O dia 17 de novembro é considerado o Dia Mundial da Prematuridade. Para fazer a data permanecer em campanhas que duram todo o mês, é comemorado o Novembro Roxo. A coordenadora médica das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) Neonatal e Pediátrica, Simone Caldeira Silva, afirma que a cor foi escolhida porque simboliza sensibilidade e individualidade, características dos bebês prematuros.

Segundo ela, o foco da campanha de 2021 é a separação zero entre mãe e bebê, estimulando a presença dos pais no tratamento. “No Brasil, cerca de 11,8% dos nascimentos são de bebês prematuros. A prematuridade é a principal causa de óbitos em crianças abaixo de cinco anos de vida”, explica a médica.

Um bebê pode ser considerado prematuro quando nasce com menos de 37 semanas de gestação. “Sendo prematuros precoces aqueles nascidos com menos de 34 semanas, tardios entre 34 e 37 semanas e prematuro extremo os com aqueles abaixo de 27 semanas. As complicações mais graves são a hemorragia ventricular, displasia pulmonar e alteração de formação de retina, podendo evoluir com sequelas neurológicas, oftalmológicas ou pulmonares. Quanto mais prematuro o bebê, maior o risco de complicações”, realça.

Simone pontua que alguns fatores específicos estão associados à prematuridade. “Destacando-se idade materna menor que 20 anos ou maior que 40; antecedente de parto pré-termo; gestação gemelar; sangramento vaginal no 2º trimestre de gestação; aumento da atividade uterina antes da 29ª semana de gestação; hábito de fumar; estado nutricional; alteração de peso inadequado da mãe; infecções do trato urinário; exposição a substâncias tóxicas e ausência de pré-natal ou número reduzido de consultas. O pré-natal adequado é o principal fator para prevenção da prematuridade, pois muitos fatores de risco podem ser corrigidos neste período”, garante.

Com o passar do tempo, a profissional afirma que os avanços tecnológicos começaram a propiciar o aumento da sobrevida de prematuros com idade gestacional e peso cada vez menores. “As complicações mais graves dos prematuros, entretanto, são um desafio não só para os neonatologistas, pediatras especialistas em recém-nascidos, como para todos os profissionais envolvidos no cuidado desses bebês”, revela.

A pediatra sublinha que a análise das práticas assistenciais mostra importantes diferenças nas condutas obstétricas, com maior uso de estratégias para proteger as gestantes e o feto. “Uma delas foi o aumento do uso de corticoide, que protege pulmão e cérebro dos fetos. Entre as práticas neonatais, tem havido menor número de intubação na sala de parto e maior uso de surfactante nas primeiras horas de vida, ambas relacionadas à menor morbidade”, salienta.

Aleitamento materno

O Hospital do Tacchini tem estimulado as políticas recomendadas pelo Ministério da Saúde no tratamento dos prematuros, principalmente o aleitamento materno. “A partir de maio de 2021, contamos o Banco de leite AMA Tacchini, que incentiva mães a retirarem o seu leite para que seja oferecido aos seus bebês prematuros assim que tiver condições de receber, cru ou pasteurizado. Caso a mãe não tenha leite ou seja de fora, com dificuldades para amamentar o mesmo, irá receber leite materno pasteurizado de doadora. Hoje 100% dos nossos bebês em UTI Neonatal recebem leite materno”, realça Simone.

A profissional também sustenta que o sucesso do tratamento de um prematuro não é determinado apenas pela sua sobrevida. “Mas também pela qualidade de vida que ele terá com sua família e pela construção de vínculos que irão garantir isso. Nesse contexto, o atendimento individualizado e centrado no paciente, nas suas reações fisiológicas e no comportamento favorece a organização e a integração do sistema neurossensorial, melhorando o seu desenvolvimento”, menciona.

Incluir os pais no dia a dia do bebe também é essencial. “A inserção da família nos cuidados é de fundamental importância para a garantia do vínculo e do aleitamento e para a formação da rede de apoio tão necessária para o suporte dos prematuros”, conclui.

Método canguru

A coordenadora da UTI Neonatal do Tacchini ressalta que não se pode deixar de citar o método canguru, uma das políticas instituída pelo Ministério da Saúde no contexto da humanização da assistência ao recém-nascido, cujos pilares são:

● Acolhimento ao bebê e sua família;
● Respeito às individualidades;
● Promoção de vínculo;
● Envolvimento dos pais nos cuidados;
● Estímulo e suporte ao aleitamento materno;
● Construção de redes de suporte.

Foto: Alexandre Brusa