deles XAXAmento!