Na última semana, mais quatro empreendimentos foram certificados. Apoio da Emater/RS-Ascar, Secretaria de Agricultura e Vigilância Sanitária é fundamental para a concretização
Na Capital Nacional do Vinho, incentivar as agroindústrias familiares é uma das prioridades para o crescimento de diversos agricultores. Ao todo, 42 produtores estão incluídos no Programa Estadual de Agroindústrias Familiares, deixando Bento Gonçalves em primeiro lugar neste quesito e qualificando o município com o status de Capital Gaúcha das Agroindústrias.
De acordo com o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Neiton Perufo, a entidade, junto à Secretaria de Agricultura e Vigilância Sanitária, concretizam a etapa de legalização das agroindústrias, realizando o encaminhamento final de registro. “Temos o programa estadual e o municipal, onde trabalhamos para registrar de maneira correta estes estabelecimentos. É uma etapa longa e quando concluímos este trabalho, com a parceria do Sicredi, entregamos as placas que simbolizam a união com o produtor. Para nós e para eles é uma conquista”, destaca.
Conforme Perufo, o registro tem uma importância muito significativa. “Mostra que somos parceiros das agroindústrias, dando o apoio e suporte que for necessário. Isso é fundamental, tanto para a Emater, como para a prefeitura. Realizamos todo o encaminhamento e cadastro ao programa estadual e municipal de agroindústria familiar, tramitando em todas as obrigações legais do estabelecimento”, frisa.
Bento Gonçalves tem o maior número de agroindústrias familiares registradas no programa estadual, o PEAF. “Comparado a outras cidades do estado que estão dentro, o município se destaca. São 42 agroindústrias registradas em diversos segmentos, como farináceos, doces, geleias, caramelados, sucos, vinhos, destilados, minimamente processados. É uma diversidade de coisas. Para nós é motivacional, vemos que está dando certa essa parceria, que só vem a contribuir com o agricultor para que ele tenha mais uma fonte de renda”, ressalta o extensionista.
Para o agricultor que tiver interesse em realizar este registro, Perufo orienta a procura pelas entidades parceiras. “Para que possamos dar as orientações desde a base, como ajustes nas estruturas sanitárias, ou a questão burocrática e documental, que é muito trabalhosa. Até, inclusive, na comercialização e participação das feiras. Através do programa estadual e municipal, os agricultores tem uma série de benefícios. É uma oportunidade para o agricultor que quer inovar e se manter na propriedade, agregando valor a sua produção e tendo uma outra renda”, diz.
Ainda, embora Bento Gonçalves tenha muitas agroindústrias registradas, há uma margem grande para crescer em seguimentos que ainda não foram iniciados, mas que existe uma demanda no município. “A área de embutidos, como salames, linguiças, copa e derivados do suíno, não temos nenhum. Laticínios também, como iogurte, leite, queijo. Da mesma forma de mel ou derivados de cana de açúcar, que não há agroindústrias registradas. Há vários outros segmentos que podem ser contemplados, ou seja, temos oportunidades de negócios na área de alimentos, onde ainda não tivemos demanda por parte do produtor em efetivar um novo negócio”, afirma Perufo.
Auxílio do sindicato
Outra instituição que ajuda de perto os produtores é o Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza. É através dele que é oferecido diversos benefícios às agroindústrias. “Auxiliamos principalmente nas feiras que acontecem a nível estadual e federal na questão da organização, suporte, às vezes até os alojamentos”, garante o presidente, Cedenir Postal.
Segundo Cedenir, há pouco tempo alguns empreendimentos de Bento Gonçalves estiveram em Brasília, na Expotchê. “Mas também há pessoas do município que participam da Expointer, Expoagro Afubra, Expodireto Cotrijal, Fenadoce e ExpoBento. Sempre tem alguém dos sindicados ou da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), nestes eventos, fornecendo sacolas, a estrutura, fazendo a inscrição, a emissão da Declaração de Aptidão (DAP), entre outras coisas”, completa.
Ele afirma que é importante os produtores realizarem o registro de seus estabelecimentos. “É necessário para as agroindústrias participarem das feiras, principalmente as estaduais, tem que estar no inscritas no programa. Por exemplo, as que trabalharem com produtos de origem animal, mas tiverem somente o serviço de inspeção municipal, só podem vender no município”, finaliza.
Agroindústrias recém registradas
Na última semana, quatro agroindústrias familiares receberam as placas indicativas da certificação no programa Estadual e Municipal de agricultura familiar. A Vinícola Crisbert, a Cantina Nono Natal, a Destilaria Cantelli e a PeCantelli passam a integrar o rol de empreendimentos certificados na cidade.
O representante do Sicredi, Marcelo Bettoni, ressalta o apoio da instituição na confecção das placas. “Somos um elo de apoio que quer ver os municípios e a região prosperando. Por isso, temos elencadas formas de ajuda, seja na formação, nas feiras e participações. Essa placa é simbólica, mas demonstra nosso apoio para o empreendimento e sinaliza que podemos trabalhar juntos. Pequenas ações que buscam desenvolver as comunidades”, salienta.
Localizada em Tuiuty, a Cantina Nono Natal é uma das agroindústrias que obteve a conquista. É um empreendimento incentivado pela produção de vinhos coloniais realizada pelo avô. O produtor Rudimar Fracalossi destaca sobre os benefícios do registro. “É muito importante para a divulgação de nosso produto e também faz parte da formalização do nosso negócio. Através deste programa nós podemos participar de feiras e eventos”, conta.
Para ele, estar certificado trará uma boa ampliação para seu agronegócio, ficando mais visível para o público a qualidade de sua produção. Além disso, Fracalossi almeja mudanças promissoras. “Conquistar o maior número de clientes possível e a satisfação dos mesmos ao adquirir os produtos por nós oferecidos. E estar sempre buscando mais qualidade aos vinhos e satisfação de quem nos procura”, complementa.
Proprietário da Vinícola Crisbert, localizada em Faria Lemos, Jalir Christófoli destacou que a vinícola estava com as atividades paralisadas, e com o programa constatou a oportunidade de retomar a produção. “Para nós, foi um grande passo, como estávamos desativados, e agora com esse incentivo voltamos a produzir e comercializar”, destaca.
A primeira destilaria de grappa a receber o selo, a Destilaria Cantelli está localizada no distrito de São Pedro. “O registro permite a comercialização dos produtos para outras localidades e a participação em feiras. Agradecemos o auxílio dos órgãos da prefeitura que nos apoiaram desde o início do processo, há três anos, e agora estamos concluindo com chave de ouro”, destaca Sérgio Cantelli.
Além disso, de acordo com o produtor de destilados, a parceria auxilia, principalmente, os empreendimentos do interior que têm pouca produção. “Ajudam na parte de legislação, meio ambiente e tudo mais, no qual nos explicaram qual a maneira certa de se fazer. Se fossemos contratar um profissional por fora, o valor seria alto e não seria possível de concretizar essa conquista”, destaca Sérgio Cantelli.
Também de São Pedro e com um produto diferenciado e único no Município, a PeCantelli produz nozes in natura selecionadas, descascadas e embaladas a vácuo. O proprietário, Rene Cantelli menciona que o apoio é fundamental para conseguir a autorização de processamento, dentro das normas. “A Emater, a Secretaria de Agricultura e a Vigilância Sanitária nos deram todo o auxílio que precisamos, desde o começo. Acompanhando desde a construção do espaço até as normas de higiene e boa prática”, revela.
O produtor de nozes explica um pouco sobre como tudo melhora após a certificação. “Depois você está apto a comercializar. Pois com esse registro o comerciante sabe que está tudo certo com a agroindústria. Também, através dos dois selos Sabor de Bento e Sabor Gaúcho, nossas portas se abrem para o mercado”, acrescenta.
Fotos: Cláudia Debona